segunda-feira, 29 de junho de 2020

Dor do outro





Palavra


É sua a estrada


Nublado



"Quando fico nublado por dentro,
lembro-me que preciso deixar chover para poder clarear."

 Mia Couto 

Reivindicações


Fugaz


Arquitetura Funcional




"Não gosto da arquitetura nova
Porque a arquitetura nova não faz casas velhas
Não gosto das casas novas
Porque casas novas não têm fantasmas
E, quando digo fantasmas, não quero dizer essas
Assombrações vulgares
Que andam por aí…
É não-sei-quê de mais sutil
Nessas velhas, velhas casas,
Como, em nós, a presença invisível da alma… Tu nem sabes
A pena que me dão as crianças de hoje!
Vivem desencantadas como uns órfãos:
As suas casas não têm porões nem sótãos,
São umas pobres casas sem mistério.
Como pode nelas vir morar o sonho?
O sonho é sempre um hóspede clandestino e é preciso
(Como bem sabíamos)
Ocultá-lo das outras pessoas da casa,
É preciso ocultá-lo dos confessores,
Dos professores,
Até dos Profetas
(Os Profetas estão sempre profetizando outras coisas…)
E as casas novas não têm ao menos aqueles longos,
Intermináveis corredores
Que a Lua vinha às vezes assombrar!"

Mário Quintana
Apontamentos de história sobrenatural

domingo, 28 de junho de 2020

Reinvento-me...



"Sou isso hoje… Amanhã, já me reinventei.
Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim.
Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina… E vice-versa.
Me perco, me procuro e me acho.
E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar…"

Tati Bernardi

O Coronavírus visto do Budismo




"Discípulo:

Mestre, custa-me tanto compreender que o Pai nos mandou um vírus tão agressivo. Qual é o propósito?

Mestre:

O Pai não manda. Permite, o que é diferente. A pandemia foi gerada pelo homem através da violação constante das leis universais.

Discípulo:

Mas algo tão ruim vai gerar muita destruição.

Mestre:

Coronavírus não é ruim. Também não é bom. É necessário, o que é diferente.
Não existe nada de errado para o universo. Se o coronavírus está presente é porque foi permitido pela divindade, ou não poderia existir.

A ideia do bem e do mal é gerada na sua mente que julga desde o seu arquivo de ignorância um sucesso que em si é neutro.

Discípulo:

Mas são tantas as pessoas que estão se contagiando no mundo, ou vão ficar sem ter nem o que comer. Tantas crianças, idosos, homens e mulheres. É muito injusto.

Mestre:

O injusto não existe dentro do amor universal. Isso existe apenas na sua mente que não compreende o propósito que há no fundo.

O que sim existe é o justo, o preciso, o exato, o correspondente. Existe um processo evolutivo necessário que consiste em uma tomada constante de informação. Um ir aprendendo através de enfrentar as dificuldades que a vida nos apresenta, para que no meio do caos e do sofrimento que é gerado, descubramos o princípio de amor que se encontra na própria vida. E este princípio de amor é aquele que nos irá libertar das limitações humanas, e nos fará correspondentes com experiências de muito mais satisfação e harmonia.

Você tem que entender que a ninguém acontece uma experiência que não lhe corresponda. E se lhe cabe a viverá, mesmo que lute ou resista. Coronavírus não é ruim. 
É muito bom, já que por meio dele muitas pessoas estão aprendendo.
Está se elevando o nível de consciência do planeta, ao nos ver na necessidade de desenvolver grandes ferramentas de amor como são a aceitação, a avaliação e a adaptação. Paciência, tolerância e respeito.

Pode ser um teste difícil, mas ruim não é. Você está crescendo graças a ele.
Se você parar de ver o coronavírus desde os seus medos, e começar a vê-lo desde a sua compreensão, você poderá reconhecer o valor que há nele. 
Assim você pode passar esta prova que a vida está te apresentando.

A decisão está em você, e para isso a vida te deu um livre arbítrio.

A você foi concedida a faculdade de tomar decisões, e estas serão respeitadas pelo universo completo. Você pode dar a opção ao medo, ao orgulho e ao ego.

Ou você pode dá-la ao amor. A decisão é sua. Está em você!

Que decisão você está fazendo? Você optou pelo medo ou pelo amor?

A decisão é sua, mas terá um resultado, que também é seu, e você terá que assumir.

