sábado, 15 de janeiro de 2022

TUDO DE UMA VEZ




Para quem não sabe, meus pais moram em uma casa que tem alguns pavimentos e muitas escadas. Sempre gostaram muito dela, principalmente minha mãe, que sempre disse: "nunca saio daqui".
Sendo assim, com o passar do tempo e o chegar da idade para eles (não apenas para eles rsrs), e também a miastenia gravis, que me provoca fraqueza muscular, meu pai resolveu instalar um elevador na casa, há cerca de 6 anos. 
Pois bem. Manutenção feita mensalmente. No último 16 de dezembro, o cabo do elevador arrebentou e ele caiu o equivalente a dois andares e meio, com meu pai lá dentro. Imaginem o susto! Chamamos os bombeiros, que vieram em duas equipes: uma para abrir o elevador, função que lhes tomou algum tempo, e outra para resgatar meu pai de lá e imobilizá-lo para o transporte pelo SAMU. Fomos levados ao hospital da Unimed, onde se constataram várias fraturas: no pé, no tornozelo, no joelho. Mais tarde, esses dias, com a internação pela Covid, foram descobertas mais fraturas, de cinco vértebras. Ele está com a perna imobilizada e usando um colete incômodo.
Agora, pergunto: foi azar ele cair com o elevador? Ou foi sorte ele sobreviver?
No ano novo, todos nós pegamos Covid. Meus pais, minha filha, minha sobrinha, dois dos meus irmãos. O quadro foi relativamente leve, não foi grave, digamos assim. Eu pergunto: foi azar todos terem se infectado ou foi sorte todos estarem vacinados e relativamente bem?
Já eu, tive que vir para o hospital. Um pouco cansada com a piora da miastenia, decorrente da infecção. Foi azar o meu? Ou foi sorte eu ter um atendimento à hora e recursos para o tratamento?
Maurício, meu irmão, ainda apareceu com diverticulite. O caso não é cirúrgico, e se resolve com antibióticos. Foi sorte ou foi azar?
Tenho amigos que não acreditam em Deus. Para mim, não tem problema nenhum. São gente do bem e vivem com e pelo amor. Mas acredito, do meu ponto de vista, que não existe sorte; existe Deus.
E existem vários ângulos sob os quais se pode olhar o mesmo acontecimento. O meu é o da gratidão. Sem mais.
Fico pensando no que temos a aprender com as situações.  A vida nos colocou, neste momento, de cara com todas estas.
Temos a aprender a paciência da espera, a esperança ou a certeza de dias melhores. Aprender a conviver no dia a dia com as dificuldades. Aprender a cuidar e a ser cuidado.
Aprender a ser gratos por tudo. O convívio no amor e na paz. O desapego.
Meu pai não pretende voltar para a casa. Sim, desapego. É uma nova fase que se inicia, fora da zona de conforto. E é fora dela que aprendemos verdadeiramente.
A vida é feita de mudanças e sei que novas aventuras virão.
Com paciência, esperamos por elas. 
Nossa caixinha de surpresas, de todos nós..

15/01/2022

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