sexta-feira, 7 de março de 2025

ESPERANÇA

A esperança é verde, de vários tons de verde. Verde bandeira, verde clarinho, verde água,  verde musgo e até 'verde calcinha', se é que isso existe.

A esperança é nossa natureza. 

Combinada ao marrom do tronco das árvores e também do pelo dos animais.  Combinada ao marrom das pequenas pedrinhas que visualizo sob meus pés mergulhados em

um pequeno riacho de águas claras e mínimos peixinhos.

As pedras são de um marrom de multitonalidade e multitamanhos.

Piso nelas e sinto-lhes uma resistência que machuca, apesar de sua beleza. 

Tento simbolizar.

Obstáculos, desafios.

Mas então de onde viria a beleza? Talvez da nossa natureza,  da descoberta de que as coisas são o que são,  sem julgamentos. Tudo está onde deveria estar.

Entretanto, o riacho corre para o rio, onde se encontram peixes maiores e uma correnteza que como um ímã se dirige ao mar.

Aí a benventurança, a esperança de poder  pular ondas em uma água morna e refazedora,  revigorante.

O mar das nossas fantasias, a esperança. 

Não faço planos como fazia, pois tantos não se podem cumprir e me restaria a frustração.  Não. 

Enxergo perspectivas, alternativas, tento concebê-las.

Há pouco consegui dar cinco passinhos sem me segurar a ninguém.  Com supervisão,  naturalmente, mas ao mesmo tempo segura de mim também.

Deus, mas que felicidade!

Juntamente com isso, tive que abaixar a pressão do bipap.  Boas novas! Sinais de melhora. 

Ainda me encontro bastante fraca, ainda não consigo conversar sem me cansar, fazer um leve esforço sem me mostrar ofegante e com a musculatura cansada a pequenos movimentos. 

Olhando assim,  ninguém fala; parece que não tenho nada. 

A miastenia não fica assim, visível, exceto em alguns casos.

MAS há a melhora a se pronunciar.

A dúvida era se aconteceu pela interrupção de um psicotrópico (ao mesmo tempo ansiolítico, antidepressivo, estabilizador do humor e sonífero)  - será que,  como inúmeros medicamentos na iadtenia,  estava contribuindo para  piorar os sintomas?

O fato é que a melhora coincidiu com a conclusão de um diagnóstico,  uma infecção arrastada e o início de seu tratamento.  Como os medicamentos,  qualquer infecção pode piorar também os sintomas da miastenia. 

No caso, uma 'esporotricose'.  Causada por um fungo que é encontrado no ambiente e que pode ser transmitido por arranhadura de animais, principalmente gatos, mas também cachorros etc. Ou pode-se inalar seus esporos.

Apareceu- me no final do ano passado um pequeno nódulo no cotovelo, depois outros satélites,  com aumento de seu  número e tamanho.  

A cultura realizada depois da biópsia encontrou o dito, que já está sendo tratado por tempo indefinido, devido à imunossupressão. 

Será que os sintomas pioraram por causa dessa infecção? Será que começaram a melhorar por causa desse tratamento? (Especulo). 

O fato é que diante disso pudemos tentar reduzir,  depois de um loongo período,  a dose do corticoide.  Vai que cola!

Reduz o inchaço,  o apetite, a glicemia e tantos outros efeitos. 

Estou um pouco de luto, pois não posso mais ter contato com a Mel, que gosta de me arranhar pra chamar pra brincar. O luto é  provocado por qualquer perda significativa,  não apenas a morte. Sigamos. Adaptamo-nos a tudo, não somos quadrados.  Eu, atualmente,  uma bolinha (risos sérios).

Perspectiva de mudança, de esperança. 

E a ansiedade a toque de caixa, que não me facilita dormir ou parar de especular.

Tudo ao mesmo tempo. 

Com a melhora,  há de dar uma arrefecida.

Fácil falar:  


ENTREGO, 

CONFIO,

ACEITO E 

AGRADEÇO. 


MAS TAMBÉM NÃO ME FURTO A DESEMPENHAR MEU PAPEL.

SOU ATIVA, NÃO PASSIVA.


RESILIENTE, NÃO RESIGNADA.


TAMBÉM TOMO PARTE NO MEU DESTINO.

PORÉM,  COMO DIZ O MURILO,  "REGIDOS PELO ETERNO E IMUTÁVEL".


Regidos também pela transmutação da luz violeta, pela cura da luz verde, da conspiração do universo em nosso favor.

Basta acreditar,  fazer nossa parte. 

As coisas são o que são,  de nada adianta brigar com elas.

No entanto,  há que se ter esperança. 

E vamos em frente!


Paula

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