Se você se decidiu pelo medo, você gerará destruição na sua paz, na sua energia vital, nos seus relacionamentos e na sua saúde.

Se você se decidiu pelo amor você passará a prova que a vida está te apresentando, e você não precisará mais voltar a sofrer mais.

Dê a opção ao amor. O caminho é sempre o amor.

Discípulo:

E o que é dar a opção ao amor?

Mestre:

- Torne-se um ser imperturbável. Invulnerável. Trabalhe em você para que sua paz e sua felicidade não dependam do externo.

- Pare de ver problemas, e comece a ver oportunidades que você pode aproveitar para fazer um crescimento interior.

- Desenvolva a aceitação. " Tudo o que acontece é perfeito, e se existe e acontece é porque tem um propósito ". " Pai, que seja feita a tua vontade e não a minha ". " Mostre-me como posso te servir melhor ".

- Aprenda a fluir e a adaptar-se. Aja com sabedoria em vez de reagir desde o medo.

- Vigie o seu pensamento para que só vibre na frequência do amor. Isso vai levar você a ter clareza na mente.

-Não compartilhe seus medos com os outros. Compartilhe somente seu entusiasmo e sua alegria.

- Fique de olho no seu verbo.

Que a tua palavra gere harmonia, e faça sentir confiantes e seguros aos outros.

As dificuldades não são resolvidas lutando contra elas.

Torne-se amigo do coronavírus. 
Não veja você isso como algo ruim, mas como algo necessário.

E fale com ele: " o que você está me ensinando?". " Você é valioso para mim e eu estou disposto a aprender o que você puder me ensinar ".

"Assim que aprender você pode ir embora porque eu não vou mais precisar de você".

Aproveite a oportunidade que neste momento a vida está te apresentando, para fazer um trabalho interior"

 Mestre Budista



sábado, 27 de junho de 2020

Vírus do Amor em épocas de COVID-19


Aprender de novo




"Eu quero desaprender para aprender de novo. 
Raspar as tintas com que me pintaram. 
Desencaixotar emoções, recuperar sentidos."

Rubem Alves

Solidão ou Liberdade?


Poema


"Poesia em formato de caminho"


Palavras



"Faço o possível para escrever. 
Eu quero que a frase aconteça. 
Não sei expressar-me por palavras. 
O que sinto não é traduzível. 
Eu me expresso melhor pelo silêncio.
Expressar-me por meio de palavras é um desafio.
Mas não correspondo à altura. 
Saem pobres palavras."

Clarice Lispector 


Martha Medeiros



"Sei lá

Já fui de esconder o que sentia, e sofri com isso. Hoje não escondo nada do que sinto e penso, e às vezes também sofro com isso, mas ao menos não compactuo mais com um tipo de silêncio nocivo: o silêncio que tortura o outro, que confunde, o silêncio a fim de manter o poder num relacionamento. 

Assisti ao filme "Mentiras sinceras" com uma pontinha de decepção - os comentários haviam sido ótimos, porém a contenção inglesa do filme me irritou um pouco - mas, nos momentos finais, uma cena aparentemente simples redimiu minha frustração. Embaixo de um guarda-chuva, numa noite fria e molhada, um homem diz para uma mulher o que ela sempre precisou ouvir. E eu pensei: como é fácil libertar uma pessoa de seus fantasmas e, libertando-a, abrir uma possibilidade de tê-la de volta, mais inteira. Falar o que se sente é considerado uma fraqueza. 

Ao sermos absolutamente sinceros, a vulnerabilidade se instala. Perde-se o mistério que nos veste tão bem, ficamos nus. E não é este tipo de nudez que nos atrai. Se a verdade pode parecer perturbadora para quem fala, é extremamente libertadora para quem ouve. É como se uma mão gigantesca varresse num segundo todas as nossas dúvidas. Finalmente se sabe. Mas sabe-se o quê? O que todos nós, no fundo, queremos saber: se somos amados. Tão banal, não? E, no entanto esta banalidade é fomentadora das maiores carências, de traumas que nos aleijam, nos paralisam e nos afastam das pessoas que nos são mais caras. 

Por que a dificuldade de dizer para alguém o quanto ele é -ou foi - importante? Dizer não como recurso de sedução, mas como um ato de generosidade, dizer sem esperar nada em troca. Dizer, simplesmente. A maioria das relações - entre amantes, entre pais e filhos, e mesmo entre amigos - ampara-se em mentiras parciais e verdades pela metade.

