Bom dia a
todos!
Em primeiro
lugar, gostaria de agradecer aos jovens irmãos o convite e principalmente a
Deus pela oportunidade de estar aqui hoje com vocês.
Tenho muito
o que agradecer!
Pelas
mudanças que o Senhor realizou em mim, me fazendo uma pessoa melhor, nestes 8
anos de enfermidade ( hoje sou uma pessoa muito mais tranqüila, mais paciente e
feliz);
Pelos
muitos momentos em que Ele me carregou no colo, como no desenho do Smilinguido
deitado e completamente entregue em Sua mão sustentadora;
Pelos
momentos em que Ele me enviou seus anjos em forma de enfermeiras, me
proporcionando consolo e conforto nas horas mais difíceis;
Pelo
cuidado que Ele teve comigo através da família e dos amigos, especialmente o
Pr. Márcio, Dalva e Vanita, representando a igreja e a quem devo toda a
gratidão;
Pelas
muitas vezes em que pude me imaginar deitada em Seu colo, quando o Senhor
afagava meus cabelos, especialmente nas horas de dor;
Pelo cuidado
e dedicação dos médicos;
Pela grande
melhora de meu quadro.
Com toda
esta sustentação que Ele me proporcionou, não pude me furtar ao dever de tentar
pregar o Evangelho, mesmo que de uma forma silenciosa. Fiz o que pude para
demonstrar que Deus agia em mim através da resignação, da aceitação de tudo o
que Ele me propunha a cada fase, da gratidão, do sorriso na boca. Talvez não
tenha feito muito, mas foi o que consegui fazer...
E o que
quero falar hoje é justamente sobre isto, do nosso dever na pregação do Evangelho,
de uma forma ou de outra.
Para isso,
convido a fazer uma reflexão e a abrir nossas Bíblias na Iª Epístola de Paulo
aos Coríntios, capitulo 9.
Conjecturas
Sobre a Pregação
I
Coríntios, 9:20-23
”E fiz-me como judeu para os judeus, para
ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da
lei, para ganhar os que estão debaixo da lei.
Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para
com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para
todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele”
Andei
conjecturando sobre a pregação do evangelho e as várias maneiras de se fazer
isto. Somos Cristãos, conhecedores do Amor de Deus para conosco e de Seu
sacrifício para nos salvar; diante disto, nada mais natural do que o desejo de
transmitir esta Boa Nova às pessoas a nossa volta, especialmente àquelas de que
a gente gosta e com quem a gente convive. Temos inclusive o dever ético e moral
de fazer isto, como nos diz Paulo um pouco mais acima, no versículo 16:
I Cor 9,16 – Porque, se anuncio o
evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação, e ai
de mim, se não anunciar o evangelho!
Outro dia aconteceu uma coisa muito engraçada: eu esqueci em um taxi algumas
compras que havia feito no shopping, e a única coisa de que me lembrava era o
nome do taxista, que por sinal era Jesus (ou Jésus, mas não tinha acento na
plaquinha dele) e o carro que ele dirigia. Pena que esse Jesus não voltou pra
entregar as compras...
Pois bem.
No dia seguinte, minha mãe foi ao ponto de taxi que fica ao lado do Diamond
Mall e começou logo a perguntar aos taxistas se alguém o conhecia; para não
perder a oportunidade, tinha um taxista que já estava saindo com um passageiro,
quando ela chegou a sua janela e lhe perguntou: “Moço, o senhor conhece Jesus?”
O
passageiro foi logo respondendo, muito educado: “Minha senhora, o sinal já
abriu e estou com um pouco de pressa, não posso esperar...”
Nós rimos
demais! Ele obviamente achou que minha mãe estava querendo pregar, e foi logo
dando uma desculpa pra se livrar daquilo que lhe parecia uma ‘chatice’, ou no
mínimo algo fora de hora... Bom, não era nada daquilo, mas faz a gente pensar,
não faz?...
Tem certas
maneiras pelas quais a gente não consegue ‘chegar’ nas pessoas... Para tudo
existe hora, lugar e meios.
Paulo neste
texto mostra como se fazia mais próximo de seu próximo, com toda a humildade,
para se fazer entender e assim chegar a ganhar alguns (porque muitos
são chamados, mas poucos escolhidos- como nos diz Jesus na Parábola das
Bodas Mt 22:14 )...
Quando
ministrava aos judeus, conformava-se às regras cerimoniais do Antigo
Testamento, embora ele soubesse que estas questões não eram essenciais; quando
ministrava aos gentios, Paulo dispunha-se a viver como eles, embora
reconhecendo que não tinha a liberdade de desobedecer a Deus (isto ele deixou
bem claro, que não estava sem lei para
com Deus, mas debaixo da lei de Cristo).
E assim por
diante, seguindo o exemplo de nosso próprio Pai Celestial, que se fez mais próximo
de nós fazendo-se Homem, para ganhar a humanidade e ensiná-la a ser partícipe
de Seu Amor!...
