terça-feira, 12 de novembro de 2024

Costurando a vida!

– Fica-te tão bem o dia que trazes.
Onde é que o arranjaste?
– Fui eu que fiz.
Já me aborreciam os dias sempre iguais, sempre a mesma coisa, e resolvi arriscar um toque personalizado.
– E como fizeste?
– Aproveitei coisas que tinha e a que voltei a dar uso.
Subi as bainhas da manhã para deixar entrar mais claridade e bordei uns pontos de exclamação nos bolsos para ter sempre à mão maneira de me espantar com a beleza da vida.
Descosi velhos hábitos e teci algumas considerações importantes, como a de apanhar as malhas caídas dos dias com força de vontade e coragem.
Depois, junto à fímbria da noite, deixei abertos uns rasgos de imaginação e prendi os sonhos com colchetes de luz à esperança num mundo melhor.
(Mia Couto)

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

T O X I C I D A D E, P O S I T I V I D A D E. T Ó X I CA.

ENTÃO NÃO TENHO O DIREITO DE FICAR TRISTE?
Já pincelei sobre o assunto em outros textos, mas tanto me incomoda que resolvi escrever sobre ele, quiçá fazer um brainstorm.
Redes sociais. A quê ou quem têm servido, afinal?
Volto a citar, porque vale a pena: “A vida que não se posta nas redes dá um trabalho danado” (ou algo assim, mas é o que corresponde à mensagem).
Problemas, quem não os têm? 
Viver não é tão fácil e exige coragem, resignação, digo, resiliência, paciência, bom senso, atitudes naquilo que se pode mudar, aceitação do que não se pode, amor, compreensão, empatia, respeito às pessoas exatamente como elas são.  Tarefa difícil; mesmo que não se consiga amar logo de cara, então que se respeite.
Calçar os sapatos do outro e não ser o dono da verdade a ponto de querer mudá-lo. 
Mal conseguimos transformar a nós mesmos, a começar por um pequeno hábito ou ‘defeito’, que dirá ao outro.
Posta-se propagandas. Absurdo. Sei que são patrocinadas ou patrocinadoras, o que seria ‘necessário’ para manter a rede.
Posta-se vitórias; tudo bem, até certo limite.  
A vida é cheia de altos e baixos, e é bom compartilhá-los com quem se ama; divide-se as tristezas, as dificuldades, somam-se as alegrias com aqueles que realmente se importam. 
Mas com todos? O que exatamente pretendo com isso? 
Aguardo as curtidas como um vício e, com elas, produzo neurotransmissores. O negócio chega a ser físico, não apenas mental, psíquico ou psicológico. Alguém poderia até tratar como dependência. Dependência de curtidas. Volto por ali inúmeras vezes a fim de conferi-las, ler os comentários.
Submeto-me à aprovação alheia, como se fosse verdade. Até mesmo inveja eu causo. “Chego causando.” Consegui isso ou aquilo, sou isso ou aquilo; meus filhos, igualmente. Sou um sucesso total. 
Não sou um ser dividido, dual, cheio de dúvidas e cantos escuros. Sou de outro planeta; aparentemente; um ET.  Humano, não – difícil demais.
Fora a mídia que me golpeia - e me convence - de que tenho sonhos de consumo importantíssimos e necessidades absolutas, imediatas e que me cobra comportamentos, aparência e posturas estereotipados. 
Sou quase um robô, uma marionete nas mãos dos bárbaros.
Faço caminhadas, vou à academia, sigo dietas desmesuradas, a da bola da vez, não necessariamente visando minha saúde, mas para ficar malhado, bombado, postar-me. Apenas o lado “positivo”. Nada de dores e afins. 
Por vezes, o contrário da saúde física e mental. Cedo aos apelos externos.
E quanto aos internos, guardados, escondidos no fundo das gavetas? Quem sou eu, na verdade? Admito minha vulnerabilidade? Meu lado não tão bom assim? Mas o que é bom? O contrário de mau? Não sou normal?
Será que sou um mau sujeito? Tenho sentimentos ruins e impensáveis, inadmissíveis? Eu? Respondo com um sonoro não! Sou bom o tempo inteiro e ponto. Admitir dá muito, muito trabalho. 
