sexta-feira, 7 de março de 2025

SENTIDOS

À procura.

Sentido da vida. 

Quem não?

Quem exatamente sou eu, e para quê estou aqui? Por que o passado, por que o presente e que será do futuro? Do nosso...

Acho que devo me perguntar o para quê e não o porquê.

Meus sentidos me guiam, me norteiam, por vezes me atrapalham. Temos 6 deles? Visão, audição, paladar, olfato, tato; e intuição - talvez o mais importante deles? Famoso sexto sentido.

Trazemos na alma uma sensibilidade, uma percepção mais apurada que somente ao nos conectarmos com o universo podemos sentir. Os outros sentidos são físicos; coisa que, acamada do jeito que estou, tendo a relevar um pouco, a transcender e buscar. 

Sentidos. Teríamos o sétimo, o oitavo? Com toda a certeza.

Deparo-me com um novo modo sentido de ser. Dividido. Venho sentindo. 

Pareço sorumbática? Sim, tem hora que sim.

Qual o sentido de tudo isso? Um mistério. Ninguém sabe ao certo responder. Quem tem fé tenta achar uma resposta, que sim, tudo teria um propósito e que talvez não o estejamos enxergando claramente naquelas circunstâncias. 

Verdade seja dita, quem é aquele que tem fé o tempo todo? Bem o quereríamos, bem o desejamos! 

Duvidamos, questionamos, e por que não? 

É isso um dos combustíveis para continuarmos.  

De nada temos – nem teremos – certeza, e isso é bom. Conduz a um próximo passo. Num outro plano, talvez, a alcancemos.

Tenho cá meus desejos; vontade de fazer as coisas, sim. No entanto, dependente. Tenho que pedir um copo d’água. 

Adapto-me, pois não sou quadrada, sou esférica; não sou geometria simplesmente, mas geometria espacial; ocupo espaço, sou corpo, tridimensional ou mais, consigo me deslocar para todos os lados, tenho inércia, aquilo que me faz me manter no mesmo movimento e sentido, gravidade em todos os sentidos, brincadeira também. Seriedade e risos.

Sou redonda como a Terra. Elíptica. Sou um Universo. Tenho um buraco negro que me suga em mim mesma; desfaço-me e me refaço. Estrela que morre cuja luz ainda se vê mesmo depois; estrela que nasce. Vida que se renova, juntamente com novas perguntas, novos arremedos de respostas.

Desejos frustrados. Baixar as expectativas? Alinhá-las.

“Fé é não ter certeza de nada e ainda assim acreditar em tudo que Deus possa vir a fazer por você.

É seguir o caminho que Ele traçar, sem retroagir, sem perder o foco, acreditando. 

É ver as portas abertas quando elas ainda estão fechadas.

É rasgar a alma e o coração, ofertando ao Divino Poder em crença e gratidão.

Acima de tudo, deixar o amor e a esperança germinarem no coração”.

Recebi de uma amiga.

Dizem que o que acontece externamente reflete o que vai por dentro. Esta fala me divide sobremaneira. Sinto-me culpada. Sou eu que estou causando tudo isso? Complicando tudo o que tem sido complicado? Que parte tenho nesse todo? Que parte o destino, que parte Deus, que parte o livre arbítrio, que parte o carma? Consequências do que plantei? A vida me parou? O que não estou aprendendo? Ou: o que estou aprendendo?

Então, se eu mudar o que vai dentro de mim, mudo o que está fora?  Em que sentido?

Acho que não apenas fisicamente.

Tenho uma alma, um espírito. Acredito que estou aqui para ser um instrumento; posso até não estar conseguindo, não estar conectada, sintonizada, harmônica, mas acredito realmente nisso. Para isso estaríamos todos neste plano.

De uma oração, “(...)creio que meu propósito final é Te expressar(...)”

É o que creio. Professo minha fé. Nem por isso, deixo de tê-la em muitos momentos.

Acredito também nas pessoas que não a têm e expressam o amor muito, muito mais verdadeira e intensamente do que muitos que professam uma delas.

Dogmas. Religião. Religiões. Gaiolas, como diria Rubem Alves.

Para mim, há o Amor e a vivência dele, independente do nome. Solidariedade, empatia etc.

Taí o sentido. Acho que achei.

Estou acamada. Tenho que pedir um copo d’água. Qual o sentido? 

Pois é. Vai muito além disso.

Eu que me vire para ser instrumento. O que faço com isso? O que estou fazendo com isso? O que tenho que fazer com isso?

Criatividade é pra essas coisas.

Ou: o que estou deixando de fazer com isso? Pergunto. Naquilo que depende exclusivamente de mim, poderia eu estar em outra situação? O que não estou enxergando? O que a vida está me mostrando, escancarada e eu, ceguinha de tudo?

Tento sair de mim mesma e me enxergar de fora, do alto, sei lá. Exercício recomendado a todos. 

Não somos nosso próprio umbigo. Somos um todo. Um universo. Somos um universo à parte, único, mas também um universo ao todo, a humanidade, o planeta, o sistema solar, a galáxia etc. etc. etc. Não temos noção.

Somos sem noção.

Contamos, entretanto, com a intuição (rimou, né?!), com nossos próprios sentidos a nos nortear o sentido. 

Que nos falhe a audição, a visão, mas não a noção trazida por esta fagulha que arde dentro de nós.

O sentido da vida. A busca por ele.

A busca por Ele.

São 04:25.

Dorme com um barulho desse!


Paula Mendes

22/02/25

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Entre o dizer e o sentir Em português, dizemos: “Eu não sei o que fazer com a saudade.”   Mas na poesia, dizemos:   “Vago pelos espaços vazi...