terça-feira, 28 de abril de 2020

Escrevinhando...



" Vira e mexe ... me vejo nessa situação ... 
de ter de escrevinhar versos no papel ... 
 pra esvaziar o coração .....

J.W.Papa

domingo, 26 de abril de 2020

Esperança



ESPERANÇA. VIDA. VONTADE DE VIVER. AMOR.
Estas palavras permeiam a vida de nossa família. Acho que fomos muito bem criados.
Meu irmão teve um câncer de testículo em mil novecentos e batatinha, e não sabíamos como lidar com isso. Minha mãe “descabelou”, eu me deprimi, não estávamos preparadas, e o Henrique tirou tudo de letra! Nunca reclamou de nada durante o tratamento e manteve o bom humor de sempre, muito ímpar e idiossincrático dele, todo o tempo. Um grande exemplo para nós. É claro, óbvio, que iam muitas coisas lá dentro de sua cabecinha, não é nada fácil lidar com uma doença grave e inesperada, mas ele nunca demonstrou um sentimento negativo. Aparentemente, lidou muito bem com toda a história. Deu a volta por cima e ainda teve dois filhos pra fechar com chave de ouro!
Em 2003 foi minha vez. Adoeci com uma enfermidade crônica, que me deixou dois anos acamada. Hoje convivo com ela, com seus altos e baixos, mas me mantenho no alto do salto. Muito aprendi com tudo isso. E o foco se deslocou da doença, para a saúde – o que faz TODA a diferença!
Minha mãe adquiriu um tumor há 6 ou 7 anos. Foi um câncer de mama agressivo e raro. Submeteu-se a cirurgia, quimio, radio. Teve uma metástase pulmonar, e mais uma. Agora lhe apareceu outra, desta vez, renal (o que é muito raro, de novo,  nestes casos) e vai se operar na próxima terça-feira. Minha mãe consegue ser única até mesmo nesses casos. Transformou-se em uma doença crônica, com a qual lidamos também, com seus altos e baixos. A saúde mental é essencial nesses momentos. Ela, apesar da ansiedade á flor da pele, é uma mulher cheia de vida, de força e de vontade de viver.
Estive conversando com meu amigo Cláudio que, aliás, foi meu primeiro namorado. Amizade de 40 anos, por enquanto. Sua esposa teve também um câncer de mama, sobre o qual ele me escreve: “(...) Tô meio de saco cheio, mas muito agradecido com essa história de caso raro que os médicos falam... Com a D... foi o mesmo. Ela teve outro nódulo, que nem sei se consideram metástase, pois foi em cima da clavícula, no mesmo lado do seio original. Aí vem essa conversa....argh!! Bem, ela operou, o cirurgião acha que tirou tudo e vida que segue. Até agora foram 17 anos e oito operações!! Pra mim, maravilha, pois está bem de saúde, f@*!# estatística...rsrs... Como eu falo para ela: que venham! A gente vai tirando e pronto!! Gente em diálise sofre mais, eu imagino.”
A gente sempre vê por aí a expressão “está lutando contra o câncer”... É uma expressão que não deixa de ser verdadeira, mas dá uma  impressão tão ruim para quem está deste lado da moeda!... De fatalidade, o que inúmeras vezes não é o que acontece! E a esperança tem que se sobrepor a tudo isso! Pois bem, os médicos a consideram como doença crônica neste caso, que é como a minha e a de inúmeras outras pessoas que padecem de dor crônica, depressão, insuficiência renal, diabetes, hipertensão e etc. Deixemos o estigma de lado!
O importante é a VIDA e o modo como a vivemos. Não temos garantias de nada, apenas oportunidades, e devemos agarrá-las com unhas e dentes em todas as circunstâncias. Estou falando de empregos, namorados, amizades e tudo o mais!!
Dentre as coisas que aprendi, algumas são:
- Celebre sempre a vida, a cada amanhecer;
- Seja sempre grato, em qualquer circunstância; há o que se aprender, incessantemente, e sempre há o lado positivo, independente da situação;
- Esteja inteiro em tudo o que faz, dê o melhor de si, mesmo que ninguém esteja olhando. Faça isso por si mesmo, a começar por arrumar sua própria cama;
- Tome conta de seus pensamentos, corrija-se, pense coisas boas e conserve a alegria; isso faz toda a diferença em suas células e nas respostas do seu organismo;
- Ouça música, cante e dance! Solte-se e aproveite os pequenos prazeres que a vida lhe oferece;
- Procure não reclamar. A resiliência não é uma simples resignação; é a aceitação das circunstâncias, porém de uma forma ativa;
- Indigne-se. Perante a injustiça, perante a política mal feita, perante os maus tratos e a falta de direitos. Não seja como o sapo que, colocado na panela com água fria, não percebe à medida que ela vai se aquecendo e morre cozido... não se acostume com as coisas ruins;
- Elogie sempre e demonstre o seu amor. Valorize, respeite e incentive as pessoas à sua volta;
- Procure ajuda quando necessitar;
- Perdoe-se; você nem sempre soube do que sabe hoje;
- Acesse seu poder interior. Você é capaz de tudo. Este poder foi dado por Deus, é a Centelha Divina dentro de você, acredite. Abra-se para receber do Universo. Mas faça a sua parte, dê também. Não porque espera receber em troca, mas por amor, simplesmente;
- Isso também vai passar!

