Traço aqui minha homenagem, iniciando com a história da conversão de um famoso escritor francês, que se deu em Notre Dame, contada pelo autor, e depois a história da Catedral:
Jorge Pontual hoje, no "Em Pauta", GloboNews, fez esta homenagem com uma tradução feita por ele mesmo. Gostei muito, quis reproduzir aqui a homenagem.
Não se trata da mesma tradução, mas do mesmo texto e episódio:
"O ano de 2005 marcou o cinquentenário da morte de um grande poeta e dramaturgo francês do século XX, Paul Claudel.
Sua obra, profundamente marcada pela sua repentina conversão ao catolicismo, muitas vezes gira em torno de um dos principais temas do cristianismo: a ação da graça e a correspondência humana.
Devemos uma vez mais dar-lhe a palavra, porque não existe outra, que, melhor que a sua, possa descrever um acontecimento inefável:"
Jacques Madaule
Agora, à história:
Wikipedia
“Notre-Dame de Paris, presa das chamas, dor de toda uma nação. Pensamento para todos os católicos e todos os franceses. Como todos os nossos compatriotas, estou triste hoje, quando vemos esta parte de nós queimando” Macron.
"O ano de 2005 marcou o cinquentenário da morte de um grande poeta e dramaturgo francês do século XX, Paul Claudel.
Sua obra, profundamente marcada pela sua repentina conversão ao catolicismo, muitas vezes gira em torno de um dos principais temas do cristianismo: a ação da graça e a correspondência humana.
Devemos uma vez mais dar-lhe a palavra, porque não existe outra, que, melhor que a sua, possa descrever um acontecimento inefável:"
"Assim era a infeliz criança que, a 25 de dezembro de 1886, foi a Notre-Dame de Paris para assistir aos ofícios de Natal. Tinha começado a escrever, e parecia-me que nas cerimônias católicas, consideradas com um diletantismo superior, encontraria um excitante apropriado e a matéria de alguns exercícios decadentes.
“Foi com estas disposições que, conduzido e apertado pela multidão, assisti, com um prazer medíocre, à grande missa. Depois, não tendo nada melhor a fazer, voltei para assistir às vésperas. As crianças do coro, vestidos de branco, e os alunos do seminário-menor de Saint-Nicolas-du-Chardonnet, que os ajudavam, estavam se aprontando para iniciar o canto que mais tarde soube ser o Magnificat.
“Estava misturado ao povo, junto do segundo pilar à entrada do coro, à direita da sacristia. E foi então que se produziu o acontecimento que domina toda a minha vida. Em um instante, meu coração foi tocado e acreditei. Acreditei com tal força, com tal adesão de todo o meu ser, com tão poderosa convicção, com tal certeza sem deixar lugar a qualquer espécie de dúvida que, depois, todos os livros, todos os raciocínios, todos os acasos de uma vida agitada, não puderam abalar-me a fé, nem mesmo, para ser mais preciso, tocá-la de leve que fosse.
“Tive de súbito o forte sentimento da inocência, da eterna juventude de Deus, uma revelação inefável. Tentando, como o fiz várias vezes, reconstituir os minutos que se seguiram a este instante extraordinário, encontro os elementos seguintes que, entretanto, não formam senão um clarão, uma única arma de que a Providência Divina se servia para atingir e abrir enfim o coração de uma pobre criança desesperada: “Como aqueles que crêem são felizes! E se fosse verdade? É verdade! Deus existe, Ele está em toda parte, É alguém, é um Ser tão pessoal como eu. Ele me ama, Ele me chama.
“As lágrimas e os soluços vieram… e o canto tão doce do Adeste <fideles, um hino natalino>, aumenta ainda mais a minha emoção. Emoção bem doce, mas a que se misturava um sentimento de espanto o quase de horror. Porque minhas convicções filosóficas não estavam destruídas. Deus as havia deixado desdenhosamente onde estavam, e eu nada via a mudar nelas; a religião católica me parecia continuar o mesmo tesouro de anedotas absurdas, seus padres e fiéis me inspiravam a mesma aversão que ia até o ódio e o desgosto. O edifício de minhas opiniões e de meus conhecimentos permanecia de pé e nada via de falho nele. Tinha apenas me retirado. Um novo e terrível ser, com exigências terríveis para o jovem e o artista que eu era, tinha se revelado e não sabia como conciliá-lo com coisa alguma que me cercava.