Podem-se passar anos ao lado de alguém falando coisas inteligentíssimas, citando poemas, esbanjando presença de espírito, sem alcançar a delicadeza de uma declaração genuína e libertadora: dar ao outro uma certeza e, com a certeza, a liberdade. Parece que só conseguiremos manter as pessoas ao nosso lado se elas não souberem tudo. Ou, ao menos, se não souberem o essencial.

E assim, através da manipulação, a relação passa a ficar doentia, inquieta, frágil. Em vez de uma vida a dois, passa-se a ter uma sobrevida a dois. Deixar o outro inseguro é uma maneira de prendê-lo a nós - e este "a nós" inspira um providencial duplo sentido. Mesmo que ele tente se libertar, estará amarrado aos pontos de interrogação que colecionou. 

Somos sádicos e avaros ao economizar nossos "eu te perdôo", "eu te compreendo", "eu te aceito como és" e o nosso mais profundo "eu te amo" - não o "eu te amo" dito às pressas no final de uma ligação telefônica, por força do hábito, e sim o "eu te amo" que significa: "seja feliz da maneira que você escolher, meu sentimento permanecerá o mesmo". 

Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimi-la é trabalho para uma vida. 

Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas..."

Martha Medeiros.

Medo



"Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior
e por isso nunca falamos no que realmente importa."

(Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres)
Clarice Lispector

Dragões interiores




"- Mestre, como posso enfrentar o isolamento?

- Limpe sua casa. Muito bem. Em todos os cantos.
Mesmo aqueles que você nunca teve vontade, coragem e paciência de tocar.
Torne sua casa brilhante e cuidada. Remova a poeira, as teias, as impurezas. Até as mais escondidas.
Sua casa representa a si mesmo: se você cuida dela, você também cuida.

- Mestre, mas o tempo está longo.
Depois de cuidar de mim através da minha casa, como posso viver o isolamento?

- Conserte o que você pode consertar e elimine o que você não precisa mais.
Dedique-se ao remendo, borda os arranques das suas calças, costura bem as bordas desfiadas dos seus vestidos, restaura um móvel, conserte tudo o que vale a pena reparar.
Os restantes jogam fora. Com gratidão.
E com consciência de que seu ciclo terminou.
Arrumar e eliminar fora de você permite consertar ou eliminar o que está dentro de você.

- Mestre e depois o que?
O que posso fazer o tempo todo sozinho?

- Semeia.
Até uma semente em um vaso.
Cuide de uma planta, regala todos os dias, fale com eles, dê um nome, tire as folhas secas e as ervas daninhas que podem sufocá-la e roubar energia vital preciosa.
É uma maneira de cuidar das suas sementes interiores, dos seus desejos, das suas intenções, dos seus ideais.

- Mestre e se o vazio vier me visitar?... Se o medo da doença e da morte chegam?

- Fale com eles.
Prepare a mesa para eles também, reserve um lugar para cada um dos seus medos.
Convida-os para jantar com você. E pergunte-lhes por que eles chegaram de tão longe até sua casa. Que mensagem você quer trazer.
O que eles querem te comunicar?

- Mestre, acho que não consigo fazer isso...

- Não é o isolamento seu problema, mas sim o medo de enfrentar seus dragões interiores. Aqueles que você sempre quis afastar de você. Agora você não pode fugir.
Olhe nos olhos deles, ouça-os e descobrirá que foi colocado contra a parede.
Você foi isolado para poder falar com você.
Como as sementes que só podem brotar se estiverem sozinhas."

Autor desconhecido

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Mês do orgulho LGBTQIA+




Olá!
Como introdução, resolvi copiar este artigo de 2019, para apresentar aos ignorantes no assunto, entre os quais me incluía ou ainda me incluo, o significado de cada "letrinha" desta sigla ou abreviatura enorme!
Aí vai...







