Percorrendo o caminho que leva a mim mesma, e a você também!! Na vida, é fundamental acreditar!!!!
domingo, 2 de novembro de 2025
domingo, 28 de setembro de 2025
PIQUITITIM
"Se eu fosse um passarim
Destes bem avoadô
Destes bem piquititim
Assim que nem beija-flor
Avoava do gaim e assentava sem assombro
Nas grimpinha do seu ombro
Mode beijá seus beicim
E se ocê deixasse as veiz
Com um fio do seu cabelim
No prazo de quaiz um mês
Eu fazia nosso nin
Aí sei que dessa veiz
Em poquim tempo dispoiz
Nóis largava de ser dois
Pra ser quatro, cinco ou seis."
CARNEIRO, H.; MORAIS, J. E. Disponível em: www.palcomp3.com.br. Acesso em: 3 jul. 2019.
ENTRE O DIZER E O SENTIR
quarta-feira, 24 de setembro de 2025
Manoel de Barros
TEMPO, TEMPO, TEMPO
COMPREENSÃO X IGNORÂNCIA
ONDAS E MARÉS
PROPAROXÍTONAS
FRIDA KAHLO
GENTILEZA
PASSARINHOS
SÓ PALAVRAS
SABEDORIAS
QUINTANA
O AMOR SEGUNDO NERUDA
sábado, 17 de maio de 2025
QUEM SOU
INTEIRO
domingo, 27 de abril de 2025
OU ISTO OU AQUILO
PASSARINHO NA GAIOLA (citações)
sexta-feira, 18 de abril de 2025
NA POESIA...
domingo, 13 de abril de 2025
LUTO
MEU VALOR, AUTOESTIMA
A ESTRADA
quarta-feira, 26 de março de 2025
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente...
e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
segunda-feira, 24 de março de 2025
POESIA A F. PESSOA
domingo, 23 de março de 2025
VOU DEVAGAR
segunda-feira, 10 de março de 2025
TRANSCORRER
Tempo, tempo, tempo...
Por que tens voado, entregue, esquecido de ti?
Eixo da Terra que gira depressa?
Algo mais?
Algo mais: tens passado;
Tens presente e futuro também.
Tempo, tempo, tempo,
Por que tens passado tão célere?
Transcorres à revelia.
Vida que segue
Vida que corre
Que ocorre,
Acontece.
Tempo, tempo, tempo
Que arrefeces e acaloras,
De novo te esquentas
Vida que brota e renasce
E que, inusitada, decorre;
Sim e não, e talvez.
Tempo, tempo, tempo
Que em meio tempo assimilas processos.
Ecoam de dentro pra fora
Escoam de dentro de ti,
Ritmo próprio;
Rápido e veloz,
Vertiginoso.
Lento, indolente, moroso.
De repente, escorres.
Sucessão.
Vitórias, conquistas,
Decepções e fracassos.
Desistências.
Insistências, persistências;
Incongruências;
Interferências, intercorrências.
Impermanência.
Expectativas.
Tudo reformulas:
Mudas as respostas
Mudas, as perguntas...
Tempo, tempo, tempo...
Simplesmente, transcurso.
Transcorrência.
Paula Mendes
10/03/25
MOTIVO
“Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.”
Cecília Meireles
domingo, 9 de março de 2025
RIMÃ
SOBREVIVÊNCIA
sábado, 8 de março de 2025
DESAPEGO
sexta-feira, 7 de março de 2025
EXPECTATIVAS
INESPERADO
PARA DEBORAH SECCHIN, MINHA "RIMÃ"
O INEVITÁVEL
“Houve mil coisas que eu não escolhi.
Chegaram de repente, sem aviso, e transformaram a minha vida para sempre.
Coisas boas e ruins, que eu nunca procurei, mas que me encontraram, mudando o rumo dos meus dias.
Foram caminhos que perdi, uma vida que não esperava viver.
Mas, se não pude escolher o que veio, eu escolhi como enfrentá-lo. Escolhi sonhos para colorir meus dias, esperança para sustentar minha alma, e coragem para desafiar o inevitável. Porque viver é isso: não controlar o que chega, mas decidir como permanecer de pé.”
___
Rudyard Kipling
ESPERANÇA
A esperança é verde, de vários tons de verde. Verde bandeira, verde clarinho, verde água, verde musgo e até 'verde calcinha', se é que isso existe.
A esperança é nossa natureza.
Combinada ao marrom do tronco das árvores e também do pelo dos animais. Combinada ao marrom das pequenas pedrinhas que visualizo sob meus pés mergulhados em
um pequeno riacho de águas claras e mínimos peixinhos.
As pedras são de um marrom de multitonalidade e multitamanhos.
Piso nelas e sinto-lhes uma resistência que machuca, apesar de sua beleza.
Tento simbolizar.
Obstáculos, desafios.
Mas então de onde viria a beleza? Talvez da nossa natureza, da descoberta de que as coisas são o que são, sem julgamentos. Tudo está onde deveria estar.
Entretanto, o riacho corre para o rio, onde se encontram peixes maiores e uma correnteza que como um ímã se dirige ao mar.
Aí a benventurança, a esperança de poder pular ondas em uma água morna e refazedora, revigorante.
O mar das nossas fantasias, a esperança.
Não faço planos como fazia, pois tantos não se podem cumprir e me restaria a frustração. Não.
Enxergo perspectivas, alternativas, tento concebê-las.