“O estado de um homem que fosse arrancado de um golpe de seu corpo, para ser colocado em um corpo estranho, no meio de um mundo desconhecido, é a única comparação que posso encontrar para exprimir este estado de confusão completa. O que mais repugnava a minhas opiniões e a meus gostos, é que era a verdade e com o que seria necessário que de bom ou de mau grado eu me adaptasse. Ah! Isso não aconteceria sem que tentasse tudo que me fosse possível para resistir”. (Paul Claudel)
Jacques Madaule
Agora, à história:
"A
Catedral de Notre-Dame de Paris (em francês: Cathédrale Notre-Dame de Paris ou literalmente em português: "Catedral de Nossa Senhora de
Paris") é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico.
Iniciada sua construção no ano de 1163, é
dedicada a Maria, Mãe de Jesus Cristo, situa-se na praça Paris, na pequena ilha
Ile de la Cité em Paris França,
rodeada pelas águas do Rio Sena
A
catedral surge intimamente ligada à ideia de gótico no seu esplendor, ao efeito
claro das necessidades e aspirações da alta sociedade, a uma nova abordagem da catedral
como edifício de contato e ascensão espiritual.
A
arquitetura gótica substituiu as paredes grossas das igrejas românicas por
colunas altas e arcos capazes de sustentar o peso dos telhados. Como consequência,
os edifícios góticos ganharam um aspecto mais leve, e as janelas, mais amplas e
altas, foram decoradas com belos vitrais coloridos que filtravam a luz natural,
e com isso, criavam um "clima" de misticismo em seu interior.
Hoje, 15 de abril de 2019,
a catedral foi atingida por um violento incêndio, causando danos ao teto,
pináculo e rosáceas. O acidente tem causas ainda desconhecidas.
A literatura e a fama
Notre-Dame de Paris.
Durante
o espírito do romantismo, Victor Hugo escreveu, em 1831, o romance “Notre-Dame
de Paris”, O Corcunda de Notre-Dame.
Situando os acontecimentos na catedral durante a Idade Média, a história trata de Quasímodo que se apaixona por
uma cigana de nome Esmeralda. A ilustração poética do monumento abre portas a
uma nova vontade de conhecimento da arquitetura do passado e, principalmente,
da Catedral de Notre-Dame de Paris.
And the cathedral was not only company for him, it was the universe;
nay, more, it was Nature itself. He never dreamed that there were other hedgerows
than the stained-glass windows in perpetual bloom; other shade than that of the
stone foliage always budding, loaded with birds in the thickets of Saxon
capitals; other mountains than the colossal towers of the church; or other
oceans than Paris roaring at their feet.
(Victor Hugo, Notre Dame de Paris, 1831.)
"E a catedral não era só companhia para ele, era o universo; Mais
ainda, era a própria Natureza. Nunca sonhava que houvesse outras sebes que os
vitrais em perpetua flor; Outra sombra que a da folhagem de pedra sempre
brotando, carregada de pássaros nos bosques de capitais saxões; Outras
montanhas do que as colossais torres da igreja; Ou outros oceanos do que Paris
rugindo aos seus pés.”
(Victor Hugo, Notre Dame de Paris, 1831)
Construção inicial
O
local da catedral contava já, antes da construção do edifício, com um sólido
historial relativo ao culto religioso. Os celtas teriam aqui celebrado as suas
cerimônias onde, mais tarde, os romanos erigiriam um templo de devoção ao deus
Júpiter Também neste local existiria uma das primeiras igrejas do cristianismo
de Paris, a Basílica de Saint-Etienne, projetada por Quildeberto I, por volta
de 528 d.c.. Em substituição desta obra, surge uma igreja românica que
permanecerá até 1163, quando se dá o impulso na construção da catedral.
