I Coríntios, 9:20-23
E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei.
Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele.
Meu irmão viajou para o Chile e eu, talvez de saudade, acabei sonhando em espanhol.
Não sei falar em espanhol, sei ler, mas estando hospitalizada, eu e meu pai acabamos criando o hábito de ouvir na TV o jornal nas mais variadas línguas, um dia em espanhol, outro em italiano, outro no português de Portugal, outro ainda em francês. Só mesmo ao alemão é que não dá para o ouvido se acostumar, mesmo se tentar bastante. Enfim, o ouvido acaba se deixando impressionar e a gente até entende alguma coisa.
Fiquei diante das notícias do papa, do que faleceu e do que o substituiu, e pensando no punhado de línguas que eles falam. São muitas. Assim fazem se entender em diversos países e culturas. Fiquei pensando no estrangeiro, tentando se comunicar em país estranho, em língua estranha, cultura estranha. Uma dificuldade.
Ocorreu-me em seguida o fenômeno que, usualmente parece, acontece nas igrejas pentecostais e neopentecostais e que não sei bem caracterizar, mas que se caracteriza pelo “falar em línguas”, manifestação do Espírito. Fala-se em hebraico, aramaico, pelo que me disseram, coisas ininterpretáveis. Não sei ao certo, este fenômeno não me é familiar. Sei que se trata de um dom espiritual.
Resolvi então abrir em I Coríntios e ler um pouco sobre os dons espirituais, especialmente sobre aquele de falar em línguas. No capítulo 14, 9 a 11, Paulo nos diz: “Assim vós, se, com a língua, não disserdes palavra compreensível, como se entenderá o que dizeis ? Porque estareis como se falásseis ao ar. Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo, nenhum deles, contudo, sem sentido. Se eu, pois, ignorar a significação da voz, serei estrangeiro para aquele que fala e ele, estrangeiro para mim”.
Pois bem. E temos nossa responsabilidade cristã da pregação, de falar do amor desse Pai misericordioso e trazer esperança, consolo, edificando e exortando. Sem mandar quem está ouvindo embora, criando resistências e antipatias que mais tarde só farão prejudicar o entendimento dadivoso disso que é o amor incomparável que só o Senhor nos proporciona.
Então, em nosso próprio e reles portuguezinho, que tantas vezes deixa tanto a desejar, fiquei pensando que poderíamos também falar em “línguas” diversas.
Imaginem se fôssemos dar uma palestra para jovens da idade do Sr. Venésio, utilizando a
linguagem do Pablo ou da Carol. Assim por diante, imaginemos em que “língua” deveríamos falar para uma platéia de analfabetos ou de drogaditos, ou de eruditos. Ou, ainda, para pessoas de uma denominação cristã diferente da nossa. Ou se o ouvinte fosse de uma outra religião, que não tivesse a referência cristã … E se a platéia fosse uma turma de ateus ?
Se a gente só fala na própria língua, sem sair um pouquinho de si para chegar ao outro, na referência dele, talvez a gente acabe é não se comunicando. E, se bobear, mesmo assim acha que está pregando.
Resolvi então propor a revolução do conceito de falar em línguas. E orar e pedir que o Santo Espírito de Deus possa ter em nós esta forma de manifestação, este dom de falar em línguas, na língua e na referência de quem ouve, para que nos façamos entender, para que também possamos ouvir e dialogar. E fazer a nossa parte como os cristãos responsáveis e sensatos que somos.
Assim diz Paulo, ainda no capítulo 14, 18 e 19: “Dou graças a Deus porque falo em outras línguas mais do que todos vós. Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua”. E, ainda, e mais importante: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver Amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine”. (I Cor 13, 1)
Lembrando que o AMOR e o EXEMPLO são línguas muito mais universais do que qualquer Esperanto.
Que o Senhor nos abençoe em mais esta esperança, e nos conceda os mais diversos dons, cada um conforme Lhe aprouver, na unidade orgânica que é nossa Igreja, e que saibamos fazer bom uso deles.
Graça e Paz a todos, no amor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Paulinha
29/ABR/05
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