terça-feira, 28 de maio de 2019

Elegância é algo que a gente carrega, não veste!




"Ser elegante vai além de ter bom gosto com roupas e saber se vestir. Elegância é algo que a gente carrega e não veste.
Regras de etiqueta da vida e não do armário para uma vida onde elegância é sinônimo de educação e bom comportamento.
Sabe o que é mesmo elegante? Ter bom senso e respeito.
Não é preciso estar em cima de um salto alto ou dentro de um terno caríssimo para ser elegante. As atitudes enfeiam pessoas que não tem bom comportamento.
A elegância está na simplicidade de um bom dia sincero para o porteiro que passou a noite toda acordado, no falar baixo quando o outro está perto, no saber ouvir quando o outro fala, e no saber sorrir quando isso é tudo o que você pode oferecer.
No saber agir sem agredir.
Uma pessoa elegante tem encantamento na voz, fala com propriedade e tem jeito com as palavras. Sabe chamar a atenção sem ser rude, saber observar sem se intrometer, sabe respeitar o espaço alheio.
A elegância está no tom da voz e no silêncio que também comunica. Na forma de se posicionar quando precisa, no jeito de ver o mundo.
Uma pessoa elegante não vive de fofocas, não inventa mentiras e não se mete em baixaria. Quem é elegante tem positividade, atrai pessoas do bem, vibra com a vida, com os sucessos, torce pelo outro, não tem inveja, carrega alegrias e otimismo, e sente com verdade. Não sabe viver de oportunismos, sabe se colocar nas oportunidades e não puxa saco nem tapete.
Elegância está no “com licença” e “muito obrigado”. No reconhecimento do esforço, na empatia e na colaboração. Está na mão que ajuda, está também na gratidão
E quanto mais conheço pessoas, mais percebo que a elegância está vestida de simplicidade e não de rótulos e invólucros sociais. Encontrei mais elegância calçada de chinelos que vestida de etiquetas, e isso não tem haver com situação financeira, mas com referência de vida, criação e sabedoria.
Encontrei a elegância no ser e não no ter, e percebi que é mais elegante aqueles que se vestem de amor. "

Anieli Talon



quinta-feira, 23 de maio de 2019

Lispector


Einstein

Carta que Einstein escreveu para sua filha Lieserl:

Quando propus a teoria da relatividade, muito poucos me entenderam e o que vou agora revelar a você, para que transmita à humanidade, também chocará o mundo, com sua incompreensão e preconceitos.
Peço ainda que aguarde todo o tempo necessário — anos, décadas, até que a sociedade tenha avançado o suficiente para aceitar o que explicarei em seguida para você.
Há uma força extremamente poderosa para a qual a ciência até agora não
encontrou uma explicação formal. É uma força que inclui e governa todas as outras, existindo por trás de qualquer fenômeno que opere no universo e queainda não foi identificada por nós.
Esta força universal é o AMOR.
Quando os cientistas estavam procurando uma teoria unificada do Universo esqueceram a mais invisível e poderosa de todas as forças.
O Amor é Luz, dado que ilumina aquele que dá e o que recebe.
O Amor é gravidade, porque faz com que as pessoas se sintam atraídas umas pelas outras.
O Amor é potência, pois multiplica (potencia) o melhor que temos, permitindo assim que a humanidade não se extinga em seu egoísmo cego.
O Amor revela e desvela.
Por amor, vivemos e morremos.
O Amor é Deus e Deus é Amor.
Esta força tudo explica e dá SENTIDO à vida. Esta é a variável que temos
ignorado por muito tempo, talvez porque o amor provoca medo, sendo o único poder no universo que o homem ainda não aprendeu a dirigir a seu favor.
Para dar visibilidade ao amor, eu fiz uma substituição simples na minha
equação mais famosa. Se em vez de E = mc², aceitarmos que a energia para curar o mundo pode ser obtido através do amor multiplicado pela velocidade da luz ao quadrado (energia de cura = amor x velocidade da luz ²), chegaremos à conclusão de que o amor é a força mais poderosa que existe, porque não tem limites. 
Após o fracasso da humanidade no uso e controle das outras forças do
universo, que se voltaram contra nós, é urgente que nos alimentemos de outro tipo de energia. Se queremos que a nossa espécie sobreviva, se quisermos encontrar sentido na vida, se queremos salvar o mundo e todos os seres sensíveis que nele habitam, o amor é a única e a resposta última.
Talvez ainda não estejamos preparados para fabricar uma bomba de amor, uma criação suficientemente poderosa para destruir todo o ódio, egoísmo e ganância que assolam o planeta. No entanto, cada indivíduo carrega dentro de si um pequeno, mas poderoso gerador de amor, cuja energia aguarda para ser libertada.
Quando aprendemos a dar e receber esta energia universal, Lieserl querida, provaremos que o amor tudo vence, tudo transcende e tudo pode, porque o amor é a quintessência da vida.
Lamento profundamente não ter sido capaz de expressar mais cedo o que vai dentro do meu coração, que toda a minha vida tem batido silenciosamente por você. Talvez seja tarde demais para pedir desculpa, mas como o tempo é relativo, preciso dizer que te amo e que a graças a você, obtive a última resposta.
Seu pai,
 