Já
em 1160, e em resultado da ascensão centralizadora de Alemanha, o bispo Maurice
de Sully considera a presente igreja pouco digna dos novos valores e manda-a
demolir. O gótico inicial, com as suas inovações técnicas que permitem formas
até então impossíveis, é a resposta à demanda de um novo conceito de prestígio
no domínio citadino. Durante o reinado de Luís VII, e sob o seu apoio (visto o
monarca central ter também no século XII um poder crescente), este projeto é
abençoado financeiramente por todas as classes sociais com interesse na criação
do símbolo do seu novo poder. Assim, e tendo em conta a grandeza do projeto, o
programa seguiu velozmente e sem interrupções que pudessem ocorrer por falta de
meios econômicos (algo comum, na época, em construções de grande envergadura).
A
construção inicia-se em 1163 refletindo alguns traços condutores da Catedral de
Saint Denis, subsistindo ainda dúvidas quando à identidade de quem terá
"colocado" a primeira pedra, o Bispo Maurice de Sully ou o Papa
Alexandre III. Ao longo do processo (a construção, incluindo modificações,
durou até sensivelmente meados do século XIV) foram vários os arquitetos que
participaram no projeto, esclarecendo este fator as diferenças estilísticas
presentes no edifício.
Em
1182 presta já o coro serviços religiosos e, na transição entre os séculos,
está a nave terminada. No início do século XIII arrancam as obras da fachada oeste com as suas duas torres estendendo-se a
meados do mesmo século. Os braços do transepto (de orientação norte-sul)
são trabalhados de 1250 a 1267 com supervisão de Jean de Chelles
e Pierre de
Montreuil. Simultaneamente levantam-se outras catedrais ao seu redor
num estilo mais avançado do gótico; a Catedral de Chartres,
a Catedral de Reims e
a Catedral de Amiens.
Cronologia
A
catedral foi, nos finais do século XVII, durante o reinado de Luís XIV, palco de
alterações substanciais principalmente na zona este, em que túmulos e vitrais
foram destruídos para substituir por elementos mais ao gosto do estilo
artístico da época, o Barroco.
Em
1793,
no decorrer da Revolução francesa e sob o
Culto da Razão, mais
elementos da catedral foram destruídos e muitos dos seus tesouros roubados,
acabando o espaço em si por servir de armazém para alimentos.
Com
o florescer da época romântica, outros olhares são lançados à catedral
e a filosofia vira-se para o passado, enaltecendo e mistificando numa aura
poética e etérea a história de outras épocas e a sua expressão artística. Sob
esta nova luz do pensamento é iniciado um programa de restauro da catedral em
1844, liderado pelos arquitetos Eugene Viollet-le-Duc e Jean-Baptiste-Antoine Lassus, que se estendeu por vinte e três
anos.
Em
1871,
com a curta ascensão da Comuna de Paris, a
catedral torna-se novamente pano de fundo a turbulências sociais, durante as
quais se crê ter sido quase incendiada.
Em
1965,
em consequência de escavações para a construção de um parque subterrâneo na
praça da catedral, foram descobertas catacumbas que revelaram ruínas romanas,
da catedral merovíngia do século VI e
de habitações medievais.
Já
mais próximo da atualidade, em 1991, foi iniciado outro projeto de restauro e
manutenção da catedral que, embora previsto para durar dez anos, se prolonga
além do prazo.
Momentos
altos na catedral
-1314 - Na ponta da ilha, onde hoje é a praça Verte-Galant, o
último grão mestre templário, Jacques de Molay, após sete anos na prisão, juntamente com
outros templários, foram executados queimados
vivos na fogueira. O julgamento ocorreu na praça Paris em frente à catedral.
Foram condenados pela igreja católica com ordem direta do Papa Clemente V, influenciado e pressionado pelo rei Filipe IV de França, que
acusaram os templários de serem hereges, culpados de adoração ao demônio, homossexualidade, desrespeito à Santa Cruz, sodomia e outros comportamentos de
blasfêmia..
-1431
- Coroação de Henrique VI de Inglaterra
durante a Guerra dos cem anos.
-1804
- Coroação a 2 de Dezembro de Napoleão Bonaparte a
imperador de França e sua mulher Josefina de Beauharnais a
imperatriz, na presença do Papa Pio VII
-1909
- Beatificação de Joana d'Arc.
-2019-
Obras de restauro e um incêndio de grandes proporções.