Há pouco consegui dar cinco passinhos sem me segurar a ninguém. Com supervisão, naturalmente, mas ao mesmo tempo segura de mim também.
Deus, mas que felicidade!
Juntamente com isso, tive que abaixar a pressão do bipap. Boas novas! Sinais de melhora.
Ainda me encontro bastante fraca, ainda não consigo conversar sem me cansar, fazer um leve esforço sem me mostrar ofegante e com a musculatura cansada a pequenos movimentos.
Olhando assim, ninguém fala; parece que não tenho nada.
A miastenia não fica assim, visível, exceto em alguns casos.
MAS há a melhora a se pronunciar.
A dúvida era se aconteceu pela interrupção de um psicotrópico (ao mesmo tempo ansiolítico, antidepressivo, estabilizador do humor e sonífero) - será que, como inúmeros medicamentos na iadtenia, estava contribuindo para piorar os sintomas?
O fato é que a melhora coincidiu com a conclusão de um diagnóstico, uma infecção arrastada e o início de seu tratamento. Como os medicamentos, qualquer infecção pode piorar também os sintomas da miastenia.
No caso, uma 'esporotricose'. Causada por um fungo que é encontrado no ambiente e que pode ser transmitido por arranhadura de animais, principalmente gatos, mas também cachorros etc. Ou pode-se inalar seus esporos.
Apareceu- me no final do ano passado um pequeno nódulo no cotovelo, depois outros satélites, com aumento de seu número e tamanho.
A cultura realizada depois da biópsia encontrou o dito, que já está sendo tratado por tempo indefinido, devido à imunossupressão.
Será que os sintomas pioraram por causa dessa infecção? Será que começaram a melhorar por causa desse tratamento? (Especulo).
O fato é que diante disso pudemos tentar reduzir, depois de um loongo período, a dose do corticoide. Vai que cola!
Reduz o inchaço, o apetite, a glicemia e tantos outros efeitos.
Estou um pouco de luto, pois não posso mais ter contato com a Mel, que gosta de me arranhar pra chamar pra brincar. O luto é provocado por qualquer perda significativa, não apenas a morte. Sigamos. Adaptamo-nos a tudo, não somos quadrados. Eu, atualmente, uma bolinha (risos sérios).
Perspectiva de mudança, de esperança.
E a ansiedade a toque de caixa, que não me facilita dormir ou parar de especular.
Tudo ao mesmo tempo.
Com a melhora, há de dar uma arrefecida.
Fácil falar:
ENTREGO,
CONFIO,
ACEITO E
AGRADEÇO.
MAS TAMBÉM NÃO ME FURTO A DESEMPENHAR MEU PAPEL.
SOU ATIVA, NÃO PASSIVA.
RESILIENTE, NÃO RESIGNADA.
TAMBÉM TOMO PARTE NO MEU DESTINO.
PORÉM, COMO DIZ O MURILO, "REGIDOS PELO ETERNO E IMUTÁVEL".
Regidos também pela transmutação da luz violeta, pela cura da luz verde, da conspiração do universo em nosso favor.
Basta acreditar, fazer nossa parte.
As coisas são o que são, de nada adianta brigar com elas.
No entanto, há que se ter esperança.
E vamos em frente!
Paula
BOM GOSTO
Que bom gosto o dele, por gostar de nós (risos)...
Verdade seja dita: que bom gosto o nosso, por amá-lo tanto, conviver com ele, rir de seu jeito ímpar, de seus comentários, de suas reclamações, como se fossem verdadeiras e não viessem apenas da boca pra fora...
Que bom gosto o nosso, de poder entende-lo!
Tão engraçado naquelas suas maneiras e até maneirismos, um pouco exagerado, dizia tudo o que lhe viesse à cabeça.
Mais recolhido à sua solitude, nem sempre apreciava a presença de muitas pessoas á sua volta. Mundo próprio.
Mundo amplo dentro de seus próprios aposentos, movido a músicas, eclético, a cinema, filmes e séries de todos os gêneros. Bom gosto. Sabia o que indicar e contraindicar. Assistia e ouvia a tudo, selecionava a dedo.
Bom gosto gastronômico, igualmente seletivo, não se contentava com pouco, com o mediano. Preferência para doces, mas sabia muito bem escolher seus pratos e sabores. Difícil ver bom gosto assim, bem como para viagens, para hotéis, para pessoas com quem dividir seus hábitos, sua vida, suas peculiaridades.
Viveu como quis. Fazendo planos para novas instalações para TV e cia.
Trazia consigo aquele tino especial que logo fazia “tocar o sino” dentro dele para pessoas, digamos, de caráter ou intenções duvidosas. Era bater e valer, na maioria dos casos. Quase um ‘inconsciente a céu aberto’.
Generoso por trás de todos os ‘NÃO’ que dizia, disponível, coração mole, mole! Carinhoso a seu modo, atencioso. Pureza de espírito, pureza de alma. Ingenuidade, até. Poderia dizer que era um anjo escondido por detrás de suas maneiras contrárias à primeira vista.
Contar com ele.
Cuidava de meus pais, assim como era cuidado.
Pude ter o privilégio de ser meio que sua mãe também, acompanhando-o sempre que possível, de ter sido certa referência em casos de dúvidas, conflitos etc.
Feliz de quem teve o prazer de viajar com ele, ir ao cinema, a restaurantes e docerias, de ser sua companhia e seu amigo. Que bom gosto!
Tão espontâneo, meu Deus! Quando gostava, gostava, quando não...