Isso tudo não vale apenas para uma doença crônica, vale para a vida de todos nós. Cada um sabe onde o sapato lhe aperta, e a vida não é fácil para ninguém. Não existe “esse” que não tenha seus problemas e suas dificuldades.
Por outro lado, a vida é Bela. Há o amor, em todas as suas formas. Há a solidariedade. Há a natureza, em toda a sua beleza e exuberância. Há a arte, em infinitas modalidades. Há o trabalho e o propósito da vida de cada um. Cada um tem seus talentos, e deve usá-los e valorizá-los.
E, ainda por um outro ponto de vista, a vida é efêmera. Fugaz. Viva-a! Não sabemos o dia de amanhã, por isso mesmo o hoje é um presente. Desfrute-o.
Gosto muito da Clarice Lispector. Quem já foi ao meu blog não guarda um resquício de dúvida a esse respeito. Finalizo, então, com uma fala da escritora, para todos nós.


Paula Mendes
26/04/2020





sexta-feira, 24 de abril de 2020

Pra frente



" Um dia a gente acorda ... os livros nos acordam ... um anjo nos acorda ... e somos avisados  __ não adianta mais olhar para trás ...  é  ir em frente ou nada .....

 Martha Medeiros

Ser Árvore



" Ser árvore ... é deixar o vento levar as folhas que já não lhe pertencem mais .....

Ester Barroso

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Sejamos Alegres

"Denuncio nossa fraqueza, denuncio o horror alucinante de morrer — e respondo a toda essa infâmia com — exatamente isto que vai agora ficar escrito — e respondo a toda essa infâmia com a alegria. Puríssima e levíssima alegria. A minha única salvação é a alegria. Uma alegria atonal dentro do it essencial. Não faz sentido? Pois tem que fazer. Porque é cruel demais saber que a vida é única e que não temos como garantia senão a fé em trevas — porque é cruel demais, então respondo com a pureza de uma alegria indomável. Recuso-me a ficar triste. Sejamos alegres. Quem não tiver medo de ficar alegre e experimentar uma só vez sequer a alegria doida e profunda terá o melhor de nossa verdade. Eu estou — apesar de tudo oh apesar de tudo — estou sendo alegre neste instante-já que passa se eu não fixá-lo com palavras. Estou sendo alegre neste mesmo instante porque me recuso a ser vencida: então eu amo. Como resposta. Amor impessoal, amor it, é alegria: mesmo o amor que não dá certo, mesmo o amor que termina. E a minha própria morte e a dos que amamos tem que ser alegre, não sei ainda como, mas tem que ser. Viver é isto: a alegria do it. E conformar-me não como vencida mas num allegro com brio."


