Dizem que é fibromialgia; bom, o que sei é que venho sentindo dores demais. Demasiado. (Queria escrever esta palavra, legal, né?). No começo eram devido ao rituximab, disseram. Ah, como é
que se vai saber?
Porém, com isso tive que olhar pra mim mesma e resolvi, assim, iniciar uma psicoterapia. É muito bom quando paramos pra olhar para nós mesmos... Sou muito alegre, mantenho a casa sempre cheia, movimento os meus dias e, mesmo na cama, estou sempre ocupada – vejam só, a psiquiatra negligenciando o olhar lá pra dentro!! Fazendo isto agora, tantas coisas guardadas...
Não falei da época em que estive mais grave, com intensas dores, sem me mexer, sem respirar direito, incontáveis passeios ao CTI; tá certo que escrevi bastante, sobre as fraldas e tudo o mais, foi meu jeito de lidar com a situação, com um palm topzinho que a Flávia me emprestou; digitava uma letra e descansava, era assim. Olhando ainda um pouco mais pra trás, as dores do casamento acabado – de que afinal não cheguei a falar com ninguém, adoeci e isto na época ficou menos importante, menos urgente... Às vezes a gente acha que dá conta de tudo, não é mesmo?!
Agora pensem bem, quer dizer, não precisa nem pensar muito: de onde é que poderiam vir estas dores?
Tudo, tudo, de algum jeito tem que sair, isto é certo!!
MAS PRA QUE FOI QUE FALEI TUDO ISSO???
É porque fiquei pensando na transcendência, na leveza de alma e de espírito, na maneira “certa” de
processar os acontecimentos da vida, sejam eles tristes ou alegres; gente, é claro que a gente tem que falar
deles!!!
Dividir a alegria, doá-la, é uma missão, até.
Por outro lado, compartilhar a dificuldade com alguém é um dever para conosco mesmos, uma forma de manter a saúde. Garanto que o outro escolhido para isso se sentirá gratificado, até lisonjeado, tanto por ter sido escolhido quanto por poder ajudar; porque ouvir – apenas ouvir – não deixa de ser uma das formas de ajudar!! Da minha parte, sinto-me assim. Também, não tem melindres para procurar um profissional pra isso – faço sem problemas.
O Murilo veio aqui esses dias, pra olhar o Fofo, nosso canarinho. Ele é veterinário, mas na verdade trabalha
com Reiki, e com gente; sabe aquelas pessoas sensitivas, iluminadas, que estão aqui pra poder ajudar as outras? Pois é. Sentiu minha ansiedade, e a do Fofo também; sentiu minha dor nas costas, e a do Fofo também... Dá pra acreditar??? Os animais de estimação parecem compartilhar os sentimentos e o humor de seus “donos”, dizem ser uma das missões destes pequeninos.
Conversamos então sobre a transcendência, a energia da alegria, o compromisso de presentear o próximo com ela. Deixar transbordar o copo. E enquanto ele fazia Reiki em mim (não ia perder a oportunidade, né?!), veio-me a idéia de escrever sobre este assunto. A transcendência... Sinceramente, não tenho sequer noção do que poderei escrever - enfim, vamos em frente...
Lembrei-me de duas coisas: de um livro do Pietro Ubaldi e de uma poesia em forma de prosa, que é mister colocar aqui.
Vamos começar assim: pensando nesta mesa sobre a qual estou digitando neste momento; matéria que é feita de quê? De átomos, não é mesmo?
Pois bem, passemos a visualizar, a seguir, este átomo: um núcleo, com prótons e nêutrons, rodeado de elétrons.
Só tem espaço vazio, não
é mesmo?
Elétrons girando em torno de um
quase nada...
Juntando espaço vazio com espaço vazio, o que é que dá???!!!!!
Ou seja, esta mesa – um acúmulo, ou uma aglomeração de átomos, organizados é claro - na verdade não existe, é quase que uma ilusão (se eu não a estivesse palpando neste momento!).
Pois bem: Pietro Ubaldi falava da respiração do universo, como expansão e contração de uma mesma substância...
Tomo agora uma espiral, para explicar melhor o que queria dizer:
Falava do espaço-matéria, da Beta-energia e da substância alfa; do espaço-substância, da energia-substância e do pensamento-substância, respectivamente – todos, diferentes aspectos da mesma substância (dependendo dos graus de expansão e contração da mesma), fazendo assim uma contraposição entre espírito e matéria.