Ainda ouço sua risada de um tom alto, vejo seus gestos ao conversar, sinto seu amor por cachorros, seus cuidados e carinho com eles.
Ainda posso escutá-lo me chamar de ‘Raimundinha’, véinho!
Faz quase um ano... Mas você estava aqui outro dia mesmo!
Ainda não descobri como homenageá-lo fidedignamente, parece que sempre vai faltar um pedaço, que falta!
(Choro por dentro).
No entanto, ao lembrar de você, sempre rimos, não há como! Lembranças gostosas.
Logo que nasceu e foi levado para casa, encontrava-me na casa de minha madrinha quando minha mãe me ligou, após aquela dúvida atroz para escolher seu nome, comunicando:
- Vai se chamar Maurício!
Que bom gosto!
Privilégio o nosso!
Agradeço.
Paula Mendes
03/05/2024
A CADEIRA AZUL
Lá estava ela, pra quem tivesse olhos de ver. De enxergar, na verdade; mesma diferença entre ouvir e escutar. Quando você escuta, você enxerga a pessoa, coloca-se no lugar dela, tem compaixão. E olha que eu e minha ‘rimã’ temos, cada uma, um probleminha diferente em olhos contrários.
Mas vimos, enxergamos. No meio do caos, uma cadeira azul. Simples, singela, novinha, de um turquesa delicado, cheia de furinhos, aparentemente confortável, um encanto. Demos uma ré para admirá-la por mais um segundo.
Dali, passamos a refletir sobre a beleza que não desvelamos, que não descobrimos nem saboreamos. Há beleza a ser revelada em qualquer canto, por mais caótico, triste, mal apanhado que seja.
Assim, com as mais variadas e inusitadas circunstâncias da vida. Com o imprevisível e as inevitáveis mudanças.
Já houve épocas em que estive com o estado de saúde bem grave, no entanto, muito bem humorada. Até meio que discrepante de tudo. Pouca gente entendia. Escrevi textos em que falava de fé e da importância de entender a dificuldade da vida sob uma outra ótica. Débora, minha madrinha, certa vez me acompanhou ao PA porque eu sentia uma dor abdominal, ao que ela me sussurrou: “Paula, pelo menos faz cara de dor, senão ninguém vai acreditar no que você está sentindo...” Sou assim.
Quando da adolescência dei muito trabalho e preocupações. Engraçado, só quando a gente se torna mãe é que entende os nossos pais. E muitas vezes, também, só com o passar do tempo passamos a compreender eventos passados.
Em 1996 tive um companheiro cujo primo era psiquiatra, com o qual fui me consultar e saí, ao final do atendimento, com o diagnóstico de “psicose maníaco depressiva”, hoje conhecido como “transtorno bipolar”. Fiz uso de vários psicotrópricos à época, inclusive neurolépticos, antipsicóticos, antidepressivos, todos com muitos efeitos colaterais, até que fui encaminhada a outro profissional que discordou daquela hipótese diagnóstica e passou a me tratar de uma depressão, tanto com medicação como com psicoterapia. É verdade, já tive depressões homéricas.
No entanto agora, decorridos muitos anos e sendo acompanhada por outro profissional indicado por este último, voltamos ao diagnóstico inicial: ‘transtorno bipolar tipo II’, aquele em que o paciente não apresenta um quadro de mania franca mas, sim, sintomas de hipomania: o humor permanece eufórico, mas não de forma intensa, o pensamento acelerado até o ponto de não se conseguir dormir ou parar de pensar demais. Acrescente-se sinais expressivos de TOC (transtorno obsessivo compulsivo), em que os objetos têm que ter distância certa uns dos outros, ordem certa, lugares certos, tudo etiquetado etc. E muita mania, pra não deixar de perder o chiste.
Desde então, passamos a reinterpretar os sintomas da adolescência, mais intensos que os típicos dessa fase em geral e inclusive os quadros depressivos anteriores. Além do meu humor incongruente durante uma dura fase da vida.
Ao comunicar este diagnóstico com o Paulo Roberto, meu neurologista que me acompanha desde o início do tratamento, ouvi um sonoro “faz sentido!”. Só rindo!
Este tipo de informação não se sai compartilhando por aí, tal como faço agora. Os transtornos mentais ainda são tratados com muito estigma e muito se repete – ou se pensa – “esta pessoa é louca.” Nada disso! Podemos até não ser normais, mas visto de perto, quem o é? Talvez o normal seja não ser normal, não é mesmo?
Parafraseando meu pai, “cada um é cada qual e deve ser tratado consoante”. Nada mais verdadeiro, somos únicos e ricos, ímpares, diversos e dignos de respeito, incentivo, assim como de críticas amorosas, elogios e tudo o mais.
Do meu ponto de vista, há no mínimo dois ângulos sob os quais enxergar o passado: o primeiro, a vantagem de ter podido enfrentar aquela fase sem muito sofrimento interno, o que teria me ajudado e ao mesmo tempo ajudado quem cuidava de mim, tornando tudo um pouco mais fácil; por outro lado, onde o pé no chão? A consciência da gravidade etc.?
Um ano e três meses depois, voltei para casa ainda acamada e passei a tentar compensar, inconscientemente, o tempo perdido com atitudes bastante equivocadas. Contraí o mal hábito de fazer compras supérfluas, desnecessárias, dispensáveis e que se transformaram numa compulsão de comprar objetos mal escolhidos com urgência, sem distinção, baratos, de má qualidade e que me renderam, por incrível que pareça, de blusinha em blusinha, de chinelinho em chinelinho, uma dívida equivalente ao valor do meu apartamento calculado pelo IPTU ou ainda mais. Traziam um alívio imediato e problemas inenarráveis logo após.