Mas, ao mesmo tempo, precisaria admiti-lo para o outro que me lê? Eu mesma retruco, e ainda pergunto: sendo assim, porque teria necessidade de  mostrar ao outro apenas o  meu lado 'positivo'? Digo, ao outro distante; ao outro que não me conhece; ao outro que me julga de lá - e eu de cá, esperando por uma resposta, aguardando ansiosa suas curtidas, ainda que não correspondam à realidade do que pensam sobre mim. Sou uma linda, sou gente boa, sou nova ainda etc.
Ao meu ver, entretanto,  alma, sou espírito, sou mente, sou corpo, tudo junto e misturado; sou um só, sem separações. Sou matéria e sou energia. Eu Sou. Porque a dificuldade em entender? 
A própria medicina não o faz, estamos divididos em partes, tal como os animais que consumimos, a orelha direita e depois a esquerda o pé direito e depois o esquerdo.  Para tudo, uma especialização diferente, com doutorado acompanhando e complementando, trazendo status também...
Foi daí que surgiram as terapias holísticas, a medicina alternativa, cuja eficácia não se comprova por meio de pesquisas e estudos duplo-cegos. Não tem valor algum..
E ai de mim se ainda trago comigo um dos  transtornos mentaais, então! Sou doida de pedra. 
Em verdade, doída. Estigmas. 
Medo de admitir meus próprios transtornos, olhar para mim mesmo, projetando no outro o julgamento que faço de mim mesma e as expectativas frustradas sobre mim, sobre o que deveria ser, sobre o que deveria ter alcançado a este ponto da vida? 
Tenho pontos fracos? Eu? Euzinha?
Quem não os tem? Estamos aqui de passagem e para aprendermos, admitir erros e não repeti-los – e as circunstâncias voltam em ciclos até que aprenda a lição e se possa seguir em frente, errando e caindo e se reerguendo, assumindo que se precisa de ajuda – às vezes sim, por vezes não. Mas que seja verdadeiro.
Que medo de conseguir a ajuda e me jogarem na lata minhas próprias necessidades e fraquezas!... Ou de me fazerem – me deixarem - descobri-las por mim mesma...
Meus pontos fortes e aqueles não tão fortes assim, penso que devo selecionar a dedo com quem compartilhar. O coração do outro é sagrado, o meu também e caminhar por eles exige respeito e sensibilidade, cuidado, tolerância e compreensão. É pisar em ovos. Isso, não encontro em qualquer bar da esquina.
Por outro lado, sei que as redes sociais cumprem um papel importante para todos nós, tanto pessoalmente, como em sociedade.
Quero postar minha opinião sobre certo assunto; congratulações por isso ou aquilo; até mesmo comunicar falecimentos, velórios, sepultamentos etc. Quero postar poesias e escritos cheios de arte, outros tipos de arte, desejar bom dia, boa noite, compartilhar algum conhecimento, perguntar sobre alguma dúvida...
Sim, as redes sociais cumprem um fim. Finalizo negócios, inclusive. 
Minha opinião é de que realmente não vivemos sem elas, não mais. Podem facilitar e simplificar muito nossa vida e a dos outros.
No entanto, que sejam utilizadas com inteligência e bom senso, inteligência emocional, inclusive.
Para falar a verdade, não sei usar o Instagram e em todas as vezes que tentei me deparei com propagandas e mais propagandas. Tudo bem se as pessoas querem divulgar seus trabalhos e afins. Que seja feito com um mínimo de sensatez, no entanto, e que se preserve aquilo que é pessoal 
E que minha positividade não seja obrigatória nem tóxica, a nenhum de nós, e que sirva aos devidos fins.
Não preciso me gabar de nada, apenas e somente buscar meu autoconhecimento, meu próprio crescimento como ser humano, assumindo senão para mim e para muito poucos aquilo que é pessoal e intransferível, aquilo que me faz ser eu mesma.
As redes sociais que se adaptem; às redes sociais, que ocupem seus respectivos lugares e que possam enriquecer a todos, não apenas a alguns.
Não sou de frases de efeito, mas já que o texto se viu repleto delas, termino com uma que muito aprecio:
“Meu amigo me chamou para cuidar da dor dele; botei a minha no bolso e fui”. (Especialmente para Deborah Secchin).