Características
Existe
ainda nesta catedral uma dualidade de influências estilísticas: por uma lado,
reminiscências do românico normando, com a sua forte e compacta unidade, por outro lado,
o já inovador aproveitamento das evoluções arquitetônicas do gótico, que incutem ao edifício uma leveza e aparente
facilidade na ascensão vertical e no suporte do peso da sua estrutura (sendo o
esqueleto de suporte estrutural visível só do exterior).
A
planta é demarcada
pela formação em cruz romana
orientada a ocidente, de eixo longitudinal acentuado, e não é perceptível do
exterior do edifício visto os braços do transepto não excederem a largura da fachada. A cruz está "embebida"
no edifício, envolta por um duplo deambulatório, ou charola, que circula o coro na cabeceira (a este) e se prolonga paralelamente à nave, dando lugar, assim,
a quatro colaterais (ou naves laterais).
Notre-Dame de Paris
A fachada ocidental
Esta é a fachada principal e não só a de maior impacto e monumentalidade
como também a de maior popularidade. Uma afinidade na composição e traços
gerais pode ser estabelecida com a fachada da Catedral de Saint Denis,
uma derivação da fachada do românico-normando.
A
fachada apresenta um conjunto proporcional, uma ordem de
traçado coerente, de construção racional, reduzindo os seus elementos ao
essencial, não tendo, talvez por isso, influenciado outros arquitetos
contemporâneos do gótico. Aqui optou-se por uma parede "plástica" que
interliga todos os seus elementos e passa a integrar também a escultura em locais pré-definidos, evitando que cresça
espontânea e aleatoriamente como acontecia no românico.
A
fachada apresenta três níveis horizontais e é ainda dividida em três zonas
verticais pelos contrafortes ligeiramente proeminentes que
unem em verticalidade os dois pisos inferiores e reforçam os cunhais das duas torres.
Nível inferior
Neste
nível são evidentes três portais que surgem em épocas diferentes e que formam
um conjunto que passa a ser utilizado na arquitetura a partir dos meados do século XII. São profusamente trabalhados, penetrando na parede
por uma sucessão de arcos envolventes em degrau, arquivoltas, destacando-se o portal central
ligeiramente em altura dos laterais.
- Portal de Santa Ana
É
o portal da direita e vem da época do início da construção da catedral e terá
sido no início possivelmente pensado para um dos braços do transepto.
O
tímpano, que representa a
Virgem Maria com o menino Jesus, transparece ainda uma forte ligação à
escultura do românico tardio pela sua frontalidade, rigidez do vestuário e
pouca volumetria. Na proximidade da Virgem está um rei ajoelhado, que se crê
ser o rei Luís VII e, na frente deste, um bispo, que poderá ser o
impulsionador da construção da catedral, o bispo Maurice de Sully. A arquitrave possui dois níveis; a banda superior, de cerca de
1170, tem cenas da vida de Maria e a inferior, do início do
século XIII – altura em que o portal deverá ter sido colocado neste local -,
retrata cenas da vida de Ana e Joaquim, pais de Maria,
facto que terá dado o nome ao portal.
- Portal da Virgem
É
o portal da esquerda e, já pensado especificamente para este local, pertence ao
século XIII com iconografia referente a Maria.
Na
arquitrave, na sua banda inferior, veem-se seis patriarcas do Antigo Testamento e reis sentados a emoldurar um pequeno baldaquino embaixo, que
remete simbolicamente à Anunciação. Na banda superior, estão representados a morte e a ascensão de Maria aos céus
e os apóstolos, que rodeiam a cena. Cristo, no ponto central, toca
o corpo de sua mãe, como que num sinal de sua futura ressurreição. O tímpano
trata da coroação de Maria, em que
Cristo, sentado, recebe-a e benze-a, enquanto um anjo descende e a coroa. A
realçar a festividade da cena estão dois anjos
ajoelhados carregando candelabros nas mãos. Nas arquivoltas, anjos, profetas, reis e santos
assistem ao acontecimento. Neste portal, o volume corporal é mais acentuado e a
representação mais realista, em oposição ao abstracionismo românico.
- Portal do Julgamento
É o portal central e o mais novo do conjunto.
No
românico a figura central do portal é Cristo em ascensão aos céus, como parte
dos acontecimentos de Pentecostes ou no papel de juiz. Mas, no
gótico, já não é o monge que inicia os fiéis no mundo iconográfico do sagrado;
a fé e a experiência espiritual são, nesta fase, sobrepostos pela autoridade e
lei representadas pelo clero ligado à cidade, o bispo. Deste modo passa o tema
do Julgamento a representar o papel principal no portal gótico.
