quarta-feira, 16 de maio de 2012

Conjecturas Sobre a Pregação


Bom dia a todos!
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos jovens irmãos o convite e principalmente a Deus pela oportunidade de estar aqui hoje com vocês.
Tenho muito o que agradecer!
Pelas mudanças que o Senhor realizou em mim, me fazendo uma pessoa melhor, nestes 8 anos de enfermidade ( hoje sou uma pessoa muito mais tranqüila, mais paciente e feliz);
Pelos muitos momentos em que Ele me carregou no colo, como no desenho do Smilinguido deitado e completamente entregue em Sua mão sustentadora;
Pelos momentos em que Ele me enviou seus anjos em forma de enfermeiras, me proporcionando consolo e conforto nas horas mais difíceis;
Pelo cuidado que Ele teve comigo através da família e dos amigos, especialmente o Pr. Márcio, Dalva e Vanita, representando a igreja e a quem devo toda a gratidão;
Pelas muitas vezes em que pude me imaginar deitada em Seu colo, quando o Senhor afagava meus cabelos, especialmente nas horas de dor;
Pelo cuidado e dedicação dos médicos;
Pela grande melhora de meu quadro.
Com toda esta sustentação que Ele me proporcionou, não pude me furtar ao dever de tentar pregar o Evangelho, mesmo que de uma forma silenciosa. Fiz o que pude para demonstrar que Deus agia em mim através da resignação, da aceitação de tudo o que Ele me propunha a cada fase, da gratidão, do sorriso na boca. Talvez não tenha feito muito, mas foi o que consegui fazer...
E o que quero falar hoje é justamente sobre isto, do nosso dever na pregação do Evangelho, de uma forma ou de outra.
Para isso, convido a fazer uma reflexão e a abrir nossas Bíblias na Iª Epístola de Paulo aos Coríntios, capitulo 9.






Conjecturas Sobre a Pregação

I Coríntios, 9:20-23
”E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei.
Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele”

Andei conjecturando sobre a pregação do evangelho e as várias maneiras de se fazer isto. Somos Cristãos, conhecedores do Amor de Deus para conosco e de Seu sacrifício para nos salvar; diante disto, nada mais natural do que o desejo de transmitir esta Boa Nova às pessoas a nossa volta, especialmente àquelas de que a gente gosta e com quem a gente convive. Temos inclusive o dever ético e moral de fazer isto, como nos diz Paulo um pouco mais acima, no versículo 16:
I Cor 9,16 – Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação, e ai de mim, se não anunciar o evangelho!

Outro dia aconteceu uma coisa muito engraçada: eu esqueci em um taxi algumas compras que havia feito no shopping, e a única coisa de que me lembrava era o nome do taxista, que por sinal era Jesus (ou Jésus, mas não tinha acento na plaquinha dele) e o carro que ele dirigia. Pena que esse Jesus não voltou pra entregar as compras...
Pois bem. No dia seguinte, minha mãe foi ao ponto de taxi que fica ao lado do Diamond Mall e começou logo a perguntar aos taxistas se alguém o conhecia; para não perder a oportunidade, tinha um taxista que já estava saindo com um passageiro, quando ela chegou a sua janela e lhe perguntou: “Moço, o senhor conhece Jesus?”
O passageiro foi logo respondendo, muito educado: “Minha senhora, o sinal já abriu e estou com um pouco de pressa, não posso esperar...”
Nós rimos demais! Ele obviamente achou que minha mãe estava querendo pregar, e foi logo dando uma desculpa pra se livrar daquilo que lhe parecia uma ‘chatice’, ou no mínimo algo fora de hora... Bom, não era nada daquilo, mas faz a gente pensar, não faz?...
Tem certas maneiras pelas quais a gente não consegue ‘chegar’ nas pessoas... Para tudo existe hora, lugar e meios.
Paulo neste texto mostra como se fazia mais próximo de seu próximo, com toda a humildade, para se fazer entender e assim chegar a ganhar alguns (porque muitos são  chamados, mas poucos  escolhidos- como nos diz Jesus na Parábola das Bodas Mt 22:14 )...
Quando ministrava aos judeus, conformava-se às regras cerimoniais do Antigo Testamento, embora ele soubesse que estas questões não eram essenciais; quando ministrava aos gentios, Paulo dispunha-se a viver como eles, embora reconhecendo que não tinha a liberdade de desobedecer a Deus (isto ele deixou bem claro, que não estava sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo).
E assim por diante, seguindo o exemplo de nosso próprio Pai Celestial, que se fez mais próximo de nós fazendo-se Homem, para ganhar a humanidade e ensiná-la a ser partícipe de Seu Amor!...