sigla LGBTQIA+

Deu pra ler?
Ocorreram-me tantas ideias para falar sobre o assunto, que não sei como organizá-las.
Em primeiro lugar, não há como não me lembrar de uma querida amiga que tem dois filhos que fazem parte deste grupo, e que veste a camisa de "Mães pela Diversidade", com muito orgulho e todo o amor. É um exemplo a ser seguido.
Sei que muitos de vocês, a esta altura (e eu nem comecei direito o texto ainda), já pensaram: "Coitadaa!!"
A vida de cada um de nós tem seus percalços e seus desafios. Ninguém foge a eles.
Vivemos numa cultura machista, em que as minorias tendem a ser discriminadas e julgadas. É raro nascer em um lar, no Brasil, que não tenha sofrido esta influência, por maior ou menor que seja.
Preconceito.
Imagino que minha amiga pode ter lidado, sim, com grandes desafios internos e externos para com a situação, mormente por "pena" do que os filhos teriam que enfrentar, mas também por muitos outros aspectos, até chegar ao ponto em que se encontra hoje. É uma pessoa admirável, por motivos vários, inclusive.
O fato é que, quero deixar bem claro, a "opção" sexual de cada um de nós não chega a ser bem uma escolha. Quando se chega à puberdade, até mesmo antes, já se sente atração por um ou por outro sexo. Isso brota natural e independentemente da vontade.
Muitas teorias erguem-se a este respeito. A psicanálise tem uma, outros falam em modo de ser criado, em genética, em estrutura de personalidade, em ambiente, falta de pai, excesso de mãe, em influência externa, abusos sofridos... Não pretendo desenvolver este tema, muito complexo e que demanda pesquisa. São muitos pontos de vista e ideologias discrepantes. Deixemo-los de lado. O processo é de cada um e possivelmente haja vários fatores interconectados.
Quero falar, primeiramente, do respeito que se deve a todo e qualquer ser humano, seja lá quem for e em que nível evolutivo se encontre. Este é um ponto fundamental e do qual estamos distantes como humanidade, infelizmente. Mas, se não podemos amar, compreender, pelo menos que nos respeitemos uns aos outros, profundamente, sem julgamentos e pré-conceitos. Sem querer interferir na vida alheia e sem desejar mudar o próximo. Nem a nós mesmos conseguimos mudar, apesar de nossos esforços.
Cada um sabe de si e onde lhe apertam os sapatos. Ninguém calçou os meus, ninguém calçará os seus. Portanto, não julgue. 
A sua sexualidade só diz respeito a você, contanto que não faça mal ou desrespeite outro ser.
Assim como os negros, indígenas, refugiados, moradores de rua e muitos outros, os integrantes do grupo LGBTQIA+ sofrem discriminações desde sempre; e desde que se entendem por gente enfrentam uma luta interna, na tentativa de compreenderem a si mesmos, de se assumirem perante si mesmos e perante a família e a sociedade e muitas vezes, no início da vida afetiva, tentam relações heterossexuais para fazerem parte de uma dita "normalidade". Não se encaixam, entretanto. Que fazer? É uma batalha!
Isso sem fazer referência aos atos de violência gratuitos a que são sujeitos inúmeras vezes, por ignorância e prejulgamento por parte de outrem. A educação tem um valor fundamental para prevenir estes episódios.
Apesar de nossa sociedade contemporânea já aceitar inclusive que se ande de mãos dadas com pessoas do mesmo sexo em público, o casamento entre elas, adoção de filhos, muitas dessas pessoas nunca saem do armário, levando uma vida dupla e conturbada, cheia de conflitos; as dificuldades parecem ser maiores no que tange à aceitação por parte de seus familiares, mas também no trabalho, grupos de amigos e afins.
Que sofrimento é esse?  A necessidade de ser aceito é muito grande dentro em nós, seres humanos, de nos sentirmos parte, sentirmo-nos aceitos, amados e respeitados. 
Ainda, a ideologia política atual tende a condená-los, assim como muitas religiões.
Não deve ser nada fácil ser integrante deste grupo, e ninguém faz parte dele por livre e espontânea vontade. Se bem que, por mero modismo, já presenciei alguns adolescentes se denominarem "bi", por exemplo, sem o serem na verdade, por pegar bem, "ser bonito" hoje em dia. Ainda, há aqueles que fazem incursões por relações com pessoas do mesmo sexo, por mera curiosidade, sem que se identifiquem com os bissexuais ou outra denominação... 
Confuso, né?!
Muito mais confuso ainda se tornou, com o aparecimento desta "porção" de letras que denominam cada orientação. Aparentemente, englobam o todo e incluem mais pessoas. Mas... será mesmo? Daqui a pouco, teremos todo o alfabeto...
A meu ver, quando a denominação antiga GLS ainda era válida, talvez o grupo fosse mais coeso e tivesse mais força política. Quanto mais dividido, mais enfraquecido. Pois "eu sou assim, você é assado, não somos a mesma coisa. Não me identifico com você." Não seria muito mais fácil fazer o grupo se dissipar, desta forma? A representação deixa de existir, e cada conjunto teria menos integrantes, vamos dizer assim. Menos força. É um caso a se pensar... 
Já diria Sun Tzu em "A Arte da Guerra".
Mas é certo que hoje têm mais visibilidade do que quando eram apenas GLS.
O que mais tenho a dizer?
Tenho queridos amigos, graças a Deus, que fazem parte desta denominação e que enriquecem minha vida com amor, com outros pontos de vista, com humor, com descontração e com questionamentos válidos. Eles são um grupo à parte, no bom sentido; mas que nunca sejam um grupo "à parte"! Torno-me uma pessoa mais rica por isto. Sou grata.
Só queria que não tivessem que ter sofrido tanto, e desejo-lhes todo o bem, o respeito, o amor, a inclusão, a compreensão e tudo o que for de melhor, com seu vocabulário próprio, seus lugares preferidos, suas lutas políticas e internas, sua arte, e que cada um seja pleno e possa simplesmente ser! Que me incluam em suas vidas.
Principalmente, que sejam amados, valorizados e aceitos por suas famílias, como todo filho deve ser, e assim como minha amiga ama e se orgulha de seus filhos! Que sejam felizes.
A humanidade é diversa, graças a Deus!!
Que seja assim!!