Hoje, com medicação, muita psicoterapia e esforço, ainda com algumas recaídas, pago empréstimos a perder de vista e conto com a ajuda inestimável da família, não apenas ajuda de custo, mas também puxões de orelha e colocação de limites, imprescindíveis. Tiro o chapéu para o meu pai pela mudança de posição de quem sempre me passou a mão na cabeça para uma atitude mais firme e de coragem a me dizer: “se vira!”
Quando há várias pessoas assentadas em um sofá, se uma se move, todas as outras têm que readaptar a própria posição e assim é. Aos poucos vou me readaptando, com a ajuda de todos, incluindo a Stella, que se senta comigo a reestudar o orçamento mensal para cortar todos os gastos possíveis, de modo que possam caber dentro de uma receita mensal limitada. Tarefa nada fácil. Mas possível, custei a me convencer. Sem desculpas ou subterfúgios.
Repetindo o termo utilizado, tiro o chapéu para o Rogério, primo querido e meu médico também desde o início da miastenia, que há pouco passou a não atender meus telefonemas e mensagens excessivos, deflagrados por uma ansiedade incontida e incontrolável e contrários à minha própria vontade. Diante desta reação, fui obrigada a me deslocar daquele lugar e paulatinamente (para não perder a oportunidade de usar meu nome), construir um outro, o que ainda estou tentando, a muito custo. Minha mãe disse a ele: “a Paula está tentando falar com você”, ao que ele respondeu: “é, estou dando um tempo mesmo!”. Peço desculpas, Rogério e equipe.
Retomando o fio anterior, consegui, ainda, ter o insight do quanto eu mesma passei sempre a mão na cabeça da minha filha, a mimá-la e tentar compensá-la por um tempo supostamente perdido em que não pude estar muito presente. Graças a Deus, lidamos com a mudança diariamente, estando ou não abertos a ela. Que estejamos! Amadurecemos as duas; todos, na verdade, e todos os dias.
Nada como o amor e o diálogo. E as entrelinhas também.
Voltando à vaca fria (pensaram que havia me perdido, não é mesmo?), hoje me preparo para um transplante de medula óssea, de mim para mim mesma, autólogo. Quadro grave, solução meio que radical, mas a possível. E volto a romantizar, naquela tentativa inconsciente de fugir ao real, a colocar os pés no chão. Romantizar é bom, mas ao mesmo tempo não é. Em meio a muita ansiedade e medo, encontro-me de certa forma eufórica, hipomaníaca, acelerada, medicada para ambas as condições e com psicoterapia para o enfrentamento de toda esta situação.
Tal como meu pai, sou uma otimista inveterada. Ele, no entanto, é mais sensato e nada bipolar.
Sigo com as vantagens e desvantagens de minha condição, aceitando e assumindo suas consequências, com as quais, querendo ou não, tenho que lidar. Melhor querer, facilita para todos nós.
Não deixo de pensar, entretanto e ainda, que uma leve euforia me dá olhos para enxergar uma cadeira azul no meio do caos e as estrelas que estão lá em cima, no céu; a contrapartida é que é perigosa. Tudo tem um meio termo, até o café que se faz lá em casa que, segundo um amigo, não é forte nem fraco, é “meio termo”.
Sigamos, nas palavras do Murilo, “criando uma nova experiência, um dia de cada vez, força, coragem, determinação, fé, para abandonar o velho e experimentar o novo, porém regidos pelo Eterno e Imutável”.
Vamos em frente!
Paula Mendes
21/04/2024
SENTIDOS
À procura.
Sentido da vida.
Quem não?
Quem exatamente sou eu, e para quê estou aqui? Por que o passado, por que o presente e que será do futuro? Do nosso...
Acho que devo me perguntar o para quê e não o porquê.
Meus sentidos me guiam, me norteiam, por vezes me atrapalham. Temos 6 deles? Visão, audição, paladar, olfato, tato; e intuição - talvez o mais importante deles? Famoso sexto sentido.
Trazemos na alma uma sensibilidade, uma percepção mais apurada que somente ao nos conectarmos com o universo podemos sentir. Os outros sentidos são físicos; coisa que, acamada do jeito que estou, tendo a relevar um pouco, a transcender e buscar.
Sentidos. Teríamos o sétimo, o oitavo? Com toda a certeza.
Deparo-me com um novo modo sentido de ser. Dividido. Venho sentindo.
Pareço sorumbática? Sim, tem hora que sim.
Qual o sentido de tudo isso? Um mistério. Ninguém sabe ao certo responder. Quem tem fé tenta achar uma resposta, que sim, tudo teria um propósito e que talvez não o estejamos enxergando claramente naquelas circunstâncias.
Verdade seja dita, quem é aquele que tem fé o tempo todo? Bem o quereríamos, bem o desejamos!
Duvidamos, questionamos, e por que não?
É isso um dos combustíveis para continuarmos.
De nada temos – nem teremos – certeza, e isso é bom. Conduz a um próximo passo. Num outro plano, talvez, a alcancemos.
Tenho cá meus desejos; vontade de fazer as coisas, sim. No entanto, dependente. Tenho que pedir um copo d’água.