Paula Mendes
13/10/24

domingo, 29 de setembro de 2024

"A felicidade, costumava ele dizer, consiste num fazer nada: ser-se feliz é apenas deixar Deus acontecer."

Mia Couto”A confissão da Leoa”
#MiaCouto
UM ANJO ENTRE NÓS  (LUTO)

Ainda não consegui elaborar sua perda.
Coisa demais acontecendo ao mesmo tempo, isso ficou dentro de uma gaveta,  aguardando.
Agora 'és' a bola da vez.
Que dizer, meu querido, meu amado irmão? Anjo de todos nós.
Cuidei de você, meio que mãe. Você cuidou de mim, Amigo e Irmão, com letras maiúsculas. Contava comigo e eu, com você.
Cuidou de nossos pais e eles, de você. Puro carinho.
Reclamããoo!!! (risos). Tudo da boca pra fora. A verdade é que tinha o coração enorme, não cabia no peito. Queria agradar, mas amava genuinamente.
Ao mesmo tempo, não tinha ‘papas na língua’, falava o que lhe viesse à telha. Colocava apelido nas pessoas conforme suas características, sempre com bastante humor, muito engraçado.
Não há como não lembrar de você sem dar umas boas risadas. Simples assim. Doces lembranças.
Recolhido a seu mundinho todo próprio, música, cinema, séries, gastronomia. E como tinha bom gosto para todos acima!
Tenho medo de esquecer suas feições, o tom alto com que falava e o timbre da sua voz, o seu sorriso, os seus espirros, sempre exagerados! Fico tentando me lembrar da última vez em que o vi vivo, da última vez que o vi morto, sem acreditar. Acesso em minha mente aquele momento. Fui sem poder ir. Tinha que me despedir. São Tomé.
Que saudade! Pouco ou nada pranteei, tudo guardado no peito a me adoecer. Guardado. Hoje entreabro a gaveta. Não sei bem o que há ali.
Sempre recorria a mim. Eu gostava.
Sempre viajava com a Flávia e o Alex, amigo e companheiro não só de viagens, mas também de filmes de terror no cinema.
Stella viajava um pouco menos em sua companhia, mas também com frequência. Davam-se bem.  Dava-se bem com a família, compreensivo e compreendido, coisa que nem sempre foi. Muito perdeu quem não o conheceu de verdade.
Sem sombra de dúvidas, verdadeiro Anjo em nossas vidas que hoje brilha no céu como uma estrela a nos alumiar o coração.
Fizemos tantos planos!
Morou comigo durante um ano, fugia de casa durante minhas 'TPMs', voltava em cinco dias a reclamar. Responsável por fazer o pagamento das contas e até mesmo lavar louças, coisa que detestava. Um copo diferente para cada nova ingestão de água. Voltou para a casa de meus pais com a justificativa de que queria conviver com a primeira cadelinha deles, a Kelly.
Muito amor pelos animais.
Antenado quanto às pessoas,à sua volta, muito sensível. Ao mesmo tempo,  ingênuo. 
E um tanto direto, aquilo ficava escrito na sua testa.
Tinha que ter seus momentos em sua própria companhia, viajava sozinho ou refugiava-se em seus aposentos, recolhido em si mesmo.
E ao mesmo tempo, tão presente!
Maurício, você foi um grande PRESENTE para todos nós! Que privilégio o nosso! 
E faz-se presente em todos os momentos.
Agora consigo chorar. Desanuviar. Custei, meio que anestesiada e tomada por circunstâncias a elaborar.
‘Mauzinho’, como você faz falta!
Lembro-me como se fosse hoje quando mamãe me ligou na casa da Débora, comunicando que havia escolhido seu nome, que persevera, retunde, reverbera em minha mente. Não há como não lembrar de você todos os dias, como não citar você todos os dias sem sorrir.
No final de minha agenda, um papelzinho à parte com a ‘receita’ do sanduíche da Subway que você gostava. Lugarzinho sagrado.
Sei que está muito bem acompanhado aí em cima. Fica bem. Nós também ficaremos.
Sua, 
‘Raimundinha’.
26/09/24, antevéspera do que seria seu aniversário. 
Vivo o luto, finalmente.
Parabéns, meu lindo!
"Recordava sobretudo o perfume da terra quando chovia. 
Vendo a chuva escorrendo-me perguntava:
Como sabemos que esse cheiro é de terra e não de céu?"

