Ainda impactada pela notícia, não quero deixar de registrar e manifestar meu sentimento diante da passagem de meu mentor e professor de Homeopatia, ANTÔNIO CARLOS GONÇALVES DA CRUZ. Repentinamente, entendi o significado da frase “Meus sentimentos”, frase que todos balbuciamos diante do falecimento de alguém que de alguma fez parte de nossas vidas ou da vida de alguém por quem nutrimos afeto. Do ponto de vista das Letras, é uma frase e não uma oração, pela ausência do verbo; do nosso ponto de vista, não deixa de ser uma “oração”, posto que desejamos o bem àquele a quem a dirigimos. É como um “Esteja com Deus, em paz, tenha força, estamos juntos, conte comigo e que Deus receba aquele que passou desta para melhor em Seus braços misericordiosos”. Tudo se traduz em duas palavras: “Meus sentimentos”, sinto muito.
Pois assim é que é: realmente sinto
muitíssimo!
Tive o prazer e o privilégio de
conviver com o ‘Toninho’ por vários anos, de forma próxima, por horas diárias.
Trazia a Homeopatia nas veias. Defensor ferrenho, estudioso e conhecedor do
assunto, era uma figura controversa, radical, que nem sempre foi compreendida por seus pares. Não tinha papas na língua. Dizia o que tinha a dizer, aquilo que
pensava. Com a inteligência fora da curva, ensinava aquilo que nem sempre
podíamos entender, mas fazia questão de transmitir à próxima e à próxima
geração de profissionais. Tivemos nossos desencontros; nem por isso chegamos a
nos distanciar, à época. Tinha o coração enorme, acima de tudo.
Algum tempo depois me distanciei
da Homeopatia, para estudar Psiquiatria e em um momento posterior juntar as
duas especialidades como complementares uma da outra. Mas isso não vem ao caso.
Toninho tinha toda a minha
admiração e respeito, também o respeito dos colegas daqui e do nosso país, como
também de outros da América Latina.
Adquiriu uma diabetes grave,
deixou de enxergar, mas nem por isso parou de clinicar e estudar. Imagino que
foi acompanhado pela Mônica, a “Doutora”, como a chamava carinhosamente, até
seu último suspiro. Com amor e dedicação.
Com Toninho pude aprender muito,
mas muito mais do que Homeopatia. Lições de vida, de valores, de princípios.
Ouso dizer que ele poderia ter
sido uma segunda versão do próprio Hahnemann, dada a pureza e profundidade com
que tratava e conhecia a matéria, a Materia Medica, a Filosofia Homeopática, as
idiossincrasias, a patogenesia e tudo o mais.
Enfim, deixo aqui, triste e
saudosa, os “Meus sentimentos”, minha eterna admiração, e sigo com tudo aquilo
que pude apreender não só com a mente, mas principalmente com o coração.
Vá em paz, Toninho. Muito grata
por tudo!
Paula Mendes
28/05/22