Clarice Lispector, in 'Água Viva'



Sentir, deixar de sentir...



"(...) É preciso saber sentir, mas também saber como deixar de sentir, porque se a experiência é sublime pode tornar-se igualmente perigosa. Aprenda a encantar e a desencantar. Observe, estou lhe ensinando qualquer coisa de precioso: a mágica oposta ao " abre-te, Sésamo". Para que um sentimento perca o perfume e deixe de intoxicar-nos, não há de melhor que expô-lo ao sol. (...)" 

(Clarice Lispector in Obsessão)

Coisas leves



“No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...”

Mario Quintana

domingo, 19 de abril de 2020

FAZER AMOR


Torta de vegetais da minha avó

Tem coisas que carregam um sabor especial. Gosto de infância, de carinho, de casa de vó.
Minha avó Stella era meu exemplo de vida. Puro amor.
Há sabores que marcam. Coisas simples.
Uma sopa de aspargos que ela fazia como ninguém! A receita, inclusive, está aqui no blog.
Quando eu ia almoçar na casa dela, ela fazia especialmente um bife de frango à milanesa acompanhado de creme de milho. Que delícia!!
E quando éramos crianças, não me esqueço, o pão sovado comprado no armazém do Sr. Mozart, que a gente chamava de "pão de Batman", porque tinha a forma de um "B".
Esta torta de legumes é conhecida de toda a família! Uma delícia!!
Vale a pena fazer!
Me lembrei agora de outros sabores, da casa da minha avó Maria.
O doce de goiaba em calda.
As jabuticabas que a gente apanhava aos montes no pé, no quintal da casa dela.
Um sorvete de milho verde, uma simples salada de chuchu com maionese...
Uma "massa podre" de empadinha.
O café com leite quentinho e o pão de sal aquecido no forno elétrico, com a manteiga que ela mesma fazia, bem derretida e quentinha, quando a gente se levantava!
Minha bisavó se chamava Inês, mas a tratávamos por Nezita. Participou, e muito, da nossa criação. Tenho certeza de que eu, irmãos e os primos nunca nos esqueceremos do mingau de maizena com canela que ela fazia para nós!! Comíamos toda a canela por cima e adicionávamos mais, para repetir a operação!!
Há coisas que não voltam mais, mas que também nunca morrem. Se eternizam em nossa memória e no nosso coração.
Bom, eis aqui a torta de legumes...







Massa

2 xícaras de chá de farinha de trigo
3 colherinhas de chá de fermento em pó
1/2 colher de chá de sal
4 colheres de sopa de manteiga
1 xícara de chá de queijo ralado
3/4 xícara de chá de leite

Mistura-se a farinha, o sal e o fermento.
Junta-se a manteiga aos ingredientes secos, mexendo-se ligeiramente com o garfo.
Junta-se o queijo ralado.
Por último, o leite até obter uma massa que se possa abrir com o rolo. Não se deve sovar.
Divide-se a massa em duas partes, abre-se fazendo duas camadas redondas de 2 cm de espessura.
Assa-se a primeira camada em forno brando por uns 15 minutos.
Coloca-se o recheio, e a segunda camada de massa.
Assa-se por cerca de 25 minutos.
Serve-se quente.

Recheio

1 colher de sopa de manteiga.
1/4 de xícara de chá de cebola picada.
1 dente de alho pequeno, espremido
1 xícara de chá de cenouras cozidas, picadas.
1 xícara de chá de vagens cozidas, picadas.
2 colheres de sopa de farinha de trigo.
6 a 8 tomates picados.
1/2 colherinha de sal.
 3 ou 4 pimentas "de bode" ou pimenta baiana
Derrete-se a manteiga, adicionando-se a cebola.
Junta-se a farinha de trigo e os tomates, deixando-se ferver, mexendo sempre.
Por último, adiciona-se os outros ingredientes, e um pouquinho de água.
Deixar ferver ainda por alguns minutos.