Paula Mendes
26/06/2020





Quem sou?



"A única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.
Quem sou?
Bem, isso já é demais!"

Clarice Lispector

Afirmações para um lindo dia


segunda-feira, 22 de junho de 2020

O que era?




Você não era o que era
Era outro naquela era
Ou não era?
Será que outra era eu?
Será que a paixão escondeu?
Não houve encontro de almas
Mas houve um pouco de calma
Encaixo aqui? Resisto ali?
Acolá, acedo?
É cedo?
Sim, era.
Foi-se uma era.
Já era.

Paula Mendes
22/06/2020



Passageiros


Somos passageiros, mas motoristas também...

Ansiedade


Disso nós sabemos, não é mesmo?
Muito fácil falar...
Racionalmente, intelectualmente, é tranquilo compreender.
O problema todo está na hora de sentir. Como controlar a ansiedade, ainda mais nestes dias de COVID-19 e isolamento social?
A última opção, que seja a medicação.
Temos a psicoterapia, a meditação, yoga, músicas relaxantes, cuidar de plantas...
Que nos ocupemos com o que gostamos, um hobby.
Que aprendamos a nós entregar ao presente, e vivê-lo por inteiro, concentrados e dedicados ao que estamos fazendo.
É um exercício.
Sairemos fortalecidos!

Pensamento


Pense nisso!!

Pense!



"Não quero que pense como eu.
Só quero que pense."

Frida Khalo

domingo, 21 de junho de 2020

Pessoa




"Não se acostume com o que não o faz feliz...  
revolte-se quando julgar necessário... 
alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas..."

