DESPEDIDA

Vicente, que dizer, meu amigo?

Que dizer, meu querido?

Vi, eu te vi.

Era 2001. Eu, estagiária. Você, psicanalista.

Fui contratada, "dividíamos" pacientes, discutíamos os casos.

Quem era aquele?

A primeira impressão foi só do cheiro do cigarro.

Mas quem era aquele, que andava de sandálias de couro, calça riscada, cabelo enroladinho? Que fez reflexo no cabelo?

Chamou-me a atenção e eu, a dele.

Foi um ano inteiro de conversas, trocas de olhares. Em dezembro, o primeiro beijo, apaixonado!!

Fevereiro, já estávamos grávidos.

Que presente você me deu, Vi, nossa Estrelinha, nossa "Costelinha"! Misturinha boa. Sem palavras!

Você se perpétua na Stella.

Moramos juntos, casamo-nos, separamos: três em um. Três em dois, eu e você. Ou melhor, três em três, mais a Stella. Três pessoas, um amor. Na verdade, três amores. Cada um amando os outros dois; no final das contas, seis amores.

E amando cada hora de maneira diferente, o Amor eleva-se ao Infinito.

Vicente foi um homem culto, conversado, interessante e interessado, curioso. 

Carinhoso, sedutor. 

Diferente. Único.

Amei-o de diversas formas, "nem sempre cores, nem sempre dores". Amo-o e sempre o amarei. 

Que dizer, meu querido?

Que sentiremos sua falta e lembraremos de você com carinho. Sinto, e muito.

Vá em paz, Vicente Júnior, sei que está bem acompanhado, pelo Vicente pai e por D. Célia, amiga amada.

Vi, agora você pode voar.

Vá em paz.

Paula Mendes

20/03/2022