Mia Couto

terça-feira, 27 de agosto de 2024

ESTAMOS TODOS INTERNADOS

Bom dia!
03:30 da manhã e, mais uma vez, internada. Este é o horário em que costumo render mais quando quero escrever.
Já não me animo a dar notícias de idas e vindas, internações e voltas pra casa, melhoras e pioras. É o balanço da vida, das ondas, a flutuação de sintomas, a montanha russa que não deixa de existir para todos.
“Melhor escrever para si mesmo e não ter público do que escrever para o público e não ter a si mesmo” (Cyril Connolly, romancista e crítico literário inglês). 
Não sei exatamente onde me deparei com esta frase, mas muito me tocou. Pura verdade. Pôs-me a me perguntar o quanto faço de um e de outro.
Sou sim uma otimista, na maioria do tempo. Como todos os humanos, feitos que somos de carne e osso, tenho meus momentos de pessimismo e de dramaticidade. 
Sim, sou resiliente. Mas tenho momentos, nunca direi de revolta porque não é verdade, mas de sensação de que as coisas não terão muito jeito.
Alguns amigos, brincando, me chamam de “ET”, como se eu não fosse deste mundo, por minhas reações diante das adversidades. Realmente talvez seja a impressão que eu passe ou queira preservar; o que não corresponde à realidade. Não sou mais do que uma pobre mortal tentando se equilibrar na corda bamba da vida e, talvez, este tenha sido meu modo de lidar com o imprevisível, com o inusitado, com aquilo que nos ameaça na calada da noite, que espreita nos cantos escuros,  no olhar discreto e penalizado das pessoas, que teimam em dar a impressão de que não tivessem olhado.
Já me chamaram de “senhorinha”, de mãe das acompanhantes, até de avó de uma delas. Isso é coisa séria. O adoecer traz consigo certas peculiaridades.
Tenho medo, sim. Ansiedade, muita; às vezes incontrolável, sai pelo corpo. Há que se ter uma alternativa de por onde sair. Talvez escrever seja uma delas. Meditar na hora da ansiedade? Que dificuldade! Há que se criar alternativas sãs.
Por outro lado, sou sim, alegre, bem humorada, tenho até uma “felicidade estrutural” que me acompanha, legado de meus pais pelo exemplo, vívido, do amor. Vivido.
Tenho me furtado, no entanto, a colocar os pés no chão. Fuga verdadeira de se viver a dor que, afinal, tem que ser sentida e elaborada. Dor da perda e das limitações. Não que se deva mergulhar nela, como no fundo de um poço úmido, frio, sem luz e sem perspectivas, mas vive-la sem negá-la, isso sim. A dor faz parte. Não há compras nem postagens que a façam ir embora. Há que se lidar com ela, achar uma forma saudável de fazê-lo. Sem que seja para o público, mas para si mesmo.
Não quero escrever apenas para o outro; não mais. Não pretendo me perder a mim mesma. Nem em mim mesma.
Já me referi em outro momento à maneira com que ‘deslizo’ com minha cadeira de banho casa afora, numa analogia ao modo com que deslizaria pela vida. Sim, verdade; mas também deslizo sobre a morte – tal como todos nós, novamente, ‘pobres mortais’. 
“Para morrer, basta estar vivo”, diria o ditado. Muitas vezes isso se mostra tão escancarado que amedronta. Como não? Todos vivemos sob este véu que às vezes cisma em cair, em se rasgar.
Fiquei pensando na atual internação: afinal, não estaríamos todos internados? Inclusive num manicômio, talvez. Que loucura essa, do mundo atual? Internados com o fim de nos curarmos ou nos tratarmos de algo muito sério, cada um a seu modo, cada um com seus sapatos, cada um de uma doença idiossincrásica.
A vida nos apresenta situações para nos curarmos daquilo de que mais precisamos: 
Preciso de paciência? 
- Dá-lhe uma ‘miastenia gravis’ para que se a crie, se a promova, se a burile, com vistas a que vire um diamante, de bruto a lapidado, como se isso fosse possível aqui nesta estação...
Preciso de humildade?
- Dá-lhe circunstâncias em que se tem de depender, por exemplo.
Preciso desenvolver a empatia, a compaixão, o amor etc.?
- Dá-lhe condições em que tenha que olhar para o lado e deixar de enxergar apenas o próprio umbigo... E também circunstâncias em que se é tão amado que se pergunte: será que estou amando assim? Será que sou capaz? E isso te faz ser uma pessoa melhor; nada melhor e único do que o exemplo.
Manter o olhar focado sobre o próprio umbigo adoece, fá-lo se sentir como o mais pobre dos mortais (novamente o termo que não quer se esgueirar), pena de si mesmo. Ô dó!
(Aff! – como se diria hoje em dia).
Basta olhar para o lado.
Que cada um se cure daquilo que o levou a ser internado neste mundo cão, ao mesmo tempo cheio de amor, ao mesmo tempo cheio de dor. Que se alcance, com o próprio suor e também com a misericórdia do Universo, do Divino, aquilo que se mais necessita, aquilo que mais se anela nas profundezas do secreto, naquilo que nem se ousa pensar em declarar, muitas vezes, inúmeras vezes, nem sequer para si mesmo.
Não falo de religião, cada um tem a sua. Muitos, nenhuma, e assim mesmo a carregam consigo, não acreditando em bruxas, “pero que la hay, las hay”...
Céticos ou não, o mundo poderia ser visto sob o ângulo de um hospital em que todos estariam tentando se curar, muitos cuidando uns dos outros, ensinando e aprendendo; tratando de uma doença que a Vida apresenta a cada um segundo as suas necessidades.
Como diria o Facebook,  à parte de sua 'positividade tóxica ': a vida que não postamos nas redes dá um trabalho danado!!
Sigamos.

