"A vida de ninguém muda de maneira significativa na virada da meia noite do dia 1º de janeiro.
Apesar disso, o ritual de fim de ano tem seu poder simbólico. Ele nos permite parar e refletir sobre o ano que tivemos, bem como imaginar o ano que desejamos daqui a diante.
Creio que a maior lição de 2020 foi escancarar, para todos nós, a imprevisibilidade deste universo que habitamos.
Entramos em 2021 com a plena consciência de que a nossa capacidade de previsão e controle sobre a realidade é bastante limitada.
Disso pode surgir, quem sabe, uma lição. A lição de que não controlamos quase nada nesse universo. Um ser microscópico foi capaz de parar a humanidade durante um ano inteiro para nos dar essa lição.
Mas a lição não acaba aí. Apesar da nossa flagrante incapacidade de controlar a maioria das coisas, existem algumas coisas que estão sob o nosso controle: controlarmos aquilo que escolhemos fazer. Podemos, sim, controlar nossos comportamentos e gestos diários.
Controlamos onde colocamos o nosso foco: nos problemas e dores ou soluções e oportunidades
Controlamos o tamanho do carinho que oferecemos àquilo que estamos fazendo, e também às pessoas que nos rodeiam. Podemos escolher buscar excelência, ou conduzir nossos projetos e relações de maneira 'meia-boca'.
Controlamos agir com respeito e cordialidade, em vez de prepotência e grosseria. Controlamos frear nossa arrogância e dar lugar a um pouco mais de humildade.
Mesmo quando algo nos rouba o controle sobre nossas vidas, ainda nos resta algum controle: podemos pedir ajuda e buscar novos caminhos, e tentar de novo quando um caminho eventualmente não der certo.
Eis o paradoxo: é justamente nesses pequenos gestos que construímos nossa grandiosidade.
Agora que ficou bem claro que quase nada está sob o nosso controle, quem sabe começamos a aprender que nossa grandiosidade é construída justamente naquilo que parece pequeno, mas que na verdade é a única grandiosidade verdadeiramente possível na vida humana...
A grandiosidade de escolher nos pequenos gestos do dia a dia, tornar-se um ser humano melhor."
Pedro Calabrez
(Contribuição de minha linda amiga Deborah Secchin)
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