A
banda inferior da arquitrave, por estar danificada, foi substituída no século XVIII por uma representação da ressurreição dos mortos. A
banda superior representa os "escolhidos" e os
"condenados", separados pelo Diabo
e pelo arcanjo Miguel com a
balança das almas. Os que entram no paraíso levam uma coroa,
uma possível alusão à santidade da coroa francesa. O tímpano apresenta Cristo
na pose de Julgador revelando as chagas nas palmas das suas mãos. Nas
arquivoltas, Abraão recebe as almas dos escolhidos e o Diabo as dos
pecadores. Concêntricos a Cristo surgem anjos, patriarcas, profetas,
dignitários, mártires e virgens santas.
A
rematar e a fazer a transição para o nível intermédio está a "Galeria dos
Reis", uma banda composta por vinte e oito estátuas de 3,5 metros de altura cada. As estátuas tanto podem
ser representações de figuras do Antigo Testamento como monarcas franceses.
Durante a revolução francesa foram danificadas pelos revoltosos que pensavam
tratar-se dos reis de França. As atuais estátuas foram redesenhadas por
Viollet-le-Duc e as originais encontram-se no Museu de Cluny.
Nível intermédio
A dominar o nível intermédio encontra-se a rosácea de 13 metros de
diâmetro ao centro encaixada entre os contrafortes e ladeada por janelas
gémeas. À sua frente surge a estátua da Virgem Maria com o Menino.
Seguindo
o traçado do piso inferior, e contribuindo para a unidade da fachada, corre uma
galeria de arcarias rendilhadas a rematar este nível na zona superior.
Nível superior
Aqui
erguem-se as duas torres de 69 metros de altura - influência normanda do século
XII que acabou por permanecer na arquitetura religiosa europeia. A torre sul
acolhe o famoso sino de nome "Emmanuel".
É
possível visitar a torre norte de onde, após uma subida de 386 degraus, se pode
vislumbrar a cidade de Paris, os pináculos e os gárgulas da catedral que
povoaram o romance de Victor Hugo.
A cabeceira
A
estrutura de suporte de peso é visível do exterior a ladear todo o edifício,
mas na zona da cabeceira a elegância destes elementos resulta numa fluidez
visual que só se torna possível depois de 1225, quando as capelas são
acrescentadas ao exterior. Nesta altura todo o esplendor técnico do gótico está
ao alcance e os arcobotantes, que fluem da zona superior da parede do coro,
onde a impulsão da abóbada para o exterior se concentra, prolongam-se até aos
contrafortes, não de forma pesada, mas transmitindo leveza e harmonia.
As fachadas do transepto
Após a construção das capelas exteriores torna-se necessário prolongar
os braços do transepto. Jean de Chelles inicia ao norte demonstrando já um
traçado típico do gótico alto. O frontão trabalhado a coroar o portal,
denominado gablete, cresce ao segundo nível e sobrepõe-se à fileira de janelas
que surgem num plano recolhido. Do mesmo modo é também a rosácea colocada num
nível mais recolhido e ligeiramente sobreposta por uma balaustrada fina. A
rematar a fachada surge um frontão com janela circular ladeado de tabernáculos
abertos.
O
tímpano apresenta um registo em três bandas, típico do gótico, onde se torna
possível representar diversos episódios alimentando o gosto pela festividade do
relato. Na banda inferior veem-se cenas de Jesus criança. Também no portal toma
lugar a estátua de uma Madona que sobreviveu à Revolução Francesa e que denota
o nível avançado da escultura gótica, apresentando uma naturalidade na atitude
e rotação corporal.
De
um modo geral a decoração em filigrana e o traçado aqui utilizados irão ser
adoptados pela arquitetura europeia.
Após
a morte de Chelles, Montreuil assume o projeto da fachada do transepto sul
seguindo um traçado mais ou menos fiel ao do seu antecessor. A plasticidade dos
elementos e o trabalho de filigrana da pedra revelam uma virtuosidade com o
material ao mais alto nível, assim como uma clara individualização do trabalho
do artista que se começa a destacar do conjunto do movimento artístico geral.