 Fernando Pessoa 

sábado, 20 de junho de 2020

Cuidados



Deparei-me com esta foto na internet.
Remete-me a tantas coisas, que não posso deixar de registrar.
Dizem que quando nasci, chorei durante dois anos seguidos. Tinha dores de ouvido, diarreia, constipação... O fato é que tiveram que se organizar, entre cinco, para fazerem rodízio a fim de cuidar de mim. Morávamos em um apartamento conjugado com o de meus avós paternos. Desse modo, dei muito trabalho a meus pais, meus avós e à tia Genita, irmã de meu avô, que se revezavam em uma cadeira de balanço a me embalar, na esperança do choro cessar.
Logo pela manhã, os vizinhos do prédio da rua Santa Rita Durão comentavam com minha mãe, para seu constrangimento:
- A neném chorou esta noite, hein?!
Nada a responder.
Era muito amor envolvido. Convivemos lado a lado com vovó Stella e vovô Arnaldo até meus seis anos de idade, quando nos mudamos para o Cruzeiro, bairro onde meus pais ainda residem.
Houve época em que eu pulava na cama de meus avós, entre os dois, às cinco da manhã; comprávamos balas e chocolates no armazém do Sr. Mozart, não sei se se escreve assim, na conta de meus avós. Nesta época, tinha um caderninho em que se anotavam as compras, para no fim do mês se acertarem. 
Comíamos pão sovado, que tinha a forma de um "B", e o chamávamos de "pão de Batmann". E, assim, tantas outras lembranças. Este amor se propagou por toda a vida, permeou minha adolescência, minha juventude, até que Stella nasceu, nome de minha avó, que carinhosamente a chamava de "xarazinha". Ainda hoje Stella usa um jogo de toalhas que vovó havia ganhado, com seu nome bordado, e presenteou minha filha com ele.
O amor dos avós costuma ser parte importantíssima e essencial na vida de muitos de nós. O casal era um exemplo de amor, minha avó era meu exemplo de vida.
Tudo isso me faz pensar na atualidade, em que as mães saem de casa para trabalhar e deixam os filhos com os avós, durante este período. Minha mãe optou por criar os filhos, retomando as aulas de inglês quando já estávamos "maiorzinhos", aos seus 39 anos. Muitas vezes, porém, as mães não têm como bancar uma babá e necessitam sair para trabalhar; outras, escolhem a confiança e os cuidados amorosos, ao invés dos cuidados de outrem. Stella mesmo permaneceu por dois anos na casa de D. Célia e Sr. Vicente, meus sogros, no período em que estive internada por mais tempo. Foi carinhosamente cuidada, amada. Eterna minha gratidão e amor por eles. Meus pais se desdobraram para cuidar de minha filha, igualmente. E de mim.
Com o advento do COVID-19, corre-se o risco dos netos serem portadores, sem perceber, do vírus a seus avós. Os idosos são grupo de risco. Que fazer?
Não se pode abraçar, não se pode beijar. Como evitar tudo isso diante de uma criança?
Há que se atentar e cuidar dos idosos.
Em outros países, como o Japão, os idosos são muito mais respeitados, considerados e ouvidos. Mais do que isso, são valorizados. Por aqui, no ocidente, costumam ser menosprezados, não se tem paciência para ouvi-los, para cuidar deles, e muitas vezes vão parar em casas de repouso desnecessariamente ou deixados sob a responsabilidade de cuidadores, com a falsa impressão de que se está fazendo sua parte.
Sem julgamentos. Há casos em que isso se faz necessário, por circunstâncias várias. Entretanto, falo dos casos em que isso não é preciso, em que se pode cuidar, amar, respeitar, ouvir, curtir a presença deste membro essencial da família.
Um dia, também seremos velhinhos.
Meus pais estão confinados em casa. Isolamento social total. Só saem para atendimento médico, tratamento de saúde. Há meses não os vejo, que saudade!!! Conversar todos os dias não é o bastante; no entanto, é o que temos para hoje.
O amor implícito naquela foto tudo fala. Que seja recíproco, sempre!
"A vida é feita de ciclos, portanto, viva todos, sabendo que nenhum deles é definitivo." (Desconheço autoria).
Cada fase tem sua magia.
Cuidemos de nós mesmos, em primeiro lugar, para assim podermos cuidar dos outros; cuidemos de nossos filhos, cuidando por tabela dos avós. Cuidemos de nossos pais. Cuidemos de nosso país.
Fique em casa! Muita calma nessa hora!

Paula Mendes
20/06/2020















sexta-feira, 19 de junho de 2020

Ânsia de Viver



Onde vai dar esta estrada?
Onde vai dar eu não sei
Eu sei daquilo que dou
Pra percorrer o caminho
Muitas vezes, nem mesmo eu sei
Vislumbro, talvez
Trago bagagem comigo
Inútil, em sua grande parte
Mas sou o que nela está
Difícil desapegar
Difícil curtir o caminho, mais nada.
Onde vai dar esta estrada?
Esta resposta é tal
que tampouco ocê a terá
O jeito é ajeitar a bagagem
Carregar malas mais leves
Uma mochila talvez...
O horizonte promete
Não será sempre crepúsculo
Nem tão verdejante será
Terá sol
E terá chuva
Estrelas também terá
Onde vai dar esta estrada?
Em cada momento, pago pra ver.
Por dentro do trem da vida
Faço minha parte, ativa
Caminho
Deixo bagagens aqui
Pego bagagens ali.
Escolher é a minha parte
Onde vai dar esta estrada
É a soma de todos os vetores
E só então saberei
E não voltarei pra contar
Entrar neste trem
Estar neste trem
Percorrer os caminhos
Curtir a vista daqui.
Escolher bagagens que valham
o peso a se carregar
Onde vai dar esta estrada?
Ansiedade, por que teima em me perguntar?