Adapto-me, pois não sou quadrada, sou esférica; não sou geometria simplesmente, mas geometria espacial; ocupo espaço, sou corpo, tridimensional ou mais, consigo me deslocar para todos os lados, tenho inércia, aquilo que me faz me manter no mesmo movimento e sentido, gravidade em todos os sentidos, brincadeira também. Seriedade e risos.
Sou redonda como a Terra. Elíptica. Sou um Universo. Tenho um buraco negro que me suga em mim mesma; desfaço-me e me refaço. Estrela que morre cuja luz ainda se vê mesmo depois; estrela que nasce. Vida que se renova, juntamente com novas perguntas, novos arremedos de respostas.
Desejos frustrados. Baixar as expectativas? Alinhá-las.
“Fé é não ter certeza de nada e ainda assim acreditar em tudo que Deus possa vir a fazer por você.
É seguir o caminho que Ele traçar, sem retroagir, sem perder o foco, acreditando.
É ver as portas abertas quando elas ainda estão fechadas.
É rasgar a alma e o coração, ofertando ao Divino Poder em crença e gratidão.
Acima de tudo, deixar o amor e a esperança germinarem no coração”.
Recebi de uma amiga.
Dizem que o que acontece externamente reflete o que vai por dentro. Esta fala me divide sobremaneira. Sinto-me culpada. Sou eu que estou causando tudo isso? Complicando tudo o que tem sido complicado? Que parte tenho nesse todo? Que parte o destino, que parte Deus, que parte o livre arbítrio, que parte o carma? Consequências do que plantei? A vida me parou? O que não estou aprendendo? Ou: o que estou aprendendo?
Então, se eu mudar o que vai dentro de mim, mudo o que está fora? Em que sentido?
Acho que não apenas fisicamente.
Tenho uma alma, um espírito. Acredito que estou aqui para ser um instrumento; posso até não estar conseguindo, não estar conectada, sintonizada, harmônica, mas acredito realmente nisso. Para isso estaríamos todos neste plano.
De uma oração, “(...)creio que meu propósito final é Te expressar(...)”
É o que creio. Professo minha fé. Nem por isso, deixo de tê-la em muitos momentos.
Acredito também nas pessoas que não a têm e expressam o amor muito, muito mais verdadeira e intensamente do que muitos que professam uma delas.
Dogmas. Religião. Religiões. Gaiolas, como diria Rubem Alves.
Para mim, há o Amor e a vivência dele, independente do nome. Solidariedade, empatia etc.
Taí o sentido. Acho que achei.
Estou acamada. Tenho que pedir um copo d’água. Qual o sentido?
Pois é. Vai muito além disso.
Eu que me vire para ser instrumento. O que faço com isso? O que estou fazendo com isso? O que tenho que fazer com isso?
Criatividade é pra essas coisas.
Ou: o que estou deixando de fazer com isso? Pergunto. Naquilo que depende exclusivamente de mim, poderia eu estar em outra situação? O que não estou enxergando? O que a vida está me mostrando, escancarada e eu, ceguinha de tudo?
Tento sair de mim mesma e me enxergar de fora, do alto, sei lá. Exercício recomendado a todos.
Não somos nosso próprio umbigo. Somos um todo. Um universo. Somos um universo à parte, único, mas também um universo ao todo, a humanidade, o planeta, o sistema solar, a galáxia etc. etc. etc. Não temos noção.
Somos sem noção.
Contamos, entretanto, com a intuição (rimou, né?!), com nossos próprios sentidos a nos nortear o sentido.
Que nos falhe a audição, a visão, mas não a noção trazida por esta fagulha que arde dentro de nós.
O sentido da vida. A busca por ele.
A busca por Ele.
São 04:25.
Dorme com um barulho desse!
Paula Mendes
22/02/25
FORÇA
"O que revela a nossa força não é sermos imbatíveis, incansáveis, invulneráveis. É a coragem de avançar, ainda que com medo. É a vontade de viver, mesmo que já tenhamos morrido um pouco ou muito, aqui e ali, pelo caminho. É a intenção de não desistirmos de nós mesmos, por maior que às vezes seja a tentação. São os gestos de gentileza e ternura que somente os fortes conseguem ter. "
🙏
Ana Jácomo
APRENDENDO A APRENDER - MISCELÂNEA
Sobre escolas, cicatrizes y otras cositas màs...
Já não escrevo há um tempinho; escrever, para mim, é fundamental. Me estrutura, me organiza, me renova a vida e a postura diante dela.
Penso que vou escrever alguma coisa bem específica e acaba que sai algo muito diferente, na maioria das vezes.
Sai o que tem dentro. Sai o que tem a esvaziar, ou preencher.
Estive pensando em escrever sobre a ansiedade, e sobre o ‘viver um dia de cada vez’; minha filha me disse que já escrevi sobre isso, o que não é mentira.
Nada me impede, porém, de escrever sobre um mesmo tema visto por outro ângulo, sob uma nova ótica, ou até mesmo escrever sobre o mesmo ponto de vista de uma forma diferente. Enfim.
Vi numa série ou filme uma pessoa falando sobre a importância de aprender a aprender. Pano pra manga! No caso, tinha a ver com a escola.
Qual seria o papel da escola? Ensinar a aprender e não simplesmente ensinar, entregar tudo bem mastigadinho para que se guarde até que um dia aquilo seja esquecido e passe batido. Ensinar a buscar, aprofundar, investigar; a interessar-se e fazer interessar.