Paula Mendes
27/08/2024
ESTAMOS TODOS INTERNADOS

Bom dia!
03:30 da manhã e, mais uma vez, internada. Este é o horário em que costumo render mais quando quero escrever.
Já não me animo a dar notícias de idas e vindas, internações e voltas pra casa, melhoras e pioras. É o balanço da vida, das ondas, a flutuação de sintomas, a montanha russa que não deixa de existir para todos.
“Melhor escrever para si mesmo e não ter público do que escrever para o público e não ter a si mesmo” (Cyril Connolly, romancista e crítico literário inglês). 
Não sei exatamente onde me deparei com esta frase, mas muito me tocou. Pura verdade. Pôs-me a me perguntar o quanto faço de um e de outro.
Sou sim uma otimista, na maioria do tempo. Como todos os humanos, feitos que somos de carne e osso, tenho meus momentos de pessimismo e de dramaticidade. 
Sim, sou resiliente. Mas tenho momentos, nunca direi de revolta porque não é verdade, mas de sensação de que as coisas não terão muito jeito.
Alguns amigos, brincando, me chamam de “ET”, como se eu não fosse deste mundo, por minhas reações diante das adversidades. Realmente talvez seja a impressão que eu passe ou queira preservar; o que não corresponde à realidade. Não sou mais do que uma pobre mortal tentando se equilibrar na corda bamba da vida e, talvez, este tenha sido meu modo de lidar com o imprevisível, com o inusitado, com aquilo que nos ameaça na calada da noite, que espreita nos cantos escuros,  no olhar discreto e penalizado das pessoas, que teimam em dar a impressão de que não tivessem olhado.
Já me chamaram de “senhorinha”, de mãe das acompanhantes, até de avó de uma delas. Isso é coisa séria. O adoecer traz consigo certas peculiaridades.
Tenho medo, sim. Ansiedade, muita; às vezes incontrolável, sai pelo corpo. Há que se ter uma alternativa de por onde sair. Talvez escrever seja uma delas. Meditar na hora da ansiedade? Que dificuldade! Há que se criar alternativas sãs.
Por outro lado, sou sim, alegre, bem humorada, tenho até uma “felicidade estrutural” que me acompanha, legado de meus pais pelo exemplo, vívido, do amor. Vivido.
Tenho me furtado, no entanto, a colocar os pés no chão. Fuga verdadeira de se viver a dor que, afinal, tem que ser sentida e elaborada. Dor da perda e das limitações. Não que se deva mergulhar nela, como no fundo de um poço úmido, frio, sem luz e sem perspectivas, mas vive-la sem negá-la, isso sim. A dor faz parte. Não há compras nem postagens que a façam ir embora. Há que se lidar com ela, achar uma forma saudável de fazê-lo. Sem que seja para o público, mas para si mesmo.
Não quero escrever apenas para o outro; não mais. Não pretendo me perder a mim mesma. Nem em mim mesma.
Já me referi em outro momento à maneira com que ‘deslizo’ com minha cadeira de banho casa afora, numa analogia ao modo com que deslizaria pela vida. Sim, verdade; mas também deslizo sobre a morte – tal como todos nós, novamente, ‘pobres mortais’. 
“Para morrer, basta estar vivo”, diria o ditado. Muitas vezes isso se mostra tão escancarado que amedronta. Como não? Todos vivemos sob este véu que às vezes cisma em cair, em se rasgar.
Fiquei pensando na atual internação: afinal, não estaríamos todos internados? Inclusive num manicômio, talvez. Que loucura essa, do mundo atual? Internados com o fim de nos curarmos ou nos tratarmos de algo muito sério, cada um a seu modo, cada um com seus sapatos, cada um de uma doença idiossincrásica.
A vida nos apresenta situações para nos curarmos daquilo de que mais precisamos: 
Preciso de paciência? 
- Dá-lhe uma ‘miastenia gravis’ para que se a crie, se a promova, se a burile, com vistas a que vire um diamante, de bruto a lapidado, como se isso fosse possível aqui nesta estação...
Preciso de humildade?
- Dá-lhe circunstâncias em que se tem de depender, por exemplo.
Preciso desenvolver a empatia, a compaixão, o amor etc.?
- Dá-lhe condições em que tenha que olhar para o lado e deixar de enxergar apenas o próprio umbigo... E também circunstâncias em que se é tão amado que se pergunte: será que estou amando assim? Será que sou capaz? E isso te faz ser uma pessoa melhor; nada melhor e único do que o exemplo.
Manter o olhar focado sobre o próprio umbigo adoece, fá-lo se sentir como o mais pobre dos mortais (novamente o termo que não quer se esgueirar), pena de si mesmo. Ô dó!
(Aff! – como se diria hoje em dia).
Basta olhar para o lado.
Que cada um se cure daquilo que o levou a ser internado neste mundo cão, ao mesmo tempo cheio de amor, ao mesmo tempo cheio de dor. Que se alcance, com o próprio suor e também com a misericórdia do Universo, do Divino, aquilo que se mais necessita, aquilo que mais se anela nas profundezas do secreto, naquilo que nem se ousa pensar em declarar, muitas vezes, inúmeras vezes, nem sequer para si mesmo.
Não falo de religião, cada um tem a sua. Muitos, nenhuma, e assim mesmo a carregam consigo, não acreditando em bruxas, “pero que la hay, las hay”...
Céticos ou não, o mundo poderia ser visto sob o ângulo de um hospital em que todos estariam tentando se curar, muitos cuidando uns dos outros, ensinando e aprendendo; tratando de uma doença que a Vida apresenta a cada um segundo as suas necessidades.
Sigamos.

Paula Mendes
27/08/2024

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

“Eu só ando dentro de mim;
se fui em outro lugar foi para me ver.
Não saio de dentro de mim nem para pescar. Ando mais por dentro de mim do que na estrada.
Passarinhos existem para dar movimento ao entardecer.
Eu me recolho no abandono para ser livre”

Manoel de Barros
:Desligue-se de tudo o que trava seu riso e tira sua paz. 
Desobrigue-se de carregar o peso do mundo. 
Encante-se pelo simples e verdadeiro. 
Apaixone-se pela vida e por si mesmo. 
Seja leve de alma e coração. 
Compartilhe o bem, espalhe amor e não desdenhe ninguém. 
Ame sua própria companhia e contagie a todos com sua alegria. Trilhe seu caminho e construa seu próprio destino. 
Não alimente o ego, nem a maldade. 
Cultive a humildade e prossiga sempre com a sua verdade."

Nanda Araújo.

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

"Lugares onde o amor se esconde:
num céu estrelado                                
num café de vó                                             
num abraço apertado                  
num vasinho de flor                        
num elogio inesperado                             
numa foto antiga                                            
num verso de poesia." - 

Victor Hugo

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Esperança

 

ESPERANÇA

 

A esperança é verde, de vários tons de verde. Verde bandeira, verde clarinho, verde água, verde musgo e até 'verde calcinha', se é que isso existe.

A esperança é nossa natureza.

Combinada ao marrom do tronco das árvores e também do pelo dos animais. Combinada ao marrom das pequenas pedrinhas que visualizo sob meus pés mergulhados em um pequeno riacho de águas claras e mínimos peixinhos.