Bom, dizia da evolução do ser, pois acreditava, vamos simplificar assim, na “queda dos anjos”, o anjo que caído do céu (por um ato ou pensamento equivocado, vulgo pecado) virou matéria, corpo físico, como o nosso; e que a partir daí recomeçaria sua própria evolução até o retorno à forma de espírito ou pensamento somente...
Parece complicado, mas é tudo muito simples, na verdade. Independente das crenças de cada um, sejam católicos, espíritas, protestantes, budistas, etc, o fato é que (assim creio eu) todos acreditamos no ideal da evolução do ser, de uma forma ou de outra, não é mesmo?
Afinal, estamos aqui para quê? Espíritos “presos” neste corpo físico até, um dia, o inevitável encontro com a morte. A partir daí, ninguém sabe ao certo.
A meu ver vivemos, entretanto, para nos superarmos a nós mesmos enquanto seres humanos, seres de vivência interna e de con-vivência. Criados pelo Amor e para o amor, em suas diversas formas e todas as suas nuances, dada a individualidade de cada qual. Todos feitos de uma mesma substância que, reunida, forma uma só: Deus!!
Daí o com-partilhar das vivências, da alegria, da tristeza, da ansiedade; daí a amizade, a família, a comunidade, o bem comum, o bem viver... Aqui estamos para transcender; com a energia do corpo, presentear o espírito – o nosso e o alheio.
As dores, desta forma, vão-se transformando em algo cada vez mais leve, enquanto atinge um estado de saúde, de leveza de alma - enquanto alcança a maneira “certa” de processar os acontecimentos da vida...
Para finalizar, gostaria de presenteá-los com algo precioso, como forma de lhes dedicar todo o meu amor:
(Re)citando Frei Cláudio, em seu livro TRANSBORDAR, profunda leitura que recomendo a todos:
“Reconhece-te carne e osso da humana dignidade revestida de limitações e virtudes, o que te possibilita sentir o amor de Deus em tudo o que és e fazes. Dessa forma, sê portador de uma paz interior com boa atração, ajudando outros a beber de uma fonte benfazeja. Experimenta Deus como alguém que te ama em tua fragilidade com grande compaixão. Descobre-te a ti mesmo, move-te em tua identidade; desenvolve teu auto-respeito e cuida bem de tua realização. Sê uma pessoa de fé, aproveita as oportunidades, aprende de toda experiência e não sejas responsável demais. Faze a teu próximo o que podes esperar para ti mesmo.
Vive de coração aberto e acolhe solidário os que de ti se aproximam. Considera-os oferta divina para ti.
Sê tolerante para com todos que se mostram agressivos, aprende a criar boas amizades e te mostra feliz na partilha. Cuida de teu bem estar, releva tuas fraquezas, confia nas próprias energias e nunca te julgues salvador de quem quer que seja. Não deixes de amar um conto de fada, uma música, uma
poesia, uma obra de arte, uma prece. Respeita os mais sofridos. Tece e curte bons encontros. A melhor maneira de honrar teu existir neste mundo é dispor-te para, de forma gratificante, gozar de boas amizades. Só isto. Tudo isto. Vive no amor e floresce em um clima de alegre jocosidade. Para abrir a porta da vida e da felicidade, não é preciso perder-te em negações com severidade. Reflete o jogo alegre de amantes que se divertem e abraçam, alegrando-se no prazer de conviver. No desempenho de afazeres, evita cansaço, pressa e solidão; resolve ou torna suportáveis os problemas de teu ir e vir. Amplia a visão, supera preconceitos e não sejas prisioneiro do egoísmo.
Agarra-te a teu próprio núcleo, enfrenta situações desafiantes e cultiva um processo contínuo de crescimento interior. Evoluir é a lei. Procura ir além. Visita, de vez em quando, um lugar desconhecido, empreende algo diferente ou de risco e partilha uma dor. Admira as maravilhas da natureza, cresce na arte de curtir a cultura e saboreia as conquistas da história. Foge de todo apego e confirma-te na individualidade sem negligenciar tua pertença ao todo, a fim de não pesares na convivência.
Em paz contigo, leve-a para outros. Enfim, extrai de cada dia o que tem para oferecer. Assim, farás Deus reinar e poderás experimentar, em tudo, a gratuidade de dádiva. No esforço de transcender-te, faze que teu corpo seja a harpa de tua alma.”
Um grande abraço.
Paulinha.
11/05/10
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