Albert Einstein

Para minha madrinha, Débora



Não te rendas, ainda estás a tempo
de alcançar e começar de novo,
aceitar as tuas sombras
enterrar os teus medos,
largar o lastro,
retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,
continuar a viagem,
perseguir os teus sonhos,
destravar os tempos,
arrumar os escombros,
e destapar o céu.

Não te rendas, por favor, não cedas,
ainda que o frio queime,
ainda que o medo morda,
ainda que o sol se esconda,
e se cale o vento:
ainda há fogo na tua alma
ainda existe vida nos teus sonhos.

Porque a vida é tua, e teu é também o desejo,
porque o quiseste e eu te amo,
porque existe o vinho e o amor,
porque não existem feridas que o tempo não cure.

Abrir as portas,
tirar os ferrolhos,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio,
recuperar o riso,
ensaiar um canto,
baixar a guarda e estender as mãos,
abrir as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e relançar-se no infinito.

Não te rendas, por favor, não cedas:
mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
ainda há fogo na tua alma,
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo início,
porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, por eu te amo.

Mário Benedetti 


terça-feira, 21 de maio de 2019

A Vida e a Morte, e a Morte no meio da Vida



Da vida, a única certeza que temos, é a morte.
Mas como a estranhamos, aqui no ocidente!...
Vivemos como se ela nunca fosse se aproximar. Mas está sempre à espreita.
Para amanhã aquele abraço, para depois aquele encontro; perdoar, um dia, quem sabe?... Ser feliz está nos planos para o futuro.
O fato, entretanto, é que a morte chega, para todos nós.
Na última semana, faleceu meu ex-sogro, pessoa muito querida por mim, apesar de termos perdido o contato. Fiquei realmente triste.
A semana passada me trouxe várias versões da morte.
A amiga de uma amiga entrou em coma por um aneurisma cerebral. Ela ficou tão triste, e me entristeci com ela. Hoje, sua amiga-irmã passou desta para melhor...
Fui à dentista, igualmente uma de minhas grandes amigas, e ela havia perdido um primo do seu coração. Chorei por dentro, juntamente com ela.
Já outro amigo se separou da esposa há pouco, e também se entristeceu diante da morte de uma etapa de sua vida.
A morte mostra sua cara de várias formas.
Perdemos coisas, bens, perdemos pessoas, amizades, amores, perdemos algo que valorizamos, perdemos a juventude, a beleza, perdemos o emprego, e nos vemos obrigados a lidar com o luto.
Como se não bastasse, hoje assisti ao último episódio de uma série que vinha acompanhando, e há uma morte no final.
Chorei.
Esta semana quis me trazer alguma reflexão. Reagi fazendo compras e saindo com minha filha.  Satisfação imediata.
Hoje, no entanto, tenho que deixar de lado essas reações, superficiais e impulsivas, para construir algo em cima de tudo isso, refletir, filosofar, achar um sentido e um sentimento.
Por outro lado, foi aniversário de minha mãe, que há 6 anos foi diagnosticada com câncer de mama e se encontra muito bem.
Essa amiga que perdeu a amiga completou mais uma primavera.
Minha ajudante, que trabalha aqui em casa e com quem tenho uma convivência muito amiga, também fez aniversário! 
E hoje a Mel, minha cadelinha, completou o primeiro ano de vida.
Minha melhor amiga comemora, também hoje, um ano a mais de sua linda existência!
É a vida se alternando com a morte, a celebração se interpondo à tristeza, tudo junto e misturado.
Meus pais voltaram cheios de vida de uma viagem.
Minha madrinha está adoentada, aprendendo a lidar com um novo cotidiano.
Permitamo-nos viver um dia por vez, um dia após o outro! Saborear cada minutinho bom!
Isso tudo faz parte dessa incrível experiência a que chamamos Vida!
Permitamo-nos o luto, a tristeza, o choro, a raiva, o ressentimento, sim; porém, não nos demoremos demais neles.
A vida é uma viagem, e o caminho deve ser cheio de flores e lindas paisagens, sabores e cores, pessoas e amores. Ainda que haja pedras e espinhos.
Nada de postergar aquilo que deve ser vívido hoje, muitas vezes por meras tolices...
O que vale é o amor, a alegria, os afetos, a compreensão, o perdão, o passo adiante! Um passo de cada vez.
Tive que pensar na morte, e na vida.
Celebremos a tudo e a todos! Vivamos o hoje, deixando as mesquinharias de lado.
Tenhamos pressa de ser feliz! A felicidade está no caminho, é o caminho, e o caminho é o afeto, o amor, o se relacionar, o cair e levantar... O aprender a lidar com a dor sem subterfúgios. É a liberdade de ser quem se é.
Da vida, a única certeza que temos, é a morte. Se há um antes, se há um depois, no lo ...
Que faremos neste intervalo?

Paula C Mendes
20/05/2019

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Troca




"Antes do amanhecer ela é fiandeira,
tece seu corpo em seus teares.
Trama em verde lã minhas campinas,
pinta de sol os meus pomares.

Ao  meio-dia, ela é enseada solitária:
em meus mapas quer traçar meridianos.
Mas eu corto as amarras, levanto as velas:
quero descobrir novos oceanos.

Ao entardecer ela é pássaro cansado,
as penas encanecidas por noventa temporais,
vem se aquecer na minha mão.

Contemplo-a: é tão diferente!
Foge pelos corredores da razão
e me aparece, de repente,
arrastando mil brinquedos
do baú de suas memórias.

Confunde passado e presente,
mistura a noite com o dia;
tricota velhas histórias,
se perde em algaravias.

Depois cochila... ou medita?
parece que já habita
as varandas do Padre Eterno.

E eu? ah... eu descubro que fizemos uma troca
agora, que este ciclo já termina:
estou cheia de amor materno!
Que faço?
aperto-a em meus braços
e embalo minha anciã-menina."

Magdala C. Ferreira

A dor de um amigo


16 de maio - dia do Gari



Servidores da limpeza urbana, parabéns pelo seu dia!!
O nosso muito obrigada por manter a cidade limpa e habitável!!
Sempre alegres, cheios de energia, trabalham com insalubridade, riscos de infecções, sujeitos a mau cheiro, às vezes tarde da noite, recebem um salário reduzido em vista da importância de seu trabalho.
Trabalho digno e essencial para nossas cidades!!
Vocês merecem o nosso respeito.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Saúde


A Vida



“A vida decepciona-o para você parar de viver com ilusões e ver a realidade.
A vida destrói todo o supérfluo até que reste somente o importante.
A vida não te deixa em paz, para que deixe de culpar-se e aceite tudo como “É”.
A vida vai retirar o que você tem, até você parar de reclamar e começar agradecer.
A vida envia pessoas conflitantes para te curar, pra você deixar de olhar para fora e começar a refletir o que você é por dentro.
A vida permite que você caia de novo e de novo, até que você decida aprender a lição.
A vida lhe tira do caminho e lhe apresenta encruzilhadas, até que você pare de querer controlar tudo e flua como um rio.
A vida coloca seus inimigos na estrada, até que você pare de “reagir”.
A vida te assusta e assustará quantas vezes for necessário, até que você perca o medo e recupere sua fé.
A vida tira o seu amor verdadeiro, ele não concede ou permite, até que você pare de tentar comprá-lo.
A vida lhe distancia das pessoas que você ama, até entender que não somos esse corpo, mas a alma que ele contém.
A vida ri de você muitas e muitas vezes, até você parar de levar tudo tão a sério e rir de si mesmo.
A vida quebra você em tantas partes quantas forem necessárias para a luz penetrar em ti.
A vida confronta você com rebeldes, até que você pare de tentar controlar.
A vida repete a mesma mensagem, se for preciso com gritos e tapas, até você finalmente ouvir.
A vida envia raios e tempestades, para acordá-lo.
A vida o humilha e por vezes o derrota de novo e de novo até que você decida deixar seu ego morrer.
A vida lhe nega bens e grandeza até que pare de querer bens e grandeza e comece a servir.
A vida corta suas asas e poda suas raízes, até que não precise de asas nem raízes, mas apenas desapareça nas formas e seu ser voe.
A vida lhe nega milagres, até que entenda que tudo é um milagre.
A vida encurta seu tempo, para você se apressar em aprender a viver.
A vida te ridiculariza até você se tornar nada, ninguém, para então tornar-se tudo.
A vida não te dá o que você quer, mas o que você precisa para evoluir.
A vida te machuca e te atormenta até que você solte seus caprichos e birras e aprecie a respiração.
A vida te esconde tesouros até que você aprenda a sair para a vida e buscá-los.
A vida te nega Deus, até você vê-lo em todos e em tudo.
A vida te acorda, te poda, te quebra, te desaponta… Mas creia, isso é para que seu melhor se manifeste… até que só o AMOR permaneça em ti”.

Bert Hellinger









sábado, 11 de maio de 2019

Dia das mães





SER MÃE

Depois de um ano inteiro de papos profundos e olhares trocados, o primeiro beijo que nos demos, eu e o pai de minha filha,  foi no dia 21 de dezembro. Em fevereiro, já me achava grávida. Uma concretização inconsciente de tantas conversas sobre filhos.

Grata surpresa!

Sempre quis ter uma filha chamada Stella, mesmo nome de minha avó, uma das minhas referências de vida.
Uma resposta, inclusive, aos chamados do meu relógio biológico.

Fui mãe; sou mãe; continuarei sendo até que meus dias se esvaiam.

Ser  mãe é rir, ser mãe é chorar.

Rir de nervoso, chorar de emoção. Chorar de preocupação ou de tristeza, de cansaço; rir de pura felicidade, rir de amor.

Ser mãe é, antes de tudo, querer a felicidade do filho. É querer protegê-lo dos perigos, da tristeza, do sofrimento. Mas é também saber que ele terá que passar por isso. Viver a própria vida. Levar os próprios tombos. Ter o seu próprio aprendizado.

Dizia Clarice Lispector que à medida que os filhos crescem, a mãe diminui. Pura verdade.

Ser mãe é criar para a independência, para os próprios pontos de vista. É ensinar a refletir criticamente, pesar prós e contras, decidir.

Ser mãe é dar exemplo.

Ser mãe é criticar, brigar, repetir infinitamente, ser chata. Por de castigo.

É encher de beijo, dar comida na boca, mimar, fazer o filho pagar mico.

É querer abraços e não ter. Querer a presença e não ter.
Desejar presentes e não ter. É ganhar abraços,  a presença e presentes quando menos espera. 
 

Indignar-se com o que de ruim lhe acontece, alegrar-se com as alegrias e conquistas.

É incentivar.

Ser mãe é trocar fraldas, passar noites sem dormir, dias sem comer, sem tempo de ir ao banheiro. É ir trabalhar com o coração na mão.

É ensinar a trocar de roupas, amarrar os sapatos, limpar o bumbum, tomar banho sozinho.

É ensinar a se enfeitar, a se respeitar, a gostar de si e saber o seu verdadeiro valor.

É levar ao médico, dar vacinas, dar conselhos. Curar ressacas, ceder o ombro. 

É fazer o dever de casa junto, passear, se divertir.

É ensinar a cozinhar.

A respeitar as pessoas.

Ser mãe é querer acertar, e mesmo assim, errar muito! Todas erramos! Pela falta, pelo excesso. É dar o melhor de si.

É sofrer duras críticas. É ter dúvidas, muitas dúvidas. É sentir ciúmes.

Ser mãe é ser referência. É usar a referência de sua própria mãe.

É amar mais do que a si mesma.

Ser mãe, só quem é mãe sabe o que é.

Mas existem aquelas mães que adotam os sobrinhos, que adotam crianças abandonadas, que adotam amigos dos filhos, que adotam os filhos dos amigos. Que adotam amigos. Genros e noras. Que assumem os cuidados dos irmãos. Existem as avós que adotam os netos. Existem os pais que são “pães”, solteiros ou não. 

Ser mãe é cuidar com este amor característico, é chorar junto, rir do lados deles, alegrar-se por eles.

É se gabar dos talentos do filho.

É estar atenta, todo o tempo e estar presente o tempo que for possível. Crescer e amadurecer com a nova geração.

É ser Maria.

É perdoar setenta vezes sete. É cobrar mudanças. É punir com amor.

É amar, amar e amar.

Ser mãe é padecer no paraíso. 

Sem mais.


Paula Mendes
11/05/2019

A TODAS AS MÃES,  MINHA HOMENAGEM! 

À MINHA,  OS MEUS PARABÉNS E DESEJO DE TODA A FELICIDADE!! 


O valioso tempo dos maduros




Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!


Mário de Andrade


quarta-feira, 8 de maio de 2019

Dia da língua portuguesa

5 de maio
Dia da Língua Portuguesa



"Volta e meia alguém olha atravessado quando escrevo “leiaute”, “becape” ou “apigreide” – possivelmente uma pessoa que não se avexa de escrever “futebol”, “nocaute” e “sanduíche”.
Deve se achar um craque no idioma, me esnobando sem saber que “craque” se escrevia “crack” no tempo em que “gol” era “goal”, “beque” era “back” e “pênalti” era “penalty”. E possivelmente ignorando que esnobar venha de “snob”.
Quem é contra a invasão das palavras estrangeiras (ou do seu aportuguesamento) parece desconsiderar que todas as línguas do mundo se tocam, como se falar fosse um enorme beijo planetário.
As palavras saltam de uma língua para outra, gotículas de saliva circulando em beijos mais ou menos ardentes, dependendo da afinidade entre os falantes. E o português é uma língua que beija bem.
Quando falamos “azul”, estamos falando árabe. E quando folheamos um almanaque, procuramos um alfaiate, subimos uma alvenaria, colocamos um fio de azeite, espetamos um alfinete na almofada, anotamos um algarismo.
Falamos francês quando vamos ao balé, usamos casaco marrom, fazemos uma maquete com vidro fumê, quando comemos um croquete ou pedimos uma omelete ao garçom; quando acendemos o abajur pra tomar um champanhe reclinados no divã ou quando um sutiã provoca um frisson.
Falamos tupi ao pedir um açaí, um suco de abacaxi ou de pitanga; quando vemos um urubu ou um sabiá, ficamos de tocaia, votamos no Tiririca, botamos o braço na tipoia, armamos um sururu, comemos mandioca (ou aipim), regamos uma samambaia, deixamos a peteca cair. Quando comemos moqueca capixaba, tocamos cuíca, cantamos a Garota de Ipanema.
Dá pra imaginar a Bahia sem a capoeira, o acarajé, o dendê, o vatapá, o axé, o afoxé, os orixás, o agogô, os atabaques, os abadás, os babalorixás, as mandingas, os balangandãs? Tudo isso veio no coração dos infames “navios negreiros”.
As palavras estrangeiras sempre entraram sem pedir licença, feito uma tsunami. E muitas vezes nos pegando de surpresa, como numa blitz.
Posso estar falando grego, e estou mesmo. Sou ateu, apoio a eutanásia, gosto de metáforas, adoro bibliotecas, detesto conversar ao telefone, já passei por várias cirurgias. E não consigo imaginar que palavras usaríamos para a pizza, a lasanha, o risoto, se a máfia da língua italiana não tivesse contrabandeado esse vocabulário junto com a sua culinária.
Há, claro, os exageros. Ninguém precisa de um “delivery” se pode fazer uma “entrega”, ou anunciar uma “sale” se se trata de uma “liquidação”. Pra quê sair pra night de bike, se dava tranquilamente pra sair pra noite de bicicleta?
Mas a língua portuguesa também se insinua dentro das bocas falantes de outros idiomas. Os japoneses chamam capitão de “kapitan”, copo de “koppu”, pão de “pan”, sabão de “shabon”. Tudo culpa nossa. Como o café, que deixou de ser apenas o grão e a bebida, para ser também o lugar onde é bebido. E a banana, tão fácil de pronunciar quanto de descascar, e que por isso foi incorporada tal e qual a um sem-fim de idiomas. E o caju, que virou “cashew” em inglês (eles nunca iam acertar a pronúncia mesmo).
“Fetish” vem do nosso fetiche, e não o contrário. “Mandarim”, seja o idioma, seja o funcionário que manda, vem do portuguesíssimo verbo “mandar”. O americano chama melaço de “molasses”, mosquito de “mosquito” e piranha, de “piranha” – não chega a ser a conquista da América, mas é um começo.
Tudo isso é a propósito do 5 de maio, Dia da Língua Portuguesa, cada vez mais inculta e nem por isso menos bela. Uma língua viva, vibrante, maleável, promíscua – vai de boca em boca, bebendo de todas as fontes, lambendo o que vê pela frente."

Eduardo Affonso

domingo, 5 de maio de 2019

Para a noitinha...

FAROFA DE TOMATES

A ilustração não confere, não achei nada parecido na internet
O dia que fizer em casa, fotografo e posto


Sabe aquele dia que "não tem nada pra comer" em casa? Uma refeição rápida e simples para fazer à noitinha. Uma delícia!!

Ingredientes

Tomates italianos
Cebolas grandes
Alho
Pimenta baiana ou pimenta "de bode" (aquela vermelha redondinha que parece pimenta biquinho, mas não é)
Ovos
Manteiga
Azeite
Sal
Salsinha

Cortar os tomates em navetes ("de comprido", em 6 pedaços)
Tirar as sementes
Cebolas em rodelas, bastante
Fazer os ovos mexidos na manteiga, reservar
Colocar numa frigideira bastante azeite extravirgem e a cebola
Deixar dourar bem
Acrescentar o alho  espremido
Quando dourar, colocar a pimenta (amassá-la na  panela) e os tomates
 Acrescentar sal e salsinha a gosto
 Quando estiverem meio cozidinhos, adicionar os ovos mexidos e muito pouca farinha de mandioca crua
 Mais sal
 Desligar o fogo, bom apetite!!
A pimenta da farofa tem que arder um pouquinho, é a graça dela.

Uma cervejinha gelada acompanha bem.

Maia tarde vou postar uma sopa de tomates deliciosa!!

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Ninguém é muita areia para o caminhão de ninguém

A gente se acostumou a receber e a aceitar pouco, e quando recebemos muito, que susto! Supomos que houve um engano, erraram o endereço, estão pregando uma peça na gente. A gente se acostumou a querer pouco, e ensinamos aos outros que merecíamos pouco também.

O atleta Bo se apaixona pela menina Will, e ela, insegura com seu peso e seu físico, faz de tudo para afastá-lo, ou pelo menos para que ele enxergue que se enganou e escolheu a pessoa errada. Na cabeça dela, quanto antes ele souber que ela é “horrível”, melhor.

O filme “Dumplin”, baseado no livro homônimo de Julie Murphy, traz à tona o tema da autoestima, autoconfiança e insegurança. Apesar da história central não girar em torno do romance vivido por Willowdean Dickson (Danielle McDonald) e Bo Larson (Luke Benward), me fez refletir sobre o quanto nos acovardamos diante de alguns presentes inesperados da vida. O quanto desdenhamos a felicidade quando não nos julgamos merecedores. O quanto podemos recusar o afeto de alguém simplesmente por não nos considerarmos bons o bastante para esse alguém.

Rupi Kaur tem uma frase que gosto muito que diz assim: “Como você ama a si mesma é como você ensina todo mundo a te amar”. Essa frase me faz pensar que a gente se acostumou a receber e a aceitar pouco, e quando recebemos muito, que susto! Supomos que houve um engano, erraram o endereço, estão pregando uma peça na gente. A gente não se conforma em ser o objeto de desejo de alguém. A gente se assusta ao ser eleito interessante. A gente se esquece que se acostumou a querer pouco, e ensinamos aos outros que merecíamos pouco também.

Você pode ter a autoestima lá em cima, mas quando afasta alguém ou sabota a própria felicidade por não dar conta de lidar com tanta areia para o seu caminhão, está atestando que prefere a paz permanente da derrota que a alegria volátil do êxito.

A gente precisa parar com essa mania de afugentar as bênçãos como se não desse conta de lidar com elas. Como se a infelicidade fosse mais certa, confiável e confortável. Como se ser eleito pela sorte fosse uma pegadinha de mal gosto ou um sonho passageiro do qual logo iremos acordar.

Insegurança é isso: Preferir se refugiar numa vida segura, restrita e infeliz a ousar afrouxar nossas defesas e expor nossa vulnerabilidade correndo o risco de ser um pouco mais feliz.

Quando adquirimos autoconfiança não perdemos o medo, mas suportamos melhor as derrotas. Quando nos tornamos autoconfiantes não se esgotam as preocupações, mas aprendemos a tolerar as imperfeições, sem desistir de nós mesmos diante das primeiras aflições.

Descobrir que podemos viver sem comparações, mas respeitando e valorizando a diversidade de corpos, rostos, cabelos, tons de pele e estruturas ósseas nos ajuda a entender que no final das contas, ninguém é muita areia para o caminhão de ninguém.

Que possamos amadurecer com sabedoria, aceitando que somos geniais o bastante para merecermos amores incríveis, inteiros e loucos para atravessarem a vida conosco. E que não nos falte a capacidade de viver e amar com intensidade, arriscando ser um pouco mais feliz em nossa vulnerabilidade.

Fabíola Simões



quarta-feira, 1 de maio de 2019

1º de maio - Dia do Trabalho



Para quem não assistiu a este filme, "Em busca da felicidade", hoje é um bom dia para fazê-lo!...

Manifestamos o nosso apoio aos milhões de desempregados no país...

Depois dos 40




Não tenho mais 40 anos, tenho 52, mas acredito que este texto serve para todas nós, depois dos 40...


"Depois dos 40 anos, o pensamento feminino muda, desembaraça. O sexo não é mais performance, exaustão, é fazer o que se gosta e do jeito que gosta. É aproveitar dez minutos com a intensidade de uma noite inteira, é reconhecer o rosto do próprio desejo no primeiro suspiro, é optar pela submissão por puro prazer, sem entrar na neurose da disputa ou do controle.

A mulher de 40 não diminui o ritmo da intimidade. Pode ler um livro com a intensidade de uma transa. Pode assistir um filme com a intensidade de uma transa. Pode conversar com a intensidade de uma transa. Ela não tem um momento para a sensualidade, a sensualidade é todo momento.

Tomar o café da manhã não é apenas um desjejum, tem a sua identidade, o seu ritual, um refinamento da história de seus sabores. Tomar o café da manhã com uma mulher de 40 anos é participar de sua memória, de suas escolhas.

Ela não precisa mais provar nada. Já sofreu separações, e tem consciência de que suporta o sofrimento. Já superou dissidências familiares, e tem consciência de que a oposição é provisória. Já recebeu fora, deu fora, entende que o amor é pontualidade e que não deve decidir pelo outro ou amar pelos dois.

A mulher de 40 anos, cansada das aparências, cometerá excessos perfeitos. É mais louca do que a loucura porque não se recrimina de véspera. É ainda mais sábia do que a sabedoria porque não guarda culpa para o dia seguinte.

A beleza se torna também um estado de espírito, um brilho nos olhos, o temperamento. A beleza é resultado da elegância das ideias, não somente do corpo e dos traços físicos.

Encontrou a suavidade dentro da serenidade. A suavidade que é segurança apaixonada, confiança curiosa.
O riso não é mais bobo, mas atento e misterioso, demonstrando a glória de estar inteira para acolher a alegria improvisada, longe da idealização, dentro das possibilidades.

Não existe roteiro a ser cumprido, mapa de intenções e requisitos.

Há a leveza de não explicar mais a vida. A leveza de perguntar para se descobrir diferente, em vez de questionar para confirmar expectativas.

Ser tia ou mãe, ser solteira ou casada não cria angústia. Os papéis sociais foram queimados com os rascunhos.

A mulher de 40 é a felicidade de não ter sido. É a felicidade daquilo que deixou para trás, daquilo que negou, daquilo que viu que era dispensável, daquilo que percebeu que não trazia esperança.

Seu charme vai decorrer mais da sensibilidade do que de suas roupas. O que ilumina sua pele é o amor a si, sua educação, sua expressividade ao falar.

A beleza está acrescida de caráter. Do destemor que enfrenta os problemas, da facilidade que sai da crise.
A beleza é vaidosa da linguagem, do bom humor. A beleza é vaidosa da inteligência, da gentileza.

Depois dos 40 anos não há depois, é tudo agora."


Texto de Fabrício Carpinejar, publicado na “Revista Isto É Gente” – Março de 2014 p. 50 – Ano 14 Número 706.

Costurando a vida! – Fica-te tão bem o dia que trazes. Onde é que o arranjaste? – Fui eu que fiz. Já me aborreciam os dias sempre iguais, se...