Meu irmão viajou para a Argentina há pouco tempo e eu, talvez de saudade, acabei sonhando em espanhol. Não sei falar espanhol, sei ler porque minha profissão exigiu de mim; mas eu e meu pai acabamos criando o hábito de ouvir na TV a cabo o jornal nas mais variadas línguas, um dia em espanhol, outro em italiano, outro no português de Portugal, outro ainda em francês. Só mesmo ao alemão é que não deu para o ouvido se acostumar, mesmo tentando bastante; enfim, o ouvido acabava se deixando impressionar e a gente até que entende alguma coisa no final das contas. Era mesmo falta do que fazer, hábito criado na época em que fiquei muito tempo hospitalizada.

Bom, acabei pensando no meu irmão tentando se comunicar em país estranho, em língua estranha, cultura estranha. E nos estrangeiros de uma maneira geral, da dificuldade que eles enfrentam pra se comunicar e se fazerem entender.

Ocorreu-me em seguida um fenômeno que, usualmente parece, acontece nas igrejas pentecostais e neopentecostais e que não sei bem descrever, mas que se caracteriza pelo “falar em línguas”, manifestação do Espírito Santo. Fala-se em hebraico, aramaico, pelo que me disseram; coisas difíceis de interpretar. Não sei ao certo, este fenômeno não me é familiar. Mas sei que se trata de um dos dons espirituais descritos na Bíblia.

Resolvi então abrir em I Coríntios e ler um pouco sobre os dons espirituais, especialmente sobre aquele de ‘falar em línguas’. No capítulo 14, versículos 9 a 11, Paulo nos diz:
Assim vós, se, com a língua, não disserdes palavra compreensível, como se entenderá o que dizeis? Porque estareis como se falásseis ao ar. Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo, nenhum deles, contudo, sem sentido. Se eu, pois, ignorar a significação da voz, serei estrangeiro para aquele que fala e ele, estrangeiro para mim”.
 E temos nossa responsabilidade cristã da pregação, de falar do amor desse Pai misericordioso e trazer esperança, consolo, edificando e exortando nossos irmãos. Sem mandar embora quem está ouvindo, criando resistências e antipatias que mais tarde só farão prejudicar o entendimento dadivoso disso que é o Amor incomparável que só o Senhor nos proporciona.

Imaginem, por exemplo, se fôssemos dar uma palestra para a ‘melhor idade’, utilizando a linguagem cheia de gírias dos jovens... Há que se ser coerente, não é mesmo?

E assim por diante, imaginemos em que “língua” deveríamos falar para uma platéia de analfabetos; ou de drogaditos; ou de eruditos... Ou, ainda, para pessoas de uma denominação cristã diferente da nossa. E se o ouvinte fosse de uma outra religião, que não tivesse a referência cristã? E se a platéia fosse uma turma de ateus ? Há que se adequar a cada situação...

Se a gente só fala na própria língua, sem sair um pouquinho de si para chegar ao outro, na referência dele, talvez a gente acabe é não se comunicando. E, se bobear, mesmo assim acha que está pregando. É preciso nos fazer entender, nos fazermos mais ‘próximos’ do nosso próximo, assim como Paulo o fez.
Então, em nosso próprio portuguezinho mesmo, que tantas vezes deixa muito a desejar, resolvi propor a ‘revolução’ do conceito de ‘falar em línguas’. E orar e pedir que o Santo Espírito de Deus possa ter em nós esta forma de manifestação, este dom de falar em línguas, na língua e na referência de quem ouve, para que possamos nos comunicar, para que também possamos ouvir e dialogar. E fazer a nossa parte como os cristãos responsáveis e sensatos que somos, respeitando profundamente (e sempre) a pessoa e os valores daquele a quem nos dirigimos; e ainda procurando aprender com isso...

Assim diz Paulo, ainda no capítulo 14, versículos 18 e 19:
Dou graças a Deus porque falo em outras línguas mais do que todos vós. Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua”.
E, ainda, e mais importante:Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver Amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine(I Cor 13, 1).

Lembrando que o AMOR e o EXEMPLO são línguas muito mais universais do que qualquer Esperanto (propuseram há algum tempo o esperanto como uma língua universal, mas não chegou a ser adotado como tal...).

O exemplo fala por si só, fala sem palavras, às vezes chega a ser gritante. Como se diz, “Um exemplo vale mais que mil palavras!” O Amor é um princípio de ação; é uma questão de fazer algo pelos outros por compaixão a eles; e é pelo amor ativo de uns para com os outros que os discípulos de Jesus podem ser reconhecidos, como nos diz Jesus em Jo 13, 34-35:
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.”.
Que o Senhor nos abençoe em mais esta esperança, e nos conceda os mais diversos dons, a cada um conforme Lhe aprouver (a Ele), na unidade orgânica que é nossa Igreja, pois cada um é um membro do corpo de Cristo, e cada um tem seu dom, recebido de Deus... Que saibamos fazer bom uso deles, a exemplo de Paulo, para sermos também e cada vez mais participantes do evangelho – e mais próximos do nosso próximo!

Graça e Paz a todos, no amor de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Paulinha.
16/02/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Costurando a vida! – Fica-te tão bem o dia que trazes. Onde é que o arranjaste? – Fui eu que fiz. Já me aborreciam os dias sempre iguais, se...