O interior
O gótico permite a ligação da terra ao céu e, no interior de uma
catedral do estilo, o crente é impelido à ascensão pela afirmação constante da
verticalidade, pela monumentalidade das paredes que parecem erguer-se segundo
uma teoria contrária à da gravidade, tornando-as leves, deixando por elas
filtrar o colorido dos grandes vitrais numa aura etérea. A utilização de tais
elementos arquitetônicos numa catedral deve-se mais a um propósito religioso
prático que a aspirações artísticas.
O
edifício tem 127 metros de comprimento, 48 metros de largura e 35 metros de
altura é rematada em cima por abóbadas e dá o primeiro passo na construção
colossal do gótico. As maciças colunas de fuste liso da nave, que acentuam a verticalidade,
fazem a divisão em arcadas altas para as alas laterais e suportam uma tribuna
(galeria), em que janelas para o exterior são abertas para deixar entrar mais
luz. Criando unidade com este elemento surge o clerestório a fazer o remate
superior com os seus grandes grupos de janelas de dois lances e óculo.
A
rosácea do braço norte do transepto tem 13 metros de diâmetro e um azul forte
como cor dominante. A composição baseia-se no número 8 e suas multiplicações e
simboliza o Universo, a Terra e os sete planetas. No centro surge a Mãe de Deus
rodeada de medalhões com representação de personagens do Antigo Testamento,
profetas, reis e altos clérigos.
A
rosácea do braço sul do transepto baseia-se do mesmo modo no número 12 e
apresenta central a imagem de Cristo como o julgador do mundo. À sua volta, em
medalhões, surgem apóstolos e anjos.
Sinos
Diferentes
sinos compõem o patrimônio histórico da catedral e entre eles, encontram se os
denominados: Angelique-Françoise, Antoinette-Charlotte, Hyacinthe-Jeanne,
Denise-David (na torre do norte) e o Bourdon Emmanuel (na torre
do sul). Já houve mais sinos mas com a Revolução Francesa, muitos foram
derretidos para a fabricação de canhões. O principal é o Bourdon Emmanuel
e também o mais antigo. Seu badalado só ocorre em eventos de grande
importância, como visitas do papa, comemorações e funerais presidenciais. Desde
a sua instalação, em 1681, o Bourdon Emmanuel tocou apenas 84 vezes. Os sinos
da torre norte, instalados desde 1856, badalam a cada 15 minutos ou em eventos
históricos, como no fim da Primeira Guerra Mundial ou na libertação de Paris em
1944. Mais recentemente, tocaram em honra às vítimas do atentado de 11 de
setembro. Em 2012 estes sinos foram derretidos e substituídos por nove novos
sinos e isto ocorreu porque os mesmo perderam o tom devido ao desgaste do
cobre.
Incêndio
Hoje,
15 de abril de 2019, às 18:50h horário local, a catedral pegou fogo, causando
danos na torre e no telhado. A extensão do dano foi inicialmente desconhecida
como foi a causa do incêndio, embora tenha sido sugerido que ele estava ligado
a reforma da catedral. Um porta-voz afirmou que todo o marco de madeira
provavelmente cairia e que a abóbada do edifício também poderia ser ameaçada."
Wikipedia
“Notre-Dame de Paris, presa das chamas, dor de toda uma nação. Pensamento para todos os católicos e todos os franceses. Como todos os nossos compatriotas, estou triste hoje, quando vemos esta parte de nós queimando” Macron.
Este ano de 2019 começou cheio e eventos, incidentes e acidentes.
Acredito que dias melhores virão!!!
Esta é a nossa fé e oração!!
Linda postagem. A conversão de Paul Claudel vem confirmar o que um dos comentaristas da Globo News disse ontem: "sentado dentro da Catedral ouvindo o seu órgão, qualquer um pode ser convertido". Parece que confirma plenamente o fato.
ResponderExcluirEu tb não tive oportunidade de conhecer a Catedral, o que lamento mto. Rejane
Não teremos essa história pra contar... Mas temos muitas outras!!!
ExcluirBeijos
Q belo texto e informações qrida! Mto grata. E tb lamento profundamente o acontecimento. 💞
ResponderExcluirObrigada, Marcinha!!
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