Aprender com as provas, mesmo que se tenha errado nas respostas - que sempre podem ser relativas - tanto na escola quanto na vida, e sempre, sempre na escola da vida.
Pensei em escrever sobre a impermanência, já que a única coisa permanente na vida é a mudança... Aprendendo a evoluir com ela, aprendendo a aprender com elas, as mudanças...
Pensei em dizer que “prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”
Pensei em escrever que não sou um saco de pancadas e que minha vida não se reduz a isto – e que basta eu não defini-la assim:
não sou miastenia gravis, tenho miastenia gravis;
Não sou fraqueza, tenho fraqueza(s) – e como!
Muito menos sou uma fortaleza, apesar de ter meus momentos. Mas que não me engane com minha vulnerabilidade!
Que conviver com a dor, com a insônia, com a ansiedade, é algo; com o mal estar. Há uma ‘felicidade estrutural’, uma ‘alegria estrutural’ que não me deixa desistir jamais, mas que não esconde nem nega a dificuldade da vida de cada um de nós. Nada fácil.
Pensei em escrever sobre os labirintos, e que eles têm saídas possíveis de serem encontradas, mesmo que demandem inúmeras tentativas e erros, até que se aprende com o acerto - e com os próprios erros também. Aprende-se, mesmo que se esteja perdido. Os caminhos e os becos são vários, entradas sem saídas, e ainda bem que se pode voltar atrás e recomeçar.
Tentativa e erro, o tempo vai passando e a gente vai amadurecendo e tentando não trilhar o mesmo caminho que não nos levou a nada, ou a algo não muito bom.
As cicatrizes, então, seriam a prova de que sobrevivemos.
“Às vezes eu escrevo umas poesias só
pra tirar a poeira do coração.” (Mauro Sérgio)
E, ainda que pareça clichê:
“Benditos sejam aqueles que transformam suas dores em aprendizado e seus espinhos em flores.
A vida é muito mais do que aparências.
O que sempre fica é a beleza que vem da alma!” (Paula Monteiro)
O fato é que a alma também tem suas feiuras, com as quais temos muito o que aprender, igualmente.
Só agora senti que começou o texto. Antes, apenas preliminares.
Aprender é sinônimo de apreender alguma coisa, absorver, experimentar, compreender, polir-se, capacitar-se, tentar, entre outros.
Bem o que quero da vida.
Minha vida não pode se resumir a um acidente de percurso que me deixou paralisada; pode ser muito mais que isso, e deve.
O que tenho a tirar de tudo isso? Há coisas muito mais profundas do que um corpo limitado, se há uma mente, um pensamento, uma alma, um espírito a pulular por dentro e dar o tom e a cor de tudo o que se passa.
Aprender a aprender pode abrir precedentes para um futuro melhor.
E não precisa ser exatamente ‘estudando’, mas por via da energia, do que se escolhe levar. Por via das dúvidas, ouve-se a intuição. Melhor forma de aprender, além de mais sutil e verdadeira.
Por que cargas d’água ouvimos tão pouco nossa intuição? Por que perdemos o contato com ela? Com o nosso próprio interior, nossa própria voz, o nosso divino?
Parece que as demandas externas exigem mais e tomam nosso tempo de uma forma devastadora.
É aprender com isso, aprender a desconstruir, é desaprender para apreender a realidade de uma forma diferente e mais saudável, mais leve, mais natural, mais simples.
É aprender a aprender com toda e qualquer situação ou circunstância da vida, independente de qual seja. Podemos nos apropriar deste conhecimento. Devemos.
Aprender com o exemplo alheio e com o nosso próprio, por que não? Nomeadamente, gostaria de citar meus pais, que aprendem com cada nova circunstância que a vida lhes apresenta, a Joana D’Arc, minha amiga e fiel escudeira, com o desapego com o qual vem evoluindo, a Eliamar, também amiga e fiel escudeira, com a disciplina com que alimenta sua vida, a Mirna, minha amiga de anos, com o mesmo diagnóstico ‘gravis’ que, aprendendo árabe, escreve de trás para diante, como da ‘morte’ para a vida, se é que me permite falar assim, com toda a criatividade, persistência, bom humor e dificuldades inenarráveis.
Aprendo, ainda, sem modéstia, com meu próprio exemplo; também com criatividade e persistência, não desisto nunca. Quero ser mãe de mim mesma, minha própria professora, além de muitos outros. Tenho meus desejos e planos; cursei Letras durante um ano e tive que parar por vários motivos, principalmente de saúde e financeiros, mas pretendo voltar e me formar. Não interessa quando. Quando puder, quando der. Dentro de expectativas possíveis, para evitar frustrações. Tento traçar planos dentro da realidade das limitações. E sempre disposta a revê-los, refazê-los.
“Se não conseguir realizar seus sonhos, não os jogue fora e nem desista deles. Guarde-os num compartimento do coração.
De vez em quando visite-os, tire o pó, regue, adube, afague e quando menos esperar...
Eles estarão prontos para se tornarem realidade!
Não importa o tempo que passar, em algum momento eles vão florescer.” (Sandra Liepkaln).
Afinal, pra quê a vida? Qual o sentido?
Aprender e ensinar, ensinar e aprender, acima de tudo compartilhar, somar com ternura e afeto, empatia, compreensão.
Que aprendamos a ser cada vez mais humanos, é o que a vida quer de nós.
Texto meio que brainstorm, não é mesmo? Meio esquisito?
