Estava agora mesmo assistindo a
uma série no Universal Channel. Um bombeiro havia doado sua medula óssea,
heroicamente e sem anestesia, para uma paciente que, sem ele, não teria sobrevivido; ambos se sentem
atraídos um pelo outro, e a moça pondera que ele a estaria vendo como uma pessoa
doente e que, na verdade, ela era aquela das fotos pregadas na parede do hospital, fotos de aventuras na natureza, etc. Ao que o tenente lhe responde que era assim que
ele a via, saudável e ativa.
Isso me fez pensar. No paradoxo
que tenho vivido entre doente, acamada, e saudável, ativa. Pensei em como me
veriam as pessoas. Mas a questão na verdade não é exatamente esta; é como me
vejo...
Depois de ter passado dois anos acamada e
dependente, me vi transitando entre aqueles dois estados, ativa e saudável,
doente e acamada. Aposentei-me devido à gravidade, mas também à variabilidade
do quadro. Tentei dar aulas de reforço para crianças na biblioteca da Igreja do
Carmo, assim como acompanhar a Diana, minha sobrinha, nos deveres de casa; missões
que não levei a cabo, também graças à instabilidade com que lido devido a
uma doença crônica.
Não deixo de sonhar e de fazer
planos, entretanto. Penso agora em algo que seja mais palpável, a que possa dar
seguimento.
Preciso me sentir útil e
produtiva. Não que não o seja. Em casa, quando estou melhor, são várias as minhas atividades;
coisinhas de dona de casa que não aparecem no dia a dia, mas que toda dona de
casa sabe do que estou falando. Sem preconceitos, todo dono de casa também.
Ainda assim, no entanto, muitas vezes me sinto inativa e é como se isto não
tivesse muito valor. Ora, quem dá o valor ou deixa de dar sou eu mesma, sei disso, não o outro.
Mas não tem sido tão simples, pelo menos para mim, lidar com estes altos e baixos.
Escrever me organiza e organiza
meus pensamentos, meus sentimentos. E sei que o que escrevo muitas vezes chega
até o outro como ajuda, inclusive. Trago isso como um tipo de missão, a de compartilhar as experiências.
Levando tudo isso em conta, e a esta pandemia que parece que ainda vai permanecer por muito mais tempo e mudar
nossas rotinas e relações de todas as formas, tracei planos novos pra mim.
Não, não sou a mesma que pousa nas
antigas fotos, aquela aventureira e inconsequente que se jogava de cabeça em
tudo. Continuo intensa, sim. Sensível e sentimental. Porém, sou outra.
Mais forte, talvez. Não sou uma doente, tampouco; posso até estar doente
algumas vezes, mas não quero me ver como doente – apesar de muitas vezes fazê-lo,
confesso. Quero correr atrás dos meus sonhos e viver a vida, que está aí me
chamando. E ela não espera. Sou, com a experiência, diferente hoje de tudo o
que já fui e vivi – e graças ao que já fui e vivi. No entanto, ainda tenho que me modificar, em muito - e assim desejo.
Meu amigo acabou de lançar um
livro, uma ficção, sobre sua própria vida. Era um, hoje é outro. Pensei também
sobre esta possibilidade (a de escrever um livro), depois de todos os desafios,
incentivos e dúvidas com que ele me obrigou a me deparar.
Acho, então, que os planos podem
ser estes: quem sabe, escrever um livro; certamente, fazer o curso de Letras EAD
(à distância), com duração de 4 anos, e me arriscar em uma nova carreira, a de
revisora de textos - coisa que muito prazer me traria, além de alguma ajuda
para o nosso sustento. E a sensação de estar ativa, ser útil, produtiva e
exercitar a mente, coisa importantíssima, a meu ver.
Conto com 53 primaveras e
pretendo dar uma guinada na vida; reiniciar meus “motores”. Tem muita estrada pela frente!
Para escrever uma autobiografia,
há que se ter colhões. Assim como para viver. Ou não é verdade? Temos que ser e
assumir o que somos, o que fomos e sentimos, sob pena de não sermos felizes;
daí, que sentido faria? O sentido é evoluir, mudar, aprender, amar; errar, cair
e se levantar novamente, mais forte. É encontrar o caminho da felicidade que,
sem dúvida, passa pelo autoconhecimento e pelo que de divino existe em nós.
Passa pela esperança e pelos sonhos. Pelo compartilhar. E pelos afetos, claro.
Que venham, então!!
Paula Mendes
18/07/2020
Virei assinante on-line instântaneo. Muito bom e vc sabe, amo esta palavra: "conjecturando"! Bjos e sucesso de sempre.
ResponderExcluirTambém amo está palavra. E a vc também!!
ResponderExcluirMaravilhoso como tudo que escreve, faz e é. Doida para comprar esse livro é pegar um autógrafo da minha 🌷 mais linda e perfumosa. ❤
ResponderExcluirMaravilhoso como tudo que escreve, faz e é. Doida para comprar esse livro é pegar um autógrafo da minha 🌷 mais linda e perfumosa. ❤
ResponderExcluirKkkk vai demorar um pouco, mas sai!!!
ExcluirVou ler também. Vai ter muita lição para nos dar. Aguardo. Sucesso.
ResponderExcluirQue bom!! Obrigada!!
ExcluirMas quem escreveu?? Kkk