Paula Mendes
19/06/2020




Paciência!!


Responsabilidade...


"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

Antoine de Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe

terça-feira, 16 de junho de 2020

Ter ou não ter namorado











"Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil. 

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção.
A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira:
basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem amor, é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes,
dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. 

Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas,
medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.

Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade,
ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.

Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas,
de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada, quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia,
ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico
ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. 

Não tem namorado quem não
gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas
e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele;
abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não redescobre a criança
e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas,
beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. 

Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. 

Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. 

Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz.

Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo
e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.

Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e,de repente, parecer que faz sentido."

Carlos Drummond de Andrade

Ter ou não ter, eis a questão!
Achei muito interessante este texto de Drummond.
Não tenho namorado. Mas também não me identifico nem me encaixo nesta descrição de quem não tem namorado.
Acho que se deve abstrair a ideia do texto.
Ninguém é obrigado a ter namorado. Muitas vezes, ficar sozinho é reconfortante também.
Cada um sabe de si e vive o seu momento, porém, mesmo não tendo um companheiro ou companheira, acho que devemos ser sempre leves como o texto sugere, saber o gosto da chuva, do afeto, sem muitos grilos na cabeça. Cuidar do próprio jardim.
Uma leitura que vale a pena em  Carlos Drummond!
Paula Mendes

Uma homenagem aos indígenas

Imagem mais linda!
Dispensa palavras.





A mídia


Cartas de Amor...




"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas)."
.
21-10-1935
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993)


A Lua


O Amor







segunda-feira, 15 de junho de 2020

Mulher inteligente



"Quantos homens ouvi dizer que querem uma mulher inteligente em suas vidas!
Gostaria de encorajá-los a pensar sobre isso. Mulheres inteligentes. Elas tomam decisões por si mesmas, têm seus próprios desejos e estabelecem limites. Você nunca será o centro da vida delas, porque ela gira em torno de si mesma.
Uma mulher inteligente não será manipulada ou chantageada, ela não engole culpa, assume responsabilidades.
Mulheres inteligentes questionam, analisam, argumentam, elas não estão satisfeitas, elas avançam.
Essas mulheres tiveram vida antes de você e sabem que continuarão a tê-la quando você partir. Elas estão aqui para avisar, não para pedir permissão.
Essas mulheres não procuram no parceiro um líder para seguir, um pai que resolverá suas vidas ou um filho para resgatar. Elas não querem segui-lo ou liderar o caminho para ninguém, elas querem andar ao seu lado.
Elas sabem que a vida livre de violência é um direito, não é um luxo ou um privilégio.
Elas expressam raiva, tristeza, alegria e medo, porque elas sabem que o medo não as tornam fracas, da mesma maneira que a raiva não as torna "masculinas".
Essas duas emoções e as outras, juntas, a tornam humanas.
E agora! Uma mulher inteligente é livre porque lutou por sua liberdade.
Mas ela não é uma vítima, ela é uma sobrevivente.
Não tente acorrentá-la, porque ela saberá como escapar.
Lembre-se de que você já fez isso antes.
A mulher inteligente sabe que seu valor não está na aparência de seu corpo ou o que ela faz com isso.
Pense duas vezes antes de julgá-la por idade, altura, volume ou comportamento sexual, porque isso é violência emocional e ela sabe disso.
Então... antes de abrir a boca para dizer o que você quer para uma mulher "inteligente" em sua vida, pergunte-se se você realmente é feito para se encaixar na dela."

Gabriel García Marquez

Uma mulher com seu amante



"Às vezes sentava-me na rede,
balançando-me com o livro aberto no colo,
sem tocá-lo,
em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro:
era uma mulher com o seu amante."

Lispector
In: felicidade clandestina

Costurando a vida! – Fica-te tão bem o dia que trazes. Onde é que o arranjaste? – Fui eu que fiz. Já me aborreciam os dias sempre iguais, se...