Eterna Lispector




"Às vezes tenho vontade de ser menos intensa, só pra poder entender como o resto do mundo aguenta essas coisas que me devoram permanente e de uma forma tão absurda."
























sexta-feira, 17 de abril de 2020

Enfim sós



 Ela mora sozinha há muitos anos. Gosta, pois leva a vida do jeito que quer, não há ninguém em volta fiscalizando suas manias. Mas sente uma ponta de inveja de lares ocupados por muita gente, famílias numerosas. Preferiria ser mais requisitada, já que são longos os seus momentos sem companhia. Já a ouvi reclamar de passar um dia inteiro sem escutar a própria voz. Até que veio o coronavírus e obrigou o isolamento de todos. Deixou de ser uma escolha, e sim um ato compulsório. E, para minha surpresa, ela não reclama mais, está adorando seus dias de leitura, introspecção e silêncio. Mas se sua rotina já era desse jeito, o que mudou?
 É que agora não é só ela que está em casa, mas toda a cidade. Ela já não é diferente da maioria de seus amigos. A solidão deixou de ser um problema apenas seu.     
 É um assunto que sempre me atraiu. Acredito que ter uma relação cordial com a solidão é a saída para evitar perturbações mentais.  Quem encara a solidão como uma terrível ameaça acaba comprometendo suas experiências afetivas. Os vínculos se tornam asfixiantes em vez de naturais. As relações sociais tornam-se mais obrigatórias do que espontâneas. É difícil aceitar que as pessoas chegam, ficam e um dia vão embora de nossas vidas. Essa dinâmica inevitável nos obriga a passar por momentos de resguardo eventual ou prolongado, o que conduz a um encontro profundo com a gente mesmo. Para alguns, é assustador.
 Não sou nenhuma ermitã e considero que ter amigos é sagrado. Lamento pelos que se encarceram numa existência sem vínculos – essa, sim, uma solidão corrosiva. Bem diferente de quem pode se dar ao luxo de passar temporadas sem contato, pois sabe que não existe distância entre os que preservam laços vitalícios. 
 Muitas pessoas moram sós. Quando a pandemia passar, voltarão a caminhar pelas ruas, ir a bares, ao cinema, encontrarão pessoas e continuarão sós, e não há vergonha nenhuma nisso. Sei que conviver é fundamental, um hábito que até ajuda a imunizar: ficamos mais saudáveis ao sermos tocados, abraçados, beijados. Mas não precisamos ter nossa vida testemunhada 24 horas por dia.     
Sozinhos, agimos como anjos. Não mentimos, não julgamos os outros, não agredimos ninguém. “Sozinha não há céu que me rejeite” – verso de um poema que escrevi 25 anos atrás, quando me parecia divertido esse benefício da solidão, o de impedir que fôssemos uns malas. Hoje se mente, se julga e se agride pelo Twitter, pelo Facebook.  Meu verso caducou. Então aproveitemos o cativeiro para valorizar as demais vantagens da solidão: autoconhecimento, paz de espírito, concentração, relaxamento. E, se conseguirmos ignorar o celular (como há 25 anos, quando ele não existia), a vantagem sublime de não sermos atazanados e de não atazanar ninguém.

Martha Medeiros.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

AOS QUERIDOS AMIGOS


PÁSCOA 2020
COVID 19

Ontem foi meu aniversário, completei 53 primaveras. Novo ciclo que se inicia.
Comemorei, confinada em minha residência, com minha filha e minha sobrinha. Foi muito gostoso! Algo parece que renasce dentro da gente quando fazemos aniversário, mesmo estando em isolamento social... Celebrar a vida é algo que temos que fazer todos os dias. Mas alguns são mais especiais que os outros.
Temos passado por alguns perrengues na família, problemas de saúde, meus e de minha mãe. Os meus estão sob controle agora, e minha mãe deve se submeter a uma cirurgia que em breve dará início ao tratamento dos dela.
Tudo correrá da melhor forma, temos Fé e Confiança!
Estão isolados em casa, meus pais e meu irmão. Não os temos visto, é só telefone e WhatsApp.
Mas conseguimos nos amar assim mesmo. Aliás, no momento, é um ato de amor não ir até lá.
Ficar em casa atualmente é um ato de amor para toda a humanidade.