As pedras são de um marrom de multitonalidade e multitamanhos.

Piso nelas e sinto-lhes uma resistência que machuca, apesar de sua beleza.

Tento simbolizar.

Obstáculos, desafios.

Mas então de onde viria a beleza? Talvez da nossa natureza, da descoberta de que as coisas são o que são, sem julgamentos. Da possibilidade de crescimento. Tudo está onde deveria estar.

O riacho, por sua natureza, corre para o rio, onde se encontram peixes maiores e uma correnteza que, quase como um ímã, se dirige ao mar.

Aí a benventurança, a esperança de poder pular ondas em uma água morna e refazedora,  revigorante.

No mar de nossas fantasias, a esperança.

Não faço planos como costumava, pois tantos não se podem cumprir e me restaria a frustração.  Não.

Enxergo perspectivas, alternativas, tento concebê-las cria-las. Possibilidades palpáveis.

Há pouco consegui dar cinco passinhos sem me segurar a ninguém.  Com supervisão, naturalmente - mas ao mesmo tempo segura de mim também.

Deus, mas que felicidade!

Juntamente com isso, tive que baixar a pressão do bipap.  Boas novas! Sinais de melhora.

Ainda me encontro bastante fraca, ainda não consigo conversar sem me cansar, fazer um leve esforço sem me mostrar ofegante e com a musculatura cansada a pequenos movimentos.

Olhando assim, ninguém fala; parece que não tenho nada.

A miastenia não fica assim, visível, exceto em alguns casos.

MAS há a melhora a se insinuar.

A dúvida era se aconteceu pela interrupção de um psicotrópico (ao mesmo tempo ansiolítico, antidepressivo, estabilizador do humor e sonífero) - será que, como inúmeros medicamentos na miastenia, estava contribuindo para piorar os sintomas?

O fato é que a melhora coincidiu com a conclusão de um diagnóstico, uma infecção arrastada e o início de seu tratamento. Como variados medicamentos, qualquer infecção pode piorar também os sintomas da miastenia.

No caso, uma 'esporotricose'. Causada por um fungo que é encontrado no ambiente e que pode ser transmitido por arranhadura de animais, principalmente gatos, mas também cachorros etc. Ou pode-se inalar seus esporos.

Apareceu-me no final do ano passado um pequeno nódulo no cotovelo, depois outros satélites, com aumento de seu número e tamanho. 

A cultura realizada depois da biópsia encontrou o dito, que já está sendo tratado por tempo indefinido, devido à imunossupressão.

Será que os sintomas pioraram por causa dessa infecção? Será que começaram a melhorar por causa desse tratamento? (Especulo).

O fato é que diante disso pudemos tentar reduzir, depois de um loongo período, a dose do corticoide.  Vai que cola!

Reduz o inchaço, o apetite, a glicemia e tantos outros efeitos.

Estou um pouco de luto, pois não posso mais ter contato com a Mel, que gosta de me arranhar pra chamar pra brincar. O luto é provocado por qualquer perda significativa, não apenas a morte. Sigamos.

Adaptamo-nos a tudo, não somos quadrados.  Eu, atualmente, uma ‘bolinha’ (risos sérios).

Perspectivas de mudança, de esperança.

E a ansiedade a toque de caixa, que não me facilita dormir ou parar de especular. Tudo ao mesmo tempo. Paciência. Diante dessa melhora, há de dar uma arrefecida.

Fácil falar: 

ENTREGO,

CONFIO,

ACEITO E

AGRADEÇO.

 

Mas também não me furto a desempenhar meu papel.

sou ativa, não passiva.

Resiliente, não resignada.

Também tomo parte no meu destino.

Porém, como diz o Murilo, "regidos pelo eterno e imutável".

 

Regidos também pela transmutação da luz violeta, pela cura da luz verde, pela conspiração do Universo em nosso favor.

Basta acreditar, fazer nossa parte.

As coisas são o que são, de nada adianta brigar com elas.

No entanto, há que se ter esperança. Acho que ela move o mundo.

E vamos em frente!

 

Paula Mendes, na calada da noite.

01/07/2024

domingo, 23 de junho de 2024

''Faz da tua casa uma festa! 
Ouve música, canta, dança...
Faz da tua casa um templo!
Reza, ora, medita, pede, agradece...
Faz da tua casa uma escola!
Lê, escreve, desenha, pinta, estuda, aprende, ensina...
Faz da tua casa uma loja!
Limpa, arruma, organiza, decora, muda de lugar, separa para doar...
Faz da tua casa um restaurante!
Cozinha, prova, cria, cultiva, planta...
Enfim...
Faz da tua casa
Um local criativo de amor." 

Cora Coralina

terça-feira, 18 de junho de 2024

Um amigo é fruto de uma escolha. É uma opção de amor. É a descoberta da alma irmã. É a consciência clara e permanente de algo sublime que não está na natureza das coisas perecíveis. É um tesouro sem preço, um gostar sem distância, de alguém presente em nosso caminho, nas horas de dúvida, de alegria, demais para ser perdido, importante para ser esquecido.