Bem, é o que temos para hoje!
Paula Mendes
07/02/2025
DICOTOMIA
Luz x escuridão;
Bem x mal;
Razão x emoção;
Tristeza x felicidade;
Amor x ódio;
Princípio do prazer x princípio da realidade;
Pulsão de vida x pulsão de morte.
Assim por diante.
Somos ‘dicotômicos’, se é que existe este termo. Dentro em nós moram luz e escuridão.
Segundo Freud - sucintamente falando - o princípio do prazer estaria nos ‘compensando’ ou evitando que enfrentássemos o sofrimento intrínseco da vida através da busca desmedida pelo prazer.
Ao contrário, o princípio da realidade construiria o adulto responsável, capaz de tolerar frustrações e adiar recompensas.
Somos dois em um; na verdade, muitos em um só. Únicos, ao mesmo tempo. Cada qual é cada qual e lida com porções diferentes destes princípios dentro de si, que se modificam a cada nova circunstância.
Trazemos em nós a pulsão de vida, relacionada à preservação e reprodução, relações de afeto etc. e ao mesmo tempo, trabalhando em conjunto, a pulsão de morte, que se relaciona à destruição, às vezes até mesmo agressão, dirigida a si mesmo e ao outro.
Somos o bem e o mal, 'tudo junto e misturado', não adianta disfarçar. Apesar da positividade tóxica em voga, todos sabem e podem admitir, ainda que internamente, que os dois lados aí estão, sobrepostos.
No momento encontro-me pré-diabética e hipertensa, tudo induzido pelo uso prolongado do corticoide.
Hoje passo a entender, ainda que minimamente, uma criança diabética em seu sofrimento de não poder comer aquelas guloseimas nas festinhas de aniversário de colegas da escola; lembro-me bem de um caso desses, de quando era criança. Levava ao choro e a um sofrimento imenso.
Se para mim tem sido tão difícil evitar certos alimentos, pois que sou uma ‘formiga doceira’, imagino para aquela criança.
Daí já se colocam o princípio do prazer e o de realidade, a pulsão de vida, de autopreservação, versus a pulsão de morte, que seria como que ‘chutar o balde’, inclusive numa autossabotagem inconsciente, possivelmente.
Difícil.
Somos dicotômicos.
Não podemos julgar o outro, já que não calçamos seus sapatos pelos percalços da vida. Fácil demais fazê-lo e, assim, evitar olhar para si mesmo.
A meu ver, as compulsões viriam do princípio do prazer, prazeres inadiáveis, e também estariam relacionadas à pulsão de morte.
Compro muito; bebo muito; depois de quatro pontes de safena, por exemplo, continuaria fazendo churrascos para comer a gordurinha da picanha; estou obesa, mas não deixo de comer tudo o que é calórico e ‘proibido’; estou diabética, mas não deixo de me refestelar com doces e carboidratos, disconforme com as orientações recebidas.
Sei que todos podem me entender neste quesito.
Quanto à miastenia gravis, altos e baixos, flutuações da doença. Sempre que estou bem, melhor, quero aproveitar todo e cada momentinho que dou conta de viver e fazer - e acabo pecando por excesso,
quer seja para me compensar pelas limitações anteriores, quer pelo desejo de viver o prazer, como se a única oportunidade fosse aquela, e que não volta mais.
Isso me leva um pouco além do que deveria ir e, em seguida, a uma piora já previsível diante da situação.
Princípio do prazer, princípio da realidade; pulsão de vida, pulsão de morte.
Excedo-me. Dificuldade de parar quando devo, respeitar meus próprios limites, talvez por imaginar que em um momento vindouro, próximo ou não, estarei limitada de alguma forma novamente.
Altos e baixos, vivo a montanha russa de emoções e estados de disposição do corpo que mudam em um mesmo dia, meio que à deriva e ao mesmo tempo tentando estar atenta às minhas próprias necessidades e instintos de autopreservação.
Não seria assim com todos nós? Retórica.
É, o inconsciente nos leva a atitudes que nem sempre conseguimos entender e decifrar, mas que nem por isso deixam de existir.
Luto por me tornar um adulto mais responsável e tolerante a frustrações, luto por aprender a adiar o prazer até um ponto possível e saudável, sem que me arrisque demais. Luto para ir “Além do Princípio do Prazer”.
Sou internada, recebo alta, me interno, desinterno, inquieta por dentro sem saber ao certo o que seria de minha própria responsabilidade e o quanto da evolução da doença, um dia bem, outro nem tanto.
Não compreendemos tudo. Nada é matemático.
Sinto-me responsável por atrair algum tipo de piora por meio de meus próprios pensamentos e energia; isso segundo a lei da atração, tão veiculada.
Sinto-me culpada por não dar conta de melhorar, muitas vezes. Como se o que estivesse vivendo fosse porque estou atraindo.
Culpada por não ter fé suficiente no ‘Deus do impossível’.
Acredito que tudo tem um propósito. E que talvez o impossível não esteja programado para o momento.
Já o possível, este pode ser vivido e posso aprender a lidar com ele de formas bastante saudáveis, numa verdadeira pulsão de vida e dentro do princípio da realidade, responsavelmente.
Para que isso aconteça, a ajuda é imprescindível; a interna, essencial, o desejo de estar bem; e também a externa, tanto a profissional quanto a afetiva, tudo num conjunto que pode e deve conspirar a favor da vida, sem negar a escuridão que vive em nós.