Daí que fiquei pensando no que escrever nesta Páscoa, tão diferente para o mundo todo. Não poderemos nos reunir para o almoço, dividir uma refeição regada a carinho e celebração. As igrejas, digo, os templos, não abrirão. Porque a Igreja pode se abrir dentro de nós.
Lembrei-me então do Credo Apostólico:

 “Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra;
 E em Jesus Cristo, um só seu Filho (seu único Filho), Nosso Senhor,
 Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem;
 Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
 Desceu aos infernos, ressuscitou ao terceiro dia;
 Subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
 De onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
 Creio no Espírito Santo,
  Na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos,
  Na remissão dos pecados,
  Na ressurreição da carne,
  Na vida eterna.
  Amém.”

Não que eu seja católica; na verdade, sou espiritualista. Gosto de apreender o que acho melhor do cristianismo, da doutrina espírita, do budismo, do protestantismo, da logosofia, do Reiki, da yoga e etc. Acredito em Jesus Cristo e em Seu imenso Amor ao apresentar ao mundo uma ética muito diferente do que se vivia. A mensagem está dada, há 2020 anos!!

Mas voltemos à Pascoa! À ressurreição de Cristo.
Pergunto-me o que deve morrer dentro de nós, para poder renascer e fazer brotar o melhor. A poda antes da primavera.
Todos temos muito a melhorar, internamente. A consequência é a melhora externa, no mundo e para o mundo.

A mídia nos impõe valores muito impróprios dos quais nem nos damos conta, muitas vezes. A baixa auto estima pode vir daí também. Parece que temos que ter, ao invés de ser. Parece que somos corpos, e não alma. Dinheiro e poder. Superfície, ao invés de profundidade. E não amor, paz, sabedoria, sensatez, afeto... Somos espíritos e criados para amar e evoluir.

Mas tudo isso e muito mais, toda a mensagem de Cristo Jesus e seus desdobramentos óbvios, pode e deve renascer em nós. Esta é uma maravilhosa oportunidade!


O planeta está aí, sob uma pandemia causada por um vírus que pode ter o poder de mudar nossos valores. E muito. A economia mundial corre o risco de colapsar. A saúde corre o risco de colapsar. As vidas, e são elas o que importa. A responsabilidade é de cada um, de poupar a si e ao próximo.

Ficar em casa, além disso, pode nos levar a dar de cara com nossos medos mais profundos, de que às vezes tanto corremos no dia a dia.
Temos que ter muito cuidado com o vazio de uma vida muito cheia...
Assim nossas vidas, agora “vazias”, podem esvaziar um pouco de carga e recarregar novas energias. Enfrentar nossos demônios internos é uma  necessidade para o crescimento pessoal e espiritual, emocional e psíquico.

O momento conspira em favor de uma Nova Era. Contanto que saibamos aproveitá-lo...

Portanto,fique em casa!

Aproveite e cante, dance, brinque. Arrume seus armários internos. Medite, leia, ore.
Ore pelos profissionais da saúde e por todos que trabalham em hospitais e centros de saúde. Ore pelos servidores da limpeza urbana, pelos bombeiros, pela policia; ore pelos autônomos e pelos desempregados. Ore, sim, pelos políticos. Pelos necessitados, pelos dizimados pela guerra e pela miséria. Ore pelo planeta e pela humanidade. Pela cura e pela paz.

Quando a quarentena acabar, e não tem data para isto, teremos padecido sob este vírus, e teremos morrido. Muitos de nós, literal e infelizmente, inclusive. Mas nós, que sobrevivemos a esta pausa, teremos deixado morrer nossos valores e princípios equivocados para dar lugar à centelha que Deus plantou em nossos espíritos e nossos corações? A centelha da Solidariedade, do Amor ao próximo e a nós mesmos, da Paz dentro de nós e do planeta.