__ Antoine Saint Exuperry
Aroma de Poesia 

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Olha que lindo minha 🪻 amo janelas também 

Toda janela é uma poesia. 
As da casa e as da alma. 
Janela tem um ar de pensamento solto, 
de ventania, 
de paisagem e de saudade. 
É um meio de sair 
mesmo estando do lado de dentro. 
É uma forma de imaginar 
um mundo maior, 
mais colorido e mais divertido. 
É poesia quando a chuva bate vagarosamente e traz de volta nossos pensamentos mais bonitos. 
Quando o sol nos avisa que já é hora de acordar, que o dia já chegou e que alguém precisa ir à luta. 
Toda janela é mesmo uma espécie de poesia…

Wanderly Frota

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Bom dia🍂🍂🍂

O Cheiro do amaciante que exala da roupa que balança no varal enquanto o vento bate nelas.
Um bolo no forno. A risada de uma criança. Fim de tarde alaranjado. Um cochilo a tarde, dividir a coberta em um dia frio com a pessoa que amamos. Um papo sem pressa com pessoas que gostamos...
A vida pode ser maravilhosa quando a gente resolve amar os detalhes.

🧡
“O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. 
Em silêncio. 
Sem dar conselhos. 
Sem que digam: "Se eu fosse você". 
A gente ama não é a pessoa que fala bonito. 
É a pessoa que escuta bonito. 
A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. 
É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. 
Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção."
_____Rubem Alves

segunda-feira, 3 de junho de 2024

"Sou as minhas atitudes, os meus sentimentos, as minhas ideias. O que realmente faz valer a pena estar vivo, não há filmadora ou máquina fotográfica que registre... Surpresas, gargalhadas, lágrimas, enfim, o que eu sinto, quem eu sou, você só vai perceber quando olhar nos meus olhos, ou melhor... além deles..."

Clarice Lispector

quinta-feira, 30 de maio de 2024

O vento anda ficando mentiroso:
Prometeu trazer você – não trouxe,
de dizer o porquê – não disse; 
esperou que eu me distraísse, 
passou com pressa rumo ao horizonte. 
Já não tem importância 
que cometa outra vez
um ato de inconstância.
Aprendi a esperar.
Se ventos são capazes de levar embora, 
a qualquer hora, 
também serão capazes de fazer voltar. 

["Expectativa", Flora Figueiredo]

sábado, 25 de maio de 2024

"Vai chegar um dia em que o mundo vai perceber que era preciso apenas amar.
Simplesmente amar!"

Anastacia

segunda-feira, 20 de maio de 2024

"O mundo muda quando  dois se olham e se reconhecem ... amar ... é 
despir-se de nomes ....

Octavio Paz ... Prêmio Nobel de literatura  ... 1990

segunda-feira, 13 de maio de 2024

"Nunca me digas
que não posso fazer algo.
A mim, que dancei com dois corações
E respirei com quatro pulmões.
A mim, que fui gelo, 
fogo e vento.
Que levei
em meu ventre o peso de dois mundos,
e pari a vida aos gritos.
Que abracei a tristeza sem medo.
E chorei sorrisos.
Não me digas
que sou incapaz de algo.
Ou de tudo. "

Eva López Martínez
Só o amor concede
Eternidades.

Mia Couto
Silêncio

Quando me viam, parado e recatado, no meu invisível recanto, eu não estava pasmado. Estava desempenhado, de alma e corpo ocupados: tecia os delicados fios com que se fabrica a quietude. Eu era um afinador de silêncios.

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Mia Couto “Jesusalém /Antes de nascer o mundo"
#MiaCouto

quarta-feira, 8 de maio de 2024

"Paz é sossego de espírito, é brisa que beija o rosto da gente trazendo conforto e carinho. 
Paz é ter o coração livre de pesos, de dor, rancor e mágoa. 
Paz é uma tranquilidade solitária que brinca dentro da gente sem algazarra.
Paz é o abraço e o riso silencioso de Deus dizendo:
-Acalma a alma e serena tua mente. 
Porque eu estou aqui..."
_Rita Maidana

segunda-feira, 6 de maio de 2024

terça-feira, 23 de abril de 2024

🌸🪡🧵🌺 COSTURANDO A VIDA!  – Fica-te tão bem o dia que trazes. Onde é que o arranjaste? – Fui eu que fiz. Já me aborreciam os dias sempre iguais, sempre a mesma coisa, e resolvi arriscar um toque personalizado. – E como fizeste? – Aproveitei coisas que tinha e a que voltei a dar uso. Subi as bainhas da manhã para deixar entrar mais claridade e bordei uns pontos de exclamação nos bolsos para ter sempre à mão maneira de me espantar com a beleza da vida. Descosi velhos hábitos e teci algumas considerações importantes, como a de apanhar as malhas caídas dos dias com força de vontade e coragem. Depois, junto à fímbria da noite, deixei abertos uns rasgos de imaginação e prendi os sonhos com colchetes de luz à esperança num mundo melhor. (*Mia Couto*)
"A poesia é um modo de ver o mundo em outro mundo."
Mia Couto

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Aniversário é assim 
Onde quer que eu esteja
Vive a alegria dentro de mim. 