Meu irmão viajou para a Argentina há pouco tempo e eu, talvez de saudade,
acabei sonhando em espanhol. Não sei falar espanhol, sei ler porque minha
profissão exigiu de mim; mas eu e meu pai acabamos criando o hábito de ouvir na
TV a cabo o jornal nas mais variadas línguas, um dia em espanhol, outro em
italiano, outro no português de Portugal, outro ainda em francês. Só mesmo ao
alemão é que não deu para o ouvido se acostumar, mesmo tentando bastante; enfim,
o ouvido acabava se deixando impressionar e a gente até que entende alguma
coisa no final das contas. Era mesmo falta do que fazer, hábito criado na época
em que fiquei muito tempo hospitalizada.
Bom, acabei pensando no meu irmão tentando se comunicar em país estranho, em
língua estranha, cultura estranha. E nos estrangeiros de uma maneira geral, da dificuldade
que eles enfrentam pra se comunicar e se fazerem entender.
Ocorreu-me em seguida um fenômeno que, usualmente parece, acontece nas igrejas
pentecostais e neopentecostais e que não sei bem descrever, mas que se
caracteriza pelo “falar em línguas”, manifestação do Espírito Santo. Fala-se em
hebraico, aramaico, pelo que me disseram; coisas difíceis de interpretar. Não sei
ao certo, este fenômeno não me é familiar. Mas sei que se trata de um dos dons
espirituais descritos na Bíblia.
Resolvi então abrir em I Coríntios e ler um pouco sobre os dons espirituais,
especialmente sobre aquele de ‘falar em línguas’. No capítulo 14, versículos 9
a 11, Paulo nos diz:
“Assim vós, se, com a língua, não
disserdes palavra compreensível, como se entenderá o que dizeis? Porque
estareis como se falásseis ao ar. Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no
mundo, nenhum deles, contudo, sem sentido. Se eu, pois, ignorar a significação
da voz, serei estrangeiro para aquele que fala e ele, estrangeiro para mim”.
E temos nossa responsabilidade cristã da
pregação, de falar do amor desse Pai misericordioso e trazer esperança,
consolo, edificando e exortando nossos irmãos. Sem mandar embora quem está
ouvindo, criando resistências e antipatias que mais tarde só farão prejudicar o
entendimento dadivoso disso que é o Amor incomparável que só o Senhor nos
proporciona.
Imaginem, por exemplo, se fôssemos dar uma palestra para a ‘melhor idade’,
utilizando a linguagem cheia de gírias dos jovens... Há que se ser coerente,
não é mesmo?
E assim por
diante, imaginemos em que “língua” deveríamos falar para uma platéia de
analfabetos; ou de drogaditos; ou de eruditos... Ou, ainda, para pessoas de uma
denominação cristã diferente da nossa. E se o ouvinte fosse de uma outra
religião, que não tivesse a referência cristã? E se a platéia fosse uma turma
de ateus ? Há que se adequar a cada situação...
Se a gente só fala na própria língua, sem sair um pouquinho de si para chegar
ao outro, na referência dele, talvez a gente acabe é não se comunicando. E, se
bobear, mesmo assim acha que está pregando. É preciso nos fazer entender, nos
fazermos mais ‘próximos’ do nosso próximo, assim como Paulo o fez.
Então, em
nosso próprio portuguezinho mesmo, que tantas vezes deixa muito a desejar, resolvi
propor a ‘revolução’ do conceito de ‘falar em línguas’. E orar e pedir que o
Santo Espírito de Deus possa ter em nós esta forma de manifestação, este dom de
falar em línguas, na língua e na referência de quem ouve, para que possamos nos
comunicar, para que também possamos ouvir e dialogar. E fazer a nossa parte
como os cristãos responsáveis e sensatos que somos, respeitando profundamente (e
sempre) a pessoa e os valores daquele a quem nos dirigimos; e ainda procurando
aprender com isso...
Assim diz Paulo, ainda no capítulo 14, versículos 18 e 19:
“Dou graças a Deus porque falo em
outras línguas mais do que todos vós. Contudo, prefiro falar na igreja cinco
palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras
em outra língua”.
E, ainda, e
mais importante: “Ainda
que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver Amor, serei como o bronze que soa ou
como o címbalo que retine”(I Cor 13, 1).
Lembrando que o AMOR e o EXEMPLO são línguas muito mais universais do que
qualquer Esperanto (propuseram há algum tempo o esperanto como uma língua
universal, mas não chegou a ser adotado como tal...).
O exemplo fala por si só, fala sem
palavras, às vezes chega a ser gritante. Como se diz, “Um exemplo vale mais que
mil palavras!” O Amor é um princípio
de ação; é uma questão de fazer algo
pelos outros por compaixão a eles; e é pelo amor ativo de uns para com os
outros que os discípulos de Jesus podem ser reconhecidos, como nos diz Jesus em
Jo 13, 34-35:
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis
uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos
outros.”.
Que o
Senhor nos abençoe em mais esta esperança, e nos conceda os mais diversos dons,
a cada um conforme Lhe aprouver (a Ele), na unidade orgânica que é nossa
Igreja, pois cada um é um membro do corpo de Cristo, e cada um tem seu dom, recebido
de Deus... Que saibamos fazer bom uso deles, a exemplo de Paulo, para sermos
também e cada vez mais participantes do evangelho – e mais próximos do nosso
próximo!
Graça e Paz a todos, no amor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Paulinha.
16/02/2012