Um vírus foi capaz de trazer trégua a guerras. Que o capitalismo seja questionado e revirado do avesso. Que os poderosos sintam que não tem o controle sobre si, nem sobre todas as coisas. Que a corrupção se imploda. É o que podemos desejar ao mundo neste momento. Uma mudança social de todos os valores e da realidade que nos rodeia.

Que o mundo ressuscite, sim, no terceiro dia figurado, o dia depois da quaresma! Que Jesus, com toda a sua bagagem e ensinamentos, renasça em nós, hoje e todos as manhãs!


Não somos He-Man, nem She-Ha, mas temos a força. Essa força que não nos deixa desistir nunca. Que nos faz renascer das cinzas depois de morrer. Ela tem nome: Esperança.

Não vou resistir a nos presentear com um lindo e sensível texto de Cora Coralina, para saborearmos muito mais do que aos chocolates deste domingo!!

"O TEMPO MUITO ME ENSINOU:
ENSINOU A AMAR A VIDA,
NÃO DESISTIR DE LUTAR,
RENASCER NA DERROTA,
RENUNCIAR ÀS PALAVRAS
E PENSAMENTOS NEGATIVOS,
ACREDITAR NOS VALORES HUMANOS,
E A SER OTIMISTA.
APRENDI QUE MAIS VALE TENTAR
DO QUE RECUAR...
ANTES ACREDITAR
DO QUE DUVIDAR,
QUE O QUE VALE NA VIDA,
NÃO É O PONTO DE PARTIDA,
E SIM NOSSA CAMINHADA!"

Tenham todos uma FELIZ e Verdadeira PÁSCOA!!
#fique em casa!!

Paula Mendes (09/04/2020)

terça-feira, 7 de abril de 2020

MUNDO INTERIOR, POR MARTHA MEDEIROS



"A casa da gente é uma metáfora da nossa vida, é a representação exata e fiel do nosso mundo interior. Li esta frase outro dia e achei perfeito. Poucas coisas traduzem tão bem nosso jeito de ser como nosso jeito de morar. Isso não se aplica, logicamente, aos inquilinos da rua, que têm como teto um viaduto, ainda que eu não duvide que até eles sejam capazes de ter seus códigos secretos de instalação.

No entanto, estamos falando de quem pode ter um endereço digno, seja seu ou de aluguel. Pode ser um daqueles apartamentos amplos, com o pé-direito alto e preço mais alto ainda, ou um quarto e sala tão compacto quanto seu salário: na verdade, isso determina apenas seu poder aquisitivo, não revela seu mundo interior, que  se manifesta por meio de outros valores.

Da porta da rua pra dentro, pouco importa a quantidade de metros quadrados e,sim, a maneira como você os ocupa. Se é uma casa colorida ou monocromática. Se tem objetos adquiridos com afeto ou se foi tudo escolhido por um decorador profissional. Se há fotos das pessoas que amamos espalhadas por porta-retratos ou se há paredes nuas.

Tudo pode ser revelador: se deixamos a comida estragar na geladeira, se temos a mania de deixar as janelas sempre fechadas, se há muitas coisas por consertar. Isso também é estilo de vida.

Luz direta ou indireta? Tudo combinadinho ou uma esquizofrenia saudável na junção das coisas? Tudo de grife ou tudo de brique?

É um jogo lúdico tentar descobrir o quanto há de granito e o quanto há de madeira na nossa personalidade. Qual o grau de importância das plantas no nosso habitat, que nota daríamos para o quesito vista panorâmica? Quadros tortos enervam? Tapetes rotos nos comovem?

Há casas em que tudo o que é aparente está em ordem, mas reina a confusão dentro dos armários. Há casas tão limpas, tão lindas, tão perfeitas que parecem cenários: faz falta um cheiro de comida e um som vindo lá do quarto. Há casas escuras. Há casas feias por fora e bonitas por dentro. Há casas com lareira que se mantém frias, há casas prontas para receber visitas e impróprias para receber a vida. Há casas com escadas, casas com desníveis, casas divertidamente irregulares.