Paula
08/04/24
BODAS

Entreolham-se com um conhecido brilho no olhar, testemunhado por nós. 
Talvez o mesmo encantamento de 64 anos atrás:
Dois de namoro, dois de noivado, sessenta de casados.
'For now'.
Um encantamento, no entanto, mais cúmplice, mais vivido, mais maduro. 
Cumplicidade de tanta história... 
Admiro-os, quem não?
Exemplo vivo.
Bodas de amantes.
Diamante,
do bruto ao lapidado;
sempre a se lapidar, se reinventar.
Amor à vida,
ao novo.
Superações,  
abertura a mudanças. 
Acompanham os tempos, as novas circunstâncias.
Desejo de aprender, 
quer seja o espanhol, o pilates, diretrizes novas para a vida, qualidade, novos hábitos, ares novos.
Desejo de aprender a superar, e como!
Abrem-se à existência, apoiam-se, assim como apoiam as perninhas de um sobre as do outro. 
Bonito de se ver!
Puro carinho. 
Desejo até mesmo de aprender a lidar
com as novidades do comportamento de quem amam, de quem os ama, novas gerações. Formas contemporâneas de ser e estar no mundo.
Querem compreender e assim o fazem, com maestria.
Diferem de sua própria criação. 
Novos paradigmas, dogmas a menos, crescimento interior, espiritual. 
Admiráveis, simplesmente.
Dignos de amor, de respeito e de cuidados. 
Ao mesmo tempo, cheios de cuidados, de respeito e de amor.
Afeto.
Afetam-nos (que seria de nós sem eles?).
Repletos do amar.
Amar ao próximo,  
Amar um ao outro, 
Amar de amantes, 
Amor Diamante.
Que chovam bênçãos e alegrias!
Parabéns aos pombinhos!
Gratidão que se perpetua no tempo e no espaço, por exatamente tudo!
Temos mais é que celebrar e muito, muito o que aprender!
Um brinde ao Amor!

08/04/2024
Paula, sua filha.

domingo, 7 de abril de 2024

*Se você fica genuinamente feliz com a felicidade do outro;
*Se você consegue ouvir, na verdade 'escutar', um ponto de vista diferente do seu e entender que se pode interpretar a mesma coisa sob diversos ângulos sem que ninguém tenha que estar certo ou errado;
*Se você consegue respeitar o outro com suas próprias características e maneira de ser, sem querer mudá-lo para o que você 'acha' que ele deveria ser;
*Se você enfrenta o desafio diário de mudar a si mesmo reconhecendo a própria escuridão e a própria luz ao mesmo tempo e no final do dia pode dizer: "dei o melhor de mim";
*Se você tenta amar incondicionalmente sem fazer julgamentos;
*Se você consegue ser grato por exatamente tudo,
então você já compreendeu muito desta estadia terrena!
Sigo tentando...

Paula
07/04/2024

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Eu moro em mim.
Deixo sempre as janelas
entre-abertas pra sentir o sopro de raros afetos.
A porta? - só abro para poucos.
Todos os dias, eu percorro meus cômodos,corredores e contemplo a vida pela varanda.
Mas, as gavetas...
Ah... As gavetas?
Ainda não dá para abri-las.
Senão, acabo tendo que morar dentro delas ...
   ( Mario Quintana )

Mario Quintana, imagem da web

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Ter pressa é não saber chegar.
Vou devagar.
Vou devagar porque o que é sorte,
E o que é morte,
Não as busco, não as evito,
Vêm-me buscar.
Por isso vou sob o infinito
Sem me apressar.

Se eu for depressa, nunca chego.
Devagar, vou
Com o meu ser e com sossego:
Existo, estou.

18-9-1933
Fernando Pessoa

segunda-feira, 11 de março de 2024

"Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti..."

Mario Quintana

sábado, 9 de março de 2024

Poema Leilão de Jardim

"Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?

(Este é o meu leilão.)"

Cecília Meireles

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

"Quando a gente gosta, a gente começa emprestando um livro, depois um casaco, um guarda-chuva, até que somos mais emprestado do que devolvido. Gostar é não devolver, é se endividar de lembranças."

Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

🌸🪡🧵🌺 COSTURANDO A VIDA!  – Fica-te tão bem o dia que trazes. Onde é que o arranjaste? – Fui eu que fiz. Já me aborreciam os dias sempre iguais, sempre a mesma coisa, e resolvi arriscar um toque personalizado. – E como fizeste? – Aproveitei coisas que tinha e a que voltei a dar uso. Subi as bainhas da manhã para deixar entrar mais claridade e bordei uns pontos de exclamação nos bolsos para ter sempre à mão maneira de me espantar com a beleza da vida. Descosi velhos hábitos e teci algumas considerações importantes, como a de apanhar as malhas caídas dos dias com força de vontade e coragem. Depois, junto à fímbria da noite, deixei abertos uns rasgos de imaginação e prendi os sonhos com colchetes de luz à esperança num mundo melhor. (*Mia Couto*)

Costurando a vida! – Fica-te tão bem o dia que trazes. Onde é que o arranjaste? – Fui eu que fiz. Já me aborreciam os dias sempre iguais, se...