sábado, 25 de junho de 2022

Mia Couto

 


- Fica-te tão bem o dia que trazes. Onde é que o arranjaste?

- Fui eu que fiz. Já me aborreciam os dias sempre iguais, sempre a mesma coisa, e resolvi arriscar um toque personalizado.

- E como fizeste?

- Aproveitei coisas que tinha e a que voltei a dar uso. Subi as bainhas da manhã para deixar entrar mais claridade e bordei uns pontos de exclamação nos bolsos para ter sempre à mão maneira de me espantar com a beleza da vida. Descosi velhos hábitos e teci algumas considerações importantes, como a de apanhar as malhas caídas dos dias com força de vontade e coragem. Depois, junto à fímbria da noite, deixei abertos uns rasgos de imaginação e prendi os sonhos com colchetes de luz à esperança num mundo melhor…

2 comentários:

Entre o dizer e o sentir Em português, dizemos: “Eu não sei o que fazer com a saudade.”   Mas na poesia, dizemos:   “Vago pelos espaços vazi...