Pode parecer apenas o lugar onde a gente dorme, come e vê televisão, mas nossa casa é muito mais que isso. É a nossa caverna, o nosso castelo, o esconderijo secreto onde coabitamos com nossos defeitos e virtudes." 
Junho de 2000

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Dragões internos



"Mestre, como posso enfrentar o isolamento?

Limpa a tua casa. A fundo. Em cada canto. Mesmo os que nunca sentiste a coragem e a paciência para limpar. Torna a tua casa brilhante e bem cuidada. Remove poeira, teias de aranha, impurezas. Mesmo no lugar mais oculto. A tua casa representa-te: se cuidas dela, também te cuidas.

- Mestre, mas o tempo é longo. Depois de cuidar de mim e da minha casa, como posso viver o isolamento?

Conserta o que pode ser corrigido e remove o que não precisas mais. Dedica-te à colcha de retalhos, cose o início das calças, costura bem as bordas desgastadas dos vestidos, restaura uma peça de mobiliário, repara tudo o que vale a pena reparar. O resto, deita fora. Com gratidão. E com a consciência de que o seu ciclo terminou. Consertar e remover o que está fora de ti permite corrigir ou remover o que está por dentro.

- Mestre e depois o quê? O que posso fazer o tempo todo sozinho?

Semeia. Até uma pequena semente num vaso. Cuida de uma planta, rega-a todos os dias, fala com ela, dá um nome, remove as folhas secas e as ervas daninhas que podem sufocá-la e roubar energia vital preciosa. É uma maneira de cuidar das tuas sementes interiores, dos teus desejos, das tuas intenções, dos teus ideais.

-Mestre e se o vazio vier visitar-me? ... Se vier o medo da doença e da morte?

Fala com eles. Prepara a mesa para eles também, reserva um lugar para cada um dos teus medos. Convida-os para jantar contigo. E pergunta-lhes por que vieram de tão longe para a tua casa. Que mensagem eles te querem trazer. O que eles te querem comunicar.

- Mestre, acho que não posso fazer isso ...

- A tua questão não é isolar os problemas, mas o medo de enfrentar os teus dragões internos, aqueles que sempre quiseste afastar de ti. Agora não podes fugir. Olha nos olhos deles, ouve e descobrirás que te colocaram contra a parede. Eles isolaram-te para que pudessem falar contigo. Como as sementes que só podem brotar se estiverem sozinhas.

 @terrasdosbudas 

Gratidão! Somos UM ✨

Segredos




"Toda mulher leva um sorriso no rosto
E mil segredos no coração."

Lispector

sábado, 4 de abril de 2020

Tenho sede



"O que escrevo não é o que tenho; é o que me falta. Escrevo porque tenho sede e não tenho água. Sou pote. A poesia é água."

Rubem Alves, in Paisagens da Alma

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Mais Cora Coralina, porque o mundo merece!!

"MUITAS VEZES BASTA SER:
COLO QUE ACOLHE,
BRAÇO QUE ENVOLVE,
PALAVRA QUE CONFORTA,
SILÊNCIO QUE RESPEITA,
ALEGRIA QUE CONTAGIA,
LÁGRIMA QUE CORRE,
OLHAR QUE ACARICIA,
DESEJO QUE SACIA,
AMOR QUE PROMOVE."




quinta-feira, 2 de abril de 2020

Pessoa



NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO

"Não sei quantas almas tenho
Cada momento mudei
Continuamente me estranho
Nunca me vi nem acabei
De tanto ser, só tenho alma
Quem tem alma não tem calma
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu
Sou minha própria paisagem;
Assisto a minha passagem
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer
Noto à margem do que li
O que julguei que senti
Releio e digo: "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu."

Fernando Pessoa

Costurando a vida! – Fica-te tão bem o dia que trazes. Onde é que o arranjaste? – Fui eu que fiz. Já me aborreciam os dias sempre iguais, se...