Compliquei-me?
Pois é o que temos para hoje.
Pensar.
Paula Mendes
18/01/25
PEDAÇO DE POESIA OU POESIA EM PEDAÇOS - Sobre Réveillons e Natais
"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí, entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente.”
Este pedaço de poesia faz parte de uma inteira, erroneamente atribuída a Drummond, ao que parece; a autoria, discutida, aparentemente se divide entre dois autores, Roberto Pompeu de Toledo e Vilma Galvão.
Trata-se de uma crítica à sociedade industrializada, onde a produtividade é priorizada, mas que ao mesmo tempo nos leva a voltar a respirar, tomar novo fôlego, constatando uma realidade interna, que acontece mesmo com a maioria de nós.
Os réveillons, ah, os réveillons! Novos dias de esperança e planejamento. Nada como, depois das festas, comemorações, começar tudo outra vez com ânimo renovado.
Além disso, seguem-se férias, em muitos casos. E há recessos, como o do judiciário. Pouco depois, o carnaval. E então o ano começa, até parar novamente durante o pequeno descanso da semana santa. Bom, mas este não é bem o tema do texto.
As festas de fim de ano não costumam ser exatamente o que se diz delas, especialmente o Natal, data em que se polarizam emoções.
Os Natais, a meu ver, são uma data pesada para inúmeras pessoas e famílias, seja por falta de harmonia entre elas, desunião, abandono ou pela ausência física de outras, distantes ou que já não se encontram aqui neste plano. Sente-se um vazio, complementado pelos apelos da mídia que deturpa todo o sentido da celebração do nascimento de Jesus, ícone da celebração em muitas religiões.
Há também, naturalmente, o outro lado; lado de comemorações genuínas, de encontro, de aconchego, de gozo da presença e companhia de pessoas queridas, que se estendem para além da família, muito além.
E existe ainda a ‘comilança’. Verdadeiro festival gastronômico. Necessário? Há controvérsias.
Vêm ainda, as festas de confraternização. Emoções também polarizadas. Nem sempre os ambientes de trabalho etc. são saudáveis do ponto de vista de relacionamentos. Por outro lado, é muito gostoso quando as pessoas se relacionam bem e podem usufruir de um momento relaxante de descontração fora das pressões do trabalho, conversar outros assuntos, rir um pouco, compartilhar experiências.
Época de contraposição de valores, sentimentos, divisões internas do sujeito, que acaba sofrendo de uma forma ou de outra, verdade seja dita.
A união e a felicidade atribuídas ao Natal não passam de um mito a que todos aderimos com sorriso nos lábios, independente do que vai no coração.
Isto sob meu ponto de vista.
Pareço pessimista? A meu ver, apenas constato e ‘verbalizo’ uma realidade sempre oculta sob um véu.
Mas, retomando: Ah, os réveillons! (Sorrio).
Eu mesma já fiz meus planos, tracei metas e espero ansiosa o dia do “milagre da renovação”, como diz o texto inicial.
Quero ser uma pessoa melhor, trabalhar melhor, fazer dieta, voltar à academia, retomar os estudos, cuidar de mim e do outro, arrumar um parceiro, mudar de casa, de cidade, de emprego, viajar, fazer um pé de meia, pagar contas atrasadas e por aí vai... Objetivos a se perder de vista, carregados de esperança. Legítima.
Realmente um novo fôlego. Dá para respirar de novo, inspirar e se jogar no ano vindouro, ainda que com cautela, isso é de cada um.
A Esperança é um sentimento necessário que nos move e renova nosso gás. Que nunca a desmereçamos.
Mas que tenha também um pezinho no chão, o que também se faz necessidade. Expectativas alcançáveis, para que se evitem frustrações.
Com o título, trago logo um pedaço de uma poesia cuja autoria é também controversa e faço alusão à ‘poesia em pedaços’, tal como o coração nesta época do ano. Pedaços alegres, pedaços vazios, pedaços felizes, acolhedores, pedaços de todas as formas e tamanhos que, se unindo, formam um todo, um coração.
O próprio Natal não deixa de ser Poesia e nunca deixará, ainda que em pedaços... Pois Jesus é Pura Poesia!
Quero ainda compartilhar um pequeno texto que uma amiga fez o carinho de me enviar e que traduz o que sinto. Espero que ela não se importe:
“Sem tanta pressa, sem ansiedades, sem atropelos nos passos...
Mais calmaria, mais olhares de ternura, mais atenção nos detalhes ao longo do caminho...
Mais paz, mais pausas... porque a gente tem mais é que cultivar belos jardins por dentro."
É o que desejo para todos nós em 2025.
Felicidades, alegrias, muito bom senso, tolerância, harmonia, respeito por si mesmo, pelo outro e pelo nosso planeta! E paz, muita paz interior e entre os povos.
Um Feliz 2025!
Paula Mendes
29/12/2024
(DES) SOCIALIZAÇÃO Minha amiga e ex-professora de yoga, a Inácia, enviou-me esses dias, encantada, uma mensagem em que relatava um encontr...
-
Um repórter perguntou à poeta Cora Coralina o que é viver bem. Ela lhe disse: "Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E dig...
-
Aos Amados Irmãos do Conselho da Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte Belo Horizonte, 10 de maio de 2012. Caros Irmãos, A Segun...
-
No Japão, a idade de sessenta anos é chamada de "idade de retorno" porque um ciclo de sessenta anos é concluído; ou ...