segunda-feira, 1 de julho de 2024

Esperança

 

ESPERANÇA

 

A esperança é verde, de vários tons de verde. Verde bandeira, verde clarinho, verde água, verde musgo e até 'verde calcinha', se é que isso existe.

A esperança é nossa natureza.

Combinada ao marrom do tronco das árvores e também do pelo dos animais. Combinada ao marrom das pequenas pedrinhas que visualizo sob meus pés mergulhados em um pequeno riacho de águas claras e mínimos peixinhos.

As pedras são de um marrom de multitonalidade e multitamanhos.

Piso nelas e sinto-lhes uma resistência que machuca, apesar de sua beleza.

Tento simbolizar.

Obstáculos, desafios.

Mas então de onde viria a beleza? Talvez da nossa natureza, da descoberta de que as coisas são o que são, sem julgamentos. Da possibilidade de crescimento. Tudo está onde deveria estar.

O riacho, por sua natureza, corre para o rio, onde se encontram peixes maiores e uma correnteza que, quase como um ímã, se dirige ao mar.

Aí a benventurança, a esperança de poder pular ondas em uma água morna e refazedora,  revigorante.

No mar de nossas fantasias, a esperança.

Não faço planos como costumava, pois tantos não se podem cumprir e me restaria a frustração.  Não.

Enxergo perspectivas, alternativas, tento concebê-las cria-las. Possibilidades palpáveis.

Há pouco consegui dar cinco passinhos sem me segurar a ninguém.  Com supervisão, naturalmente - mas ao mesmo tempo segura de mim também.

Deus, mas que felicidade!

Juntamente com isso, tive que baixar a pressão do bipap.  Boas novas! Sinais de melhora.

Ainda me encontro bastante fraca, ainda não consigo conversar sem me cansar, fazer um leve esforço sem me mostrar ofegante e com a musculatura cansada a pequenos movimentos.

Olhando assim, ninguém fala; parece que não tenho nada.

A miastenia não fica assim, visível, exceto em alguns casos.

MAS há a melhora a se insinuar.

A dúvida era se aconteceu pela interrupção de um psicotrópico (ao mesmo tempo ansiolítico, antidepressivo, estabilizador do humor e sonífero) - será que, como inúmeros medicamentos na miastenia, estava contribuindo para piorar os sintomas?

O fato é que a melhora coincidiu com a conclusão de um diagnóstico, uma infecção arrastada e o início de seu tratamento. Como variados medicamentos, qualquer infecção pode piorar também os sintomas da miastenia.

No caso, uma 'esporotricose'. Causada por um fungo que é encontrado no ambiente e que pode ser transmitido por arranhadura de animais, principalmente gatos, mas também cachorros etc. Ou pode-se inalar seus esporos.

Apareceu-me no final do ano passado um pequeno nódulo no cotovelo, depois outros satélites, com aumento de seu número e tamanho. 

A cultura realizada depois da biópsia encontrou o dito, que já está sendo tratado por tempo indefinido, devido à imunossupressão.

Será que os sintomas pioraram por causa dessa infecção? Será que começaram a melhorar por causa desse tratamento? (Especulo).

O fato é que diante disso pudemos tentar reduzir, depois de um loongo período, a dose do corticoide.  Vai que cola!

Reduz o inchaço, o apetite, a glicemia e tantos outros efeitos.

Estou um pouco de luto, pois não posso mais ter contato com a Mel, que gosta de me arranhar pra chamar pra brincar. O luto é provocado por qualquer perda significativa, não apenas a morte. Sigamos.

Adaptamo-nos a tudo, não somos quadrados.  Eu, atualmente, uma ‘bolinha’ (risos sérios).

Perspectivas de mudança, de esperança.

E a ansiedade a toque de caixa, que não me facilita dormir ou parar de especular. Tudo ao mesmo tempo. Paciência. Diante dessa melhora, há de dar uma arrefecida.

Fácil falar: 

ENTREGO,

CONFIO,

ACEITO E

AGRADEÇO.

 

Mas também não me furto a desempenhar meu papel.

sou ativa, não passiva.

Resiliente, não resignada.

Também tomo parte no meu destino.

Porém, como diz o Murilo, "regidos pelo eterno e imutável".

 

Regidos também pela transmutação da luz violeta, pela cura da luz verde, pela conspiração do Universo em nosso favor.

Basta acreditar, fazer nossa parte.

As coisas são o que são, de nada adianta brigar com elas.

No entanto, há que se ter esperança. Acho que ela move o mundo.

E vamos em frente!

 

Paula Mendes, na calada da